Por que a crise bancária americana de 2008 não é como a de 2023?

 | 14.03.2023 12:52

  • Quebra do SVB (NASDAQ:SIVB) se deve à alta de juros e a problemas de liquidez;
  • Apesar da falência, a situação atual é diferente da vivida em 2008, diante da menor alavancagem dos bancos, dos investimentos mais seguros e do suporte do Fed.
  • Isso garante que a crise de um banco não se torne um risco sistêmico.
  • Na análise de hoje, como é possível depreender do título, tentarei explicar, da forma mais simples possível, porque a crise do subprime e a falência do Lehman em 2008 são bastante diferentes do atual imbróglio envolvendo o SVB Financial Group.

    h2 Por que o SVB quebrou?/h2

    No período pós-pandemia (fim de 2020 e 2021 em termos de mercado), a liquidez fluía sem muitas amarras, graças aos programas de estímulo dos governos e às políticas extremamente acomodatícias dos bancos centrais. Os preços dos ativos tendem a inflar (e vice-versa) quando há tanta liquidez disponível.

    Portanto, um banco como o SVB, que tinha as startups do Vale do Silício como seus principais clientes, recebeu uma inundação de recursos, principalmente na forma de depósitos dos seus clientes. Esse dinheiro representa um passivo para o banco, afinal, o dinheiro pertence aos clientes. O que o banco fez com esse dinheiro?

    Ele o investiu em títulos do governo dos EUA, um dos investimentos mais seguros do mundo. Como os juros naquela época eram muito baixos, o dinheiro dos clientes não rendia nada ao ficar depositado no banco.

    Por outro lado, o SVB, ao investir esses recursos justamente nos papéis do governo americano, poderia ter um retorno de mais de 1%.

    Mas qual foi o problema? A partir de 2022, o banco central dos EUA (o Fed) deu início a uma das mais rápidas e vigorosas elevações de juros da história para combater a inflação, fazendo as taxas saírem de 0,25% para 4,75% em apenas um ano.