Precatórios em Impasse

 | 16.09.2021 08:55

Nos EUA, vendas de varejo mais fracas e aumento dos pedidos de seguro desemprego, ambos às 9h00, são um importante balizador em NY sobre a questão da “estagnação da economia”. No Brasil, além do risco de crescimento mais baixo, ainda temos a inflação mais elevada e o risco fiscal com os precatórios. Nesta quarta-feira, “o pedido de socorro de Paulo Guedes ao STF” parece não ter sido bem absorvido pelo mercado. O problema é que a resposta de Luiz Fux, de que não poderia “colocar no colo, um filho que não era dele”, acabou pior do que o soneto.

Precatórios são dívidas judiciais que podem “estourar” no colo do governo à qualquer momento, tendo ocorrido seu vencimento no mais crítico, na atual pandemia . Não diria que seja culpa do presidente Bolsonaro, ou do seu ministro da Economia, Paulo Guedes, mas esta programação financeira já era para estar sendo antecipada.

Luiz Fux vem adotando um tom conciliatório, ainda que irônico, em relação ao acordo entre STF, TCU, STJ e Economia, no esforço para o parcelamento desta dívida de R$ 89,1 bilhões. Por outro lado, manter as negociações no âmbito do Judiciário, não passando pelo Congresso, não parece ser o que mais lhe agrade. No momento, sair deste impasse é o que mais interessa ao governo, na busca por recursos para liberar o “Auxílio Brasil”, na visão de muitos, principal viabilizador para a reeleição do presidente Bolsonaro.

Em entrevista nesta quarta-feira à uma rádio de São Paulo, Guedes voltou a falar do dólar acima do “valor justo”, “bastando o barulho político baixar, para a moeda se acalmar”. Acha que a inflação está no pior momento e que “o BACEN está subindo o juro gradualmente”. A meta é de que, ao fim de 2022, a inflação esteja próxima a 4%. Por enquanto, em 12 meses, pelo IPCA, já passa dos 9,5%. Sobre a questão fiscal, pediu colaboração do STF no impasse do precatório (ver acima).

Nós vamos acompanhando o esforço hercúleo da equipe econômica em manter uma agenda, no mínimo razoável, mesmo com todas as cascas de banana deixadas pelo caminho. Não resta dúvida de que Bolsonaro, a cada declaração, uma “fofoca” mal explorada por esta imprensa, que mais se parece com “jornalismo sensacionalista de secos e molhados”, tal a necessidade de superdimensionar fatos corriqueiros. Tudo bem. Bolsonaro, parando neste “cercadinho” do Planalto, não colabora muito, mas é papel da imprensa “separar o joio do trigo”. O que é relevante, o que não é. Não é o que tem feito. Tudo vira escândalo nacional.

No Congresso, ainda na CCJ, o parecer da PEC da Reforma administrativa, do relator Arthur Maia, segue “ajustado”, mas preocupando a agradar os servidores públicos. Desta vez, foi retirada a proposta de corte de 25% nos salários dos servidores, pela redução proporcional de jornada de trabalho. Lembremos que o setor privado teve redução de salário por redução de carga de trabalho, o mesmo não acontecendo com os servidores públicos, como sempre, mais mobilizados pelos seus sindicatos. Pouco vai parecendo realmente, uma reforma administrativa. Cortar na carne nos servidores? Nem pensar! Afinal, eles são também eleitores.

Este parecer também deve prever a integralidade e paridade para as aposentadorias de policiais civis e federais, que ingressaram na carreira até a reforma da Previdência. Continuará também sustentando a “estabilidade dos servidores”, numa primeira análise, um ponto nevrálgico da reforma. Daí surge a indagação. Afinal, para que servirá esta reforma, se nada de relevante será aprovado? A votação em Comissão acontece nesta quinta-feira.

Nos EUA, a produção industrial veio em alta de 0,4% em agosto, contra 0,8% em julho. Já as vendas da indústria avançaram 0,2%, contra 1,6% em julho. Claramente, a atividade segue perdendo tração.

No Brasil, o IBC-Br veio em alta de 0,6% em julho contra junho. Na comparação anual, este índice registrou avanço de 5,5% e em 12 meses, de 3,2%. No acumulado ao ano, o IBC-Br avançou 6,8%.

Mercados/h2

Na quarta-feira, a indefinição sobre os precatórios, com Fux e Guedes se digladiando, bem como dúvidas sobre o teto de gastos, somados à aceleração da inflação, levaram o Ibovespa a se descolar de NY mais uma vez. Ao fim do dia, fechou em queda de 0,96%, a 115.741 pontos, com giro financeiro de R$ 46,3 bilhões, turbinado pelo vencimento de opções sobre índices. Já o dólar fechou em queda ante o real, de 0,41%, a R$ 5,242. A Petrobras (SA:PETR4) até reagiu (+1,3%), pela alta do barril de petróleo, mas o mergulho do minério de ferro, pelos dados fracos da China, acabou derrubando a Vale (SA:VALE3) (-2,3%).

Nesta madrugada (05h05), dia 16/09, na Ásia, os mercados operaram na maioria em queda. Nikkei recuando 0,62%, a 30.323 pontos; KOSPI, na Coréia do Sul, -0,74%, a 3.130 pontos; Shanghai Composite, -1,34%, a 3.607 pontos, e Hang Seng, -1,49%, a 24.659 pontos.

Nesta madrugada do dia 16/09, na Europa (04h05), nos futuros os mercados operavam em alta. DAX (Alemanha) avançando 0,47%, a 15.688 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), +0,34%, a 7.040 pontos; CAC 40 (França), +0,62%, a 6.624 pontos, e Euro Stoxx 50 +0,62%, a 4.171 pontos.

Nos EUA, as bolsas de NY no mercado futuro, operavam às 05h05, dia 16/09, da seguinte forma: Dow Jones recuando 0,09%, a 34.786 pontos, S&P 500, -0,04%, a 4.479 pontos, e Nasdaq -0,03%, a 15.499 pontos. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 0,09%, a 0,2132, US 10Y +0,38%, a 1,309 e US 30Y, +0,30%, a 1,875. No DXY, o dólar avançava 0,13%, a 92,650. Petróleo WTI, a US$ 72,62 (+0,01%) e Petróleo Brent US$ 75,49 (+0,04%).

Na agenda de quinta-feira, o destaque no Brasil fica para o IGP-10 de setembro, mostrando deflação em torno de 0,5%, depois de 1,18% em agosto. Nos EUA, temos os pedidos de seguro-desemprego, as vendas de varejo de agosto, caindo menos do que em julho, e a Sondagem Industrial no Fed Filadélfia. Na Zona do Euro, a balança comercial de julho.

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