Populismo na Veia na Política Fiscal

 | 21.10.2021 08:00

As incertezas sobre o Auxílio Brasil guiaram os mercados ao longo desta quarta-feira e nem o anúncio à tarde serviu para amenizar o quadro. Isso porque não foi explicado de onde devem vir os recursos para bancarem os R$ 400 deste auxílio. Ao fim do pregão, Paulo Guedes falou que parte dos recursos são transitórios e não descartou um waiver, para não cumprir o teto e adotar o programa social.

 Isso tudo acabou afetando o mercado de DI, em volatilidade, no futuro com as taxas médias e longas em boa inclinação, embora distante do pico de 10 pontos ocorrido ao longo do dia. Por outro lado, bolsa de valores e dólar operaram em “leve otimismo”, depois da queda do dia anterior, refletindo o exterior. O Ibovespa flertou com os 112 mil pontos, para fechar o dia a 110.786 pontos (+0,10%) e o dólar, em queda de 0,59%, a R$ 5,5608. No exterior, o Livro Bege veio moderado, deixado de lado pelos bons resultados corporativos em foco. O Dow Jones avançou 0,43% e o S&P 500 0,37%.   

Nesta quinta-feira, estejamos atentos aos indicadores externos, como os Indicadores Antecedentes da Economia Americana, pelo Conference Board, o Índice de Atividade Industrial do Fed da Filadelfia, Vendas de Casas Usadas e os pedidos de seguro desemprego nos EUA. No Brasil, a repercussão do anúncio do Auxílio Brasil e as negociações em torno da PEC dos precatórios devem chamar atenção.

Sobre o Auxílio Brasil, o ministro da Cidadania, João Roma anunciou o Auxílio Brasil de R$ 400, mas com o uso de Auxílio Emergencial temporário para complementar o valor total. Este auxílio começa a ser pago em novembro. Em complemento, Paulo Guedes estuda antecipar a revisão do teto para 2026, para tentar obter recursos permanentes a este subsídio social. Outra alternativa é pedir um waiver, uma licença, para gastar cerca de R$ 30 bilhões com “camadas temporárias de proteção”. O Instituto Fiscal Independente do Senado, na liderança de Felipe Salto, já se mostra preocupado com isso, por achar que toda esta “engenharia fiscal” deve abalar a regra fiscal sobre o teto dos gastos.

h2 O que é fato/h2

Ao autorizar o Auxílio Brasil, governo reconhece que terá que dar um drible no teto dos gastos, mas sempre pensando nas suas chances políticas para 2022, cada vez mais duvidosas.

Em paralelo, temos o relatório final da CPI da Covid, embora não reconhecendo Bolsonaro como genocida, mas colocando-o como incompetente na gestão da pandemia, adiando na compra de vacinas, até chamando-o de charlatão. Outros foram inclusos. Agora, o relatório será votado pela comissão, depois indo para as autoridades judiciárias tomarem as devidas providências.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Neste clima, o governo busca a aprovação de um crédito suplementar de R$ 93,4 bilhões para este ano, não mais R$ 164 bilhões como antes aventado. Esta liberação de recursos é necessária para o pagamento de despesas neste ano, sem o descumprimento da regra de ouro, que proíbe endividamento da União.

No mercado cambial, o Bacen segue realizando swaps extras de rolagem. Nesta quinta-feira realiza um leilão de 15.000 contratos de swap (US$ 750 milhões) em rolagem das 11h30 às 11h40. Em paralelo, o que se tem é que na próxima reunião do Copom, a Selic deve ser elevada em mais de 1 ponto percentual, talvez 1,25 ponto, diante das turbulências políticas. Nos futuros, já há apostas de Selic acima de 10% ao fim deste ano e no transcorrer do próximo. Tudo para ancorar as expectativas e trazer a inflação para próxima do centro da meta de inflação.