Quantos Discursos Terá Nelson Barbosa e Para Quais Plateias?

 | 22.12.2015 10:32

O mercado financeiro e os investidores nacionais e estrangeiros estão céticos em relação ao novo ministro da Fazenda, afinal se era para fazer o mesmo que o ex-ministro Levy buscava fazer, por que mudar?

O novo ministro Nelson Barbosa, um dos mais ferrenhos defensores e implementadores do que se denominou chamar “nova matriz econômica”, responsável pelo estado deletério da economia brasileira em profunda recessão tendente a piorar e com problemas de política fiscal incontornáveis no curto prazo, tenta passar uma mensagem inicial de que manterá a linha de austeridade frente aos gastos públicos, com foco cerrado na política fiscal, mas isto filosoficamente é absolutamente contrário ao seu tradicional pensamento desenvolvimentista que conduz a gastos excessivos, na expectativa de que a economia reaja e “devolva” os dispêndios com aumento de arrecadação, e que tem o exemplo inconteste de insucesso no quadro atual, pois carente no passado recente e agora do fator preponderante que é a credibilidade e confiança dos setores produtivos nos propósitos dos discursos governamentais.

Falou em reforma da previdência, tema absolutamente indigesto para discussão na atualidade e que já teve oportunidade de ser posto em discussão quando o governo tinha base política de sustentação. Fala em CPMF aprovada no 1º semestre para vigência a partir do 2º semestre, socializando assim o ônus dos desmandos do governo, o que não será fácil aprovar. Enfim, mostrando propósitos de austeridade.

Mas, a mudança sugere que foi posto no cargo para flexibilizar o nível de austeridade, gastando mais como é do desejo do partido da presidente da República, e mantendo as benesses hoje já quase impagáveis pelo governo para sustentar a base de apoio popular. Enfim, dar mostras de que o quadro não tem a gravidade que sustenta o negativismo predominante.

Sugere comportamento, figurativamente, bipolar com sustentação de discursos e práticas diferentes, à conveniência da plateia.

Este é o ponto que impacta como falta de credibilidade por parte do mercado financeiro e setor produtivo brasileiro. Ninguém acredita que a austeridade continuará e o risco é de que a crise seja mais aprofundada, com os indicadores reais da economia reproduzindo o caos.

Não há espaço para “milagres”, o governo não tem recursos e a esdrúxula ideia de utilização das reservas cambiais para financiar os investimentos na infraestrutura provocaria a inteira vulnerabilidade ao fragilizar o último fator que empresta credibilidade à colocação dos contratos de swaps cambiais, que se presta a hedge e evitam a explosão da taxa cambial, e promovem o financiamento aos bancos para lastro das posições vendidas que geram a liquidez no mercado à vista.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Estes montantes empenhados de forma indireta correspondem efetivamente a comprometimentos já existentes das reservas cambiais, que, contudo, precisam ser mantidas disponíveis para atender eventuais pressões de demanda efetiva considerando que o risco do país está em ascensão e há também uma deterioração dos ratings por parte das agências especializadas, que podem culminar com a saída obrigatória e espontânea de recursos estrangeiros alocados no país.

Há, portanto, pouco ou nenhum espaço para fazer diferente do que o ex-ministro Levy vinha fazendo com foco na austeridade fiscal, havendo em contrapartida espaço para piora com menor rigor que atenderia o lado político do governo e do seu partido, surgindo até um inusitado e inexequível plano de desenvolvimento com enorme probabilidade de se tornar letra morta.

É importante observar que o agora ministro tentou que a meta do superávit fosse de 0,5% com descontos, que envolve os investimentos no PAC, etc...., e agora está conforme com o 0,5%, muito embora tudo sugira que em 2016 ocorrerá novo déficit expressivo, já que está bastante evidente que teremos PIB negativo e produção industrial negativa, e perspectivas péssimas para o emprego que deverá acentuar a perda de vagas, provocando queda de renda e consumo, e, que neste ambiente conturbado haverá pouca possibilidade para reversão efetiva da tendência inflacionária, além daqueles ocasionados ainda que de forma desproporcional pela recessão agravada.

O grande risco é a dualidade de discursos à conveniência da plateia, pois não parece que conquistará a credibilidade do mercado financeiro e setor produtivo a menos que demonstre com atitudes e resultados, mas claro está que se fizer o que estes setores esperam causará frustração à base política do governo que anseia pela contumaz gastança como se tudo estivesse bem, que seria uma falsa impressão e agravaria mais a situação fiscal do governo.

Por outro lado, o ministro da Fazenda e a própria presidente devem criar melhor alinhamento com o Banco Central do Brasil, visto que no atual contexto o aumento do juro não sensibiliza a pressão inflacionária, já que a demanda por crédito e a tendência ao consumo são cadentes, agravando tão somente a situação fiscal do governo.

A reação não é tão intensa em relação à substituição do então ministro Levy, que já dava sinais de exaustão no enfrentamento político com o partido da presidente, mas houve a decepção em relação ao seu substituto, personagem que, sabidamente, comunga de outra filosofia e que tende a não ser tão austero focando a recuperação discreta da popularidade do governo e as ameaças latentes presentes às classes de baixa renda.

A presidente afirmou que não realizará mudanças bruscas, até porque não tem muitas alternativas, mas o sentimento é que o que ocorrer será para pior.

O mercado internacional agravou sobremaneira o conceito de risco do Brasil ao observarmos os indicativos dos CDS (Credit Default Swaps) e as agências de riscos já não tem espaço para serem complacentes, portanto não se devem ter perspectivas de ingressos de recursos externos mais acentuados no próximo ano, mas, em contraposição, é consistente a probabilidade de intensificação de saídas.

A tendência é este quadro absolutamente desfavorável ser efetivamente precificado no dólar, que assim poderia ir logo ao início do ano a parâmetros elevados. Devemos ter em mente o fato de o BC deter parcos instrumentos para conter pressões maiores e consistentes, e, não se pode descartar até a ocorrência de movimentos especulativos sobre o real.

Ontem, os mercados de câmbio, juros, bolsa repercutiram o desapontamento como sentimento, e hoje, seguramente o BC observará para que o ano seja encerrado com uma taxa de câmbio abaixo de R$ 4,00, algo meramente psicológico mais não real, por ser o referencial maior.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações