Provável Pico do IPC nos EUA Não Reduz Incertezas com Inflação

 | 10.05.2022 10:22

Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com

Por que o mercado acionário caiu com tanta violência na quinta-feira, após a forte disparada de quarta-feira?

A matemática dos títulos públicos pode ajudar a responder a essa pergunta.

Uma ação pode ser considerada como um título perpétuo que paga um dividendo crescente com o tempo e é descontado a uma taxa real de juros. (Obviamente, essa interpretação enfrenta dificuldades quando pensamos em empresas que não pagam dividendos; por isso, com frequência prestamos atenção nos seus resultados. A seguir, usarei a série da Bloomberg para o LPA dos últimos 12 meses antes de itens extraordinários).

Essa é uma das razões pelas quais existe uma clara relação ao longo do tempo entre os múltiplos das ações e as taxas de juros. Em momentos de juros altos, resultados distantes valem menos em dólares correntes, o que faz com que os preços atuais sejam mais baixos, ao passo que, em momentos de juros baixos, esses resultados distantes valem mais, e os preços atuais tendem a ser mais elevados.

[Uma observação: isso não significa que múltiplos elevados estejam corretos por conta dos juros muito baixos, mas somente que os juros baixos explicam os múltiplos elevados. Se os juros estiverem artificialmente baixos, é preciso considerar que os juros de equilíbrio sejam maiores, daí os múltiplos de equilíbrio serem menores. Por isso, a questão envolve apenas o tempo necessário para se chegar a esse equilíbrio. É por isso que a declaração do presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, na sexta-feira, de que os juros reais de longo prazo estariam perto do nível neutro, é tão importante quanto absurda. Se os juros reais de longo prazo estiverem perto do nível neutro, não há por que esperar uma reversão à média nos múltiplos das ações. Mas se trata de uma declaração tola.]

O gráfico abaixo mostra o índice S&P 500 em azul. A série interessante está em vermelho. Nessa série, criei um título fictício de 30 anos cujo cupom é o LPA atual do S&P, uma quantia principal que aumenta com o índice de preços ao consumidor (IPC) e um rendimento até o vencimento do atual retorno dos resultados mais o rendimento atual das notas TIPS de 30 anos. Pense nisso como uma espécie de título TIPS que paga os resultados atuais do mercado acionário.

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Ambas as séries estão indexadas a dezembro de 2002 como 100. É possível perceber que essa série consegue rastrear bem o mercado acionário como um todo.