Ellen R. Wald, Ph.D. | 06.12.2018 07:35
Artigo publicado originalmente em inglês no dia 06/12/2018
Os ministros do petróleo se reunirão hoje em Viena, Áustria, para as reuniões semestrais da Opep e Opep+. Os países exportadores de petróleo devem discutir um possível corte de produção para o próximo ano. Aparentemente existe um consenso para um corte, mas os números exatos ainda estão em negociação, variando entre 1 milhão de barris por dia (bpd) a 1,3 milhão bpd.
Breve recapitulação
Em novembro de 2016, a Opep decidiu que exigiria cortes de todos os membros – inclusive da Rússia e de qualquer outro país exportador de petróleo não membro do cartel que quisesse participar do plano – totalizando 1,8 milhão de barris por dia. Os preços do petróleo estavam reagindo lentamente, mas, com o tempo, houve uma redução do petróleo armazenado, e a oferta e a demanda começaram a convergir. A implementação nem sempre foi perfeita. A Arábia Saudita cortou mais do que sua alocação previa, enquanto o Iraque e o Cazaquistão reduziram levemente a produção, mas sem alcançar o nível estabelecido por suas alocações. Outros produtores, no entanto, compensaram o excesso de produção com quedas naturais. A produção da Venezuela, Angola e agora Irã caiu involuntariamente. Somente as reduções da Venezuela e Iran retiraram 1,3 milhão bpd do mercado.
Na reunião da Opep e Opep+ de maio de 2018, o grupo decidiu manter o teto da sua produção geral, mas incentivou os produtores com capacidade ociosa a exceder suas alocações a fim de garantir que o mercado estivesse bem abastecido quando as novas sanções ao petróleo iraniano entrassem em vigor em novembro. Os preços do petróleo subiram durante todo o verão e atingiram uma máxima no início de outubro, com o Brent alcançando um pouco mais de US$ 85 por barril.
Desde então, os preços do petróleo caíram significativamente, com o Brent ficando um pouco acima de US$ 62 por barril. Isso se deveu a uma confluência de fatores, como o aumento da oferta nos EUA, bancos de investimento encerrando posições compradas, tuítes do presidente norte-americano, Donald Trump, isenções de última hora às exportações petrolíferas do Irã e maior produção de determinados membros da Opep. A Arábia Saudita produziu algo em torno de 11,2 milhões bpd no mês de novembro (de acordo com a Platts), uma quantidade muito superior à sua alocação de 10,06 milhões bpd.
h3 Posições da Opep/h3Isso nos traz à reunião desta semana, em que o comitê técnico recomendou que o grupo cortasse 1,3 milhão bpd da produção. Apesar dos preços baixos, é possível garantir qualquer coisa, menos consenso. Abaixo está uma lista das diversas posições dos países.
Enquanto isso, nem o Canadá nem os Estados Unidos estão envolvidos na Opep ou Opep+, mas ambos os países fizeram com que sua presença fosse sentida em Viena. A tuíte enquanto os ministros do petróleo da Arábia Saudita e da Rússia se reuniam em privado. Ele reiterou seu desejo de preços baixos para o petróleo ao declarar:
“Espero que a Opep mantenha os fluxos de petróleo como estão, sem restrição. O mundo não precisa nem quer ver preços mais altos para o petróleo!”
Entretanto, a real presença americana na reunião da Opep veio na pessoa do Representante Especial para o Irã, Brian Hook. Hook teria se reunido com o ministro do petróleo da Arábia Saudita na quarta-feira, provavelmente para discutir as sanções ao Irã. A quantidade de petróleo que as sanções retirarão do mercado e o prazo dessas imposições são fatores importantes nos cálculos da Opep. O ministro do petróleo iraniano ainda não havia chegado a Viena no momento dessa reunião.
Além da Opep, os analistas de mercado também devem voltar suas atenções às previsões semanais de petróleo da EIA, que serão divulgadas hoje.
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