Privatizar ou Não? O Que Eletrobras e Outras Desestatizações Nos Ensinam

 | 19.06.2022 10:54

Nos últimos dias, os novos ativos da Eletrobras (SA:ELET3), agora privatizada, começaram a ser negociados na bolsa de valores. Longe de querer discutir a performance das ações, a minha ideia no artigo de hoje é lançar discussão sobre o tema “privatizações”. Afinal de contas, o que Telebrás (SA:TELB3; TELB4), Vale (SA:VALE3) e agora Eletrobras nos dizem sobre o tema? “É bom para quem?”, é a pergunta que nos fazem. 

Para responder, é importante traçar o motivo pelo qual essas empresas são concedidas para a iniciativa privada. E o principal deles é a questão da governança. Já se tornou clichê dizer que as estatais são cabides de emprego para maus políticos. De fato, isto ocorre. 

Porém, mais do que isso. De um modo geral, as empresas geridas pelo governo são ineficientes e, por vezes, acabam deixando de fazer investimentos importantes dentro de suas áreas de atuação, o que, necessariamente, resulta em serviços ruins e caros. 

O sistema Telebrás pode ser um exemplo do que eu digo. Em 1998, quando o sistema foi desestatizado, existiam pouco mais de 22 milhões de linhas telefônicas no Brasil. Após a transferência da gestão, o número de usuários cresceu, na média, 20 milhões por ano. 

Os investimentos realizados pela companhia também saltaram de R$2,4 bilhões para mais de R$15 bilhões por ano. Isto sem falar nos custos de instalação de uma linha, que na época chegava a US$1 mil e hoje é oferecida de forma quase gratuita em combos promocionais. 

O valor arrecadado pelo Estado também dobrou em relação ao lucro antes obtido com a companhia. A compensação ocorreu via o pagamento de impostos na área de telefonia. De forma resumida, a mudança na gestão favoreceu três lados importantes dessa questão: Estado, investidores e consumidores. 

O mesmo pode ser dito da Vale, ainda que os efeitos não sejam sentidos de forma prática e rápida no bolso dos consumidores. A questão é que em 1997, ano no qual a empresa foi concedida à iniciativa privada, o lucro era de mais ou menos US$325 milhões. Em 2003, poucos anos depois da mudança, ele saltou para mais de US$1 bilhão. 

Os ganhos de produtividade também foram enormes e os resultados permitiram que a companhia dobrasse o quadro de funcionários em um curto espaço de tempo. Em 1997 ela saiu de 17 mil pessoas para a casa das 30 mil em meados de 2003. 

Em ambos os casos, tivemos experiências interessantes com as privatizações, porém, de lá para cá, já são quase 20 anos sem que nenhuma outra fosse aprovada. Por outro lado, é quase impossível prever quais serão os resultados com a mudança na gestão da Eletrobras. 

Contudo, o estudo inicial da proposta mostrava uma companhia capaz de gerar cerca de R$10 bilhões em investimentos todos os anos. E, sem dúvidas, isso se traduziria em mais empregos e renda para a população. 

Além disso, o Brasil tem utilizado uma quantidade de energia de termelétricas a óleo muito maior do que o previsto. Agora, com o projeto aprovado, abre-se a possibilidade para que este serviço seja substituído por outro que se vale de equipamentos mais modernos e eficientes. A tarifa, neste sentido, tende a sofrer menos com os custos de produção. 

Aqui, vale destacar que este artigo não tem como objetivo defender lado político A ou B. A ideia, por outro lado, é lançar uma discussão objetiva sobre o tema, muitas vezes alvo de críticas distorcidas. 

Até aqui, já foram transferidos mais de R$230 bilhões em ativos ao setor privado e os dividendos recebidos pela União somaram mais de R$97 bilhões em 2021, acréscimo de mais de 700% em relação ao início do governo, em 2018. 

Eram mais de 200 estatais e hoje estamos em 133. Bom ou ruim, do lado do mercado, este movimento é visto como positivo e contribui para uma economia mais dinâmica e aberta. 

O que temos visto é que o crédito privado superou o público no ano passado justamente por uma postura que prefere ter a iniciativa privada na liderança dos investimentos ao invés de intervenções. Se isso vai continuar? Difícil dizer, mas seria interessante não esperarmos novamente quase 20 anos para ver a economia no trilho certo. Pense nisso!

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