Bruce Barbosa | 07.02.2023 18:28
Desde a última sexta-feira, 3, o meu WhatsApp tem piscado furiosamente com a mesma notícia.
E os juros futuros, que vinham em uma tendência baixista, tomaram outro rumo.
Todo o mercado está tentando entender os motivos do novo presidente comprar uma guerra com o Banco Central (BC).
E quais serão os impactos dessa guerra para o futuro do país.
O objetivo do presidente Lula e seu time seria de jogar no governo anterior o ônus de uma Selic que saiu de 2% e subiu até 13,75% ao ano.
Faz sentido. Afinal, na ânsia de ganhar as eleições, o último governo promoveu aumento forte de gastos em um ambiente de inflação global subindo.
O Banco Central apenas utilizou sua única ferramenta de combate à inflação – subiu os juros até controlar a inflação e colocá-la em trajetória que atinja a meta no "horizonte relevante".
Apesar de toda a retórica política, a culpa dos juros altos do Brasil é dos nossos próprios governantes.
O Banco Central tem apenas o dever de segurar a inflação, e a inflação brasileira (IPCA) está acima da meta de 3,25%.
É simples: mais gastos pela população (e governo) puxam a inflação para cima. O BC sobe os juros para reduzir o quanto as pessoas gastam e baixar a inflação.
E, com a alta dos juros desde julho de 2021, o BC vem conseguindo trazer a inflação de volta para a meta.
A população vem gastando menos (o PIB cresce menos), mas os gastos do governo só aumentam – o BC não tem escolha, precisa subir juros para segurar a inflação.
Se fosse verdade, a Argentina e a Venezuela seriam os países que mais crescem no mundo.
Mas não são. A inflação tira a capacidade dos investidores de se planejar, eles investem menos e a economia cresce menos.
Os países que mais crescem no mundo (China, Índia, EUA) têm inflação sob controle.
Se nosso BC não sobe os juros para segurar nossa inflação, o real perde força e o impacto é no dólar – as pessoas fogem para a moeda forte.
Aconteceu no Brasil quando a Dilma baixou os juros "na marra" (Tombini no BC), aconteceu na Argentina recentemente.
Muitos analistas dirão que as ações são resistentes à inflação pois conseguem elevar preços e resultados em um ambiente de preços em alta.
Mas com a inflação alta e economia no buraco, as empresas, obviamente, têm resultados e cotações prejudicados.
A melhor forma de proteger seu capital será mesmo investir em dólares nos EUA (onde a inflação é baixa).
O índice Merval possui apenas 23 empresas (86 empresas no IBOV) e uma alta concentração em commodities e bancos (igual ao IBOV, com 30% commodities e 30% bancos).
Exportadoras e bancos parecem conseguir resistir bem a juros altíssimos e economia em crise.
Sim, mas olhando o gráfico acima, seria MUITO melhor investir nos EUA.
Exportadoras conseguem contratar empréstimos em dólar (sua receita é em dólar), e seu mercado, por definição, não depende da economia de seu país de origem.
Bancos, apesar de uma grande fragilidade com a inadimplência, conseguem repassar juros mais altos facilmente em novos empréstimos.
Mas é hora de termos muito cuidado com nosso patrimônio. É hora de extrema cautela.
Os juros são tão altos no Brasil que dominam a economia e a bolsa. O Ibovespa só sobe de forma consistente quando os juros caem.
O IBOV não sobe desde o fim de 2019, antes (do forte aumento de gastos) da pandemia.
E, com o governo gastando mais e atacando o Banco Central, não temos um ambiente em que os juros possam cair no futuro próximo.
/h2
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