Quais São os Riscos das Ações?

 | 21.09.2020 14:24

Entender, reconhecer e controlar o risco são etapas primordiais durante o processo de investimento.

Definindo o risco

O sucesso (ou insucesso) dos seus investimentos em Ações depende de coisas que ainda vão acontecer, mas (infelizmente) nenhum de nós é capaz de prever o futuro, dessa forma, as incertezas e, consequentemente, o risco, são inevitáveis.

Se não é possível eliminar o risco, precisamos ao menos entendê-lo, reconhecê-lo e controlá-lo. Tomar riscos é algo indissociável e natural ao investimento em Ações, mas é preciso ter cuidado com algumas “verdades” que são comumente assumidas.

Muitas pessoas assumem que investimentos mais arriscados proverão retornos maiores e optam por tomar mais risco visando ganhar mais dinheiro.

Mas essa é uma premissa que não deve ser assumida em todas as ocasiões, afinal, se Ações mais arriscadas garantissem maiores retornos, elas não seriam mais arriscadas.

Ao longo dos anos, as teorias acadêmicas sobre finanças decidiram adotar a volatilidade (o quanto as Ações oscilam) como medida de risco, pois ela indicaria o nível de incerteza envolvido em uma ação.

Isso é uma simplificação acadêmica, que existe por conta da comodidade matemática e da dificuldade de quantificar os elementos que eu apresentarei a seguir, mas que não faz muito sentido na vida real.

Similarmente, buscar reduzir o risco com a diversificação baseada na correlação (as diferenças ou similaridades no sentido e intensidade das oscilações de dois ativos) também é algo que não faz muito sentido na prática.

Isso porque o risco ao investir em Ações está muito mais ligado a você saber o que está fazendo, onde está pisando. O risco para quem investe em Ações é a probabilidade de perda definitiva de capital.

E quando isso pode acontecer?

Quando algo dá errado, por exemplo: quando um novo evento muda a realidade de uma empresa, uma empresa decepciona as expectativas repetidamente e entendemos que é melhor jogar a toalha ou simplesmente quando enxergamos que cometemos um erro de análise.

Por isso, investir fora do círculo de competência (em negócios que não é capaz de compreender adequadamente) é algo bastante arriscado, e isso não tem nada a ver com volatilidade ou com a quantidade de ativos na sua carteira.

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Assim sendo, devemos nos preocupar com os riscos de cada um dos negócios em que investimos e em como está nossa exposição aos fatores de risco existentes em nosso portfólio.

Reconhecendo o risco

Antes de conseguir controlar o risco, é preciso reconhecer as fontes de risco.

Quando o assunto são as Ações, a principal fonte de risco é o preço, por uma razão muito simples: quanto maior o preço, maiores são as expectativas do mercado e, consequentemente, maior o espaço para perda de capital caso algo dê errado.

Porém, o risco também pode vir de negócios muito complexos, o que aumenta a chance de algo dar errado na execução da estratégia da empresa ou de cometermos um erro de análise.

Assim como vem de negócios endividados, uma vez que as empresas precisarão pagar os juros e amortizar suas dívidas, independentemente de sua operação ter performado bem ou mal em determinado período.

Negócios altamente dependentes da fase do ciclo econômico, o que chamamos de empresas cíclicas, também são negócios com elevado nível de incerteza, uma vez que seus resultados futuros podem ir muito bem ou muito mal, a depender da intensidade dos ventos a favor ou contra.

Mudanças na regulamentação/legislação, alta concentração em poucos clientes/fornecedores, dependência de pessoas chave, tecnologia em declínio ou sendo ameaçada por produtos substitutos, acidentes, problemas relacionados à governança, dentre outros, também podem ser citados como exemplos de fatores de risco de uma empresa.

Não tenho a pretensão de elencar todos os possíveis riscos atrelados a uma Ação, primeiro porque este texto ficaria longo demais e segundo porque os riscos mais perigosos são exatamente aqueles que não estão na superfície, que não são facilmente enxergados.

O importante é entender que são diversas as fontes de incertezas com potencial de afetar negativamente os resultados de uma empresa, e que o preço de uma Ação é o que vai lhe dizer qual é o tamanho da perda de capital que você poderá incorrer no caso de um evento negativo se materializar.

A combinação de arrogância e incapacidade de entender e escolher adequadamente os riscos pode ser fatal para quem não se esforça o suficiente para controlar o risco de sua carteira.

Inclusive, a crença de que o risco é baixo é um elemento primordial para criar risco de verdade. Quanto maior o nível de otimismo, mais excessos são cometidos. No fim das contas, o nível geral de risco está muito mais relacionado ao comportamento dos investidores do que aos ativos em si.

Howard Marks descreveu brilhantemente esse paradoxo em seu espetacular livro The Most Important Thing: