Quais Ativos São Mais Vulneráveis à Nova Situação da Argentina?

 | 13.08.2019 16:30

Como se não faltassem crises para nos preocupar, ontem os mercados foram completamente surpreendidos pelo resultado das primárias argentinas.

O atual presidente, Macri, perdeu feio para a chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, que ficou com 47 por cento dos votos.

Era esperado que Fernández ficasse um pouco na frente, mas não os 15 pontos percentuais que acabaram sendo, deixando os conhecidos populistas muito próximos de levarem as eleições de outubro, já no primeiro turno.

Isso representaria uma quebra estrutural gigantesca para nossa vizinha Argentina, saindo de uma visão econômica um pouco mais liberal para a volta do forte populismo dos Kirchner.

O impacto nos mercados argentinos foi grotesco, com o maior "barata voa" dos últimos tempos.

A Bolsa em dólar abriu caindo 33 por cento; o peso Argentino, sozinho, caiu 15 por cento até o final do mercado. Os títulos do governo e o CDS também caíram forte, precificando uma chance de 75 por cento do governo dar calote na dívida. A tratativa com o FMI, que emprestou 56 bilhões de dólares para nossos hermanos, parece que vai enfrentar novas ondas de negociações. E, por fim, os juros argentinos curtos voaram, e o Banco Central respondeu com aumento dos juros diários de 63 para 74 por cento.

Diga-me com quem andas…

O Brasil não ficou impune à crise no nosso vizinho tão próximo e amigo.

Nossa Bolsa abriu caindo 2 por cento e permaneceu assim durante o dia. Nossa moeda chegou a desvalorizar mais de 2 por cento, mas fechou o dia a pouco menos de 1 por cento, e os juros longos dispararam 15 bps, mas fecharam próximo a estabilidade, depois de uma fala "dove" (leniente) do Presidente do BC Roberto Campos.

O medo do mercado é que a crise nos contamine por algumas vias.

Primeiro, nas nossas parcerias via Mercosul – a Argentina é nosso terceiro principal parceiro. Depois, no acordo comercial do Mercosul com a União Européia.

Quanto a isso, as falas debochadas de Bolsonaro após resultado das primárias não nos ajudam em nada a manter boas relações comerciais.

Segundo, via moeda, uma vez que o real é a moeda com maior correlação ao peso argentino.

Fica difícil saber as reais consequências dessa mudança na prática, mas certamente vai significar menos investimentos estrangeiros para o Brasil, uma vez que a maioria dos gringos opera a América Latina em bloco.

O que fazer agora?

Alguns ativos ficam mais vulneráveis à nova situação da Argentina.

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O maior deles, na minha visão, seria o câmbio. Como eu disse acima, o real é a moeda com maior correlação ao peso argentino, e novas desvalorizações por lá podem manter nossa moeda no patamar acima do 4 – no qual operamos no mercado de ontem.

O impacto disso para o resto dos ativos não é tão grande, se o real simplesmente se manter por aí, ou se desvalorizar aos poucos.

Mas ele poderia impactar fortemente a curva de juros, principalmente os longos, caso a desvalorização fosse mais agressiva.

Temos que acompanhar isso aí, viu?

A nossa bolsa tem pouco exposição à Argentina. Algumas ações específicas podem sofrer um pouco mais por terem alguma parte de suas atividades lá, como Gol (SA:GOLL4) e Cosan (SA:CSAN3).

Além disso, temos também o contágio político.

Caso a economia brasileira demore para se recuperar até as eleições de 2022, poderíamos ter um contágio de ideologia mais de esquerda nas nossas votações. Esse seria meu maior medo.

Acelera isso aí, Paulo Guedes!!!

Por fim, a lição…

Acho que o mercado de ontem reforça que tudo pode acontecer do dia para a noite, e nós, investidores, temos que estar sempre alertas.

É importante não nos deixar levar por euforias de mercado e teses de investimento difíceis e atraentes.

O melhor hedge (seguro) para sua carteira segue sendo comprar ativos baratos! E isso nunca vai sair de moda na Faria Lima.

Você deve operar sempre com uma assimetria favorável, ou seja, ter o potencial de ganhar muito, mas se perder, perder pouco.

Esteja sempre preparado para um barata voa. Assim, o futuro do seu portfólio será volátil, mas próspero!

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Publicação Original

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