Projeções Divergentes Para Safra 2022/2023 Geram Especulação no Mercado do Café

 | 01.04.2022 12:00

Na quarta-feira (23), o banco holandês Rabobank divulgou uma nova projeção para a safra 22/23 de café no Brasil. De acordo com a estimativa, a produção total deve ser de 64,5 milhões de sacas de 60 kg.

O valor divulgado sofreu uma redução desde a publicação da estimativa anterior, que era ainda maior, próximo à casa de 66,5 milhões de sacas. A nova previsão estima que a produção de café arábica deva ser de 41,4 milhões de sacas, enquanto a do café Conilon deve atingir 23,1 milhões de sacas.

Os dados informados pelo Rabobank divergem do balanço divulgado em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo a estatal, a projeção para a safra deste ano é de 55,7 milhões de sacas de 60kg, diferença de 8,8 milhões de sacas.

De acordo com o levantamento da Conab, a produção do café arábica está estimada em 38,7 milhões de sacas. Já para o Conilon, a expectativa é de que haja recorde nos números da colheita, com cerca de 17 milhões de sacas.  

Para o Conselho Nacional de Café (CNC) a divergência de estimativas é negativa para o setor, pois gera especulação nos preços na Bolsa de Nova York (ICE Future US). A precificação da comodity é definida, principalmente, pela regra de oferta e demanda do produto no mercado.

Na safra 21/22, a oferta do grão foi prejudicada pelas questões climáticas que atingiram as lavouras no ano passado, com períodos de longa estiagem e geadas severas que atrapalharam a produtividade dos cafezais. Os custos de produção também sofreram aumentos significativos e subsequentes, tendo os preços de insumos, combustíveis e energia elétrica, alto impacto na renda do produtor. Outro problema que ainda persiste é quanto ao escoamento dos cafés, já que a logística de distribuição continua afetada nos portos mundiais.

O preço do dólar também influencia. A queda atual da moeda americana traz reflexos na cadeia cafeeira, uma vez que alguns produtos essenciais para a produção do café, como os fertilizantes e defensivos agrícolas, foram adquiridos em momento de alta do dólar. Os cafeicultores podem ter que vender seus cafés com a cotação da moeda em baixa. 

O presidente do CNC, Silas Brasileiro, ponderou que os altos custos de produção têm gerado preocupação e incertezas no setor. “Hoje, com os custos elevados dos insumos para manutenção das lavouras, salários e encargos, vivemos o dia a dia de um mercado altamente especulativo com uma oscilação de preços que podem não cobrir os custos de produção”, declarou.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Estimativas podem prejudicar

Ao analisar as estimativas de produção, a disparidade dos números é significativa. A Conab apresenta um volume de produção que os cafeicultores não acreditam ser possível de alcançar. “A especulação no mercado pode prejudicar a renda e a competitividade dos cafeicultores. As estimativas chegam a divergir em até 8,8 milhões de sacas. É uma diferença muito grande na previsão. Assim, o mercado comprador, força a queda dos preços e prejudica diretamente os produtores”, explica Silas Brasileiro.

A equipe técnica do Conselho Nacional do Café fez um levantamento para comparação das estimativas com o resultado das safras dos últimos quatro anos. A Conab apresenta as previsões mais realistas conforme se comprova na tabela abaixo.