Presente do Irã Após Ataques à Arábia Saudita: Oposição de Trump a uma Guerra

 | 20.09.2019 10:53

A propensão de Donald Trump de dizer uma coisa e deixar seu governo fazer outra tem sido um presente para o Irã depois do ataque à Arábia Saudita, já que o presidente dos EUA garantiu a Teerã que não realizaria qualquer ação militar, apesar das demandas de alguns oficiais na Casa Branca.

Logo após o histórico ataque da última semana à infraestrutura petrolífera da Arábia Saudita, Trump deu a entender que o Irã era o principal suspeito. Mas também deixou claro que não queria entrar em guerra com a República Islâmica.

Teerã está se aferrando a essa posição do presidente norte-americano, enquanto Mike Pompeo, Secretário de Estado dos EUA, busca apoio internacional para punir o Irã pelo ataque.

Malicioso, Irã Coloca Pompeo contra Trump

A malícia do Irã ficou patente na quinta-feira, quando o Ministro de Relações Exteriores, Javad Zarif, tentou promover a discórdia entre Pompeo e Trump, descrevendo o secretário de estado como parte de um grupo de desertores na Casa Branca, cuja intenção era instigar o presidente a entrar em uma guerra que ele não precisava.

Por um momento, foi possível quase que desculpar Zarif por soar como um aliado de Trump, que estava ajudando o presidente a se precaver contra inimigos em seu próprio gabinete.

Embora não tenha feito menção a qualquer outro nome, Zarif deu a impressão de estar citando o grupo de desertores que era liderado pelo ex-assessor de segurança nacional de Trump: John Bolton. O presidente demitiu Bolton no início deste mês, depois de discordar com a maioria das suas recomendações que incitavam uma batalha contra o Irã.

Crise saudita estranhamente aproxima Trump e Irã

Por mais absurdo que possa parecer qualquer companheirismo verdadeiro entre eles, a aversão de Trump a uma guerra estranhamente fez com que ele se tornasse a melhor esperança do Irã na atual crise envolvendo a Arábia Saudita. A verdade é que, enquanto a vontade dos sauditas é extinguir seu pior inimigo da face da terra, Trump quer mantê-los vivos.

Desde que o presidente suspendeu um ataque de mísseis contra o Irã em junho, ao perceber que seria uma resposta desproporcional à derrubada de um drone norte-americano por Teerã, as autoridades da República Islâmica descobriram que Trump se tornava cada vez mais previsível.

Alguns dias antes do ataque de 14 de setembro contra a Arábia Saudita, Trump estava tentando convencer o Irã a se sentar à mesa de negociação para que as sanções ao país pudessem ser suspensas, enquanto se planejava um novo acordo nuclear entre ambos. O resto do seu governo, enquanto isso, se dedicada à campanha de infligir o “máximo de dor” ao Irã através das sanções, outra política à qual Trump recorre sempre que a diplomacia com Teerã falha.