Por Que Economia Circular Não é Mais um Jargão da Moda?

 | 11.02.2022 10:07

A temática da sustentabilidade tem estado presente nas agendas das organizações nos últimos anos e a primeira associação que normalmente fazemos com o tema diz respeito a questões ambientais, tais como aquecimento global, efeito estufa etc. Se, por um lado, esses assuntos chamam a atenção para problemas graves, por outro, percebe-se que, em alguns casos, ações organizacionais concretas e efetivas são pouco notadas – opta-se por se fazer o mínimo necessário para garantir um bom relatório de sustentabilidade. Eu dividiria esta problemática em quatro partes:

  1. Qual é o legítimo interesse das autoridades governamentais em realizar ações que geram impacto global positivo, porém com pouca efetividade local?

Tomemos, como exemplo, um país minúsculo na Europa, com zero espaço para seu próprio lixo e dependente em quase sua totalidade de importação de matéria prima do exterior para se manter como economia de primeiro mundo. Ações relacionadas a redução de resíduos e reaproveitamento de materiais são certamente parte da agenda desse país, mas muito mais como estratégia de sobrevivência da nação do que uma preocupação com o planeta (embora os resultados de ações gerem impactos positivos de um jeito ou de outro).

Vamos agora ao extremo oposto: um país de dimensões continentais na América Latina com espaço de sobra e abundância de recursos naturais. Será que esse país irá tratar do tema com o mesmo grau de importância ou há outras temáticas de maior prioridade?

  1. Que retorno de longo prazo, investimentos significativos em sustentabilidade podem trazer para as organizações?

Ainda é difícil para as organizações medirem na forma de Business Case o retorno que programas de sustentabilidade podem lhe trazer. Divulgação e presença em alguns índices ajudam, mas não necessariamente se sustentam no longo prazo.

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  1. Será que, apesar de importante, somente a questão ambiental deveria ser avaliada pelos núcleos de Sustentabilidade das organizações?

A sigla ESG já contribui com a necessidade de uma visão mais ampla da temática da sustentabilidade, embora seja algo ainda em desenvolvimento. Para que assuntos como esse estejam disputando espaço na agenda de conselhos de administração de igual para igual, com temas mais centrados em finanças, o lado econômico também precisa estar presente, como sugere o conceito “aninhado” da sustentabilidade, proposto por David Griggs em 2013: a economia existe para servir as necessidades da sociedade, mas que, por sua vez, precisa proteger o que sustenta nossa vida no planeta (meio ambiente).

  1. Os modelos e processos de negócio / industriais tradicionais não foram concebidos com o pensamento sustentável em mente.

A consequência mais imediata disso é a constatação de termos algumas organizações realizando campanhas e outros tipos de ações pouco efetivas, mas que não resolvem suas questões na causa-raiz (que acarretariam altos investimentos e pouca visibilidade de benefícios concretos no curto-médio prazos).

A Economia Circular (EC) vem para reduzir essas preocupações e auxiliar as organizações a transformarem seus negócios nos aspectos social e ambiental, mas mantendo o foco também no aspecto econômico. Um dos segredos reside na concepção de modelos de negócio onde a preocupação com lixo e resíduos já comece a ocorrer desde o início e que o foco mude de “o que fazer com os meus resíduos” para “como posso criar um produto ou serviço que minimize a geração de resíduos”. Uma conceituação mais completa sobre EC pode ser encontrada publicações anteriores . O framework abaixo apresenta cientificamente o conceito de EC: