Queda do Dólar Tende a Fortalecer Preços das Commodities

 | 01.04.2022 11:43

Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com

  • Relação histórica entre o dólar e as commodities
  • China se mexe, Arábia Saudita e Nigéria seguem seus passos
  • Rússia não precificará suas commodities em dólares
  • Status de moeda de reserva em risco
  • Queda do dólar fortalece preços das matérias-primas

O dólar se mantém há décadas como moeda de reserva mundial. Esse status advém da segurança política e econômica do país. Os países usam moedas de reserva para liquidar transações internacionais e as mantêm como poupanças. Uma moeda de reserva deve ser totalmente conversível em outros instrumentos de câmbio no mercado livre. Desde a virada deste século, o dólar e o euro têm sido as duas principais moedas para esse fim.

Os EUA são a principal economia do mundo, mas a China está no seu encalço com seu robusto crescimento. A China há muito deseja que o iuane desafie o dólar em sua condição de moeda de reserva. Em 2022, eventos geopolíticos provocaram o acirramento das tensões entre os EUA e o recém-formado acordo de apoio “sem limites” entre Rússia e China. A invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções ensejaram uma divisão ideológica e econômica em nível global. A posição do dólar e do euro no sistema financeiro mundial pode estar se enfraquecendo, com potenciais repercussões sobre os preços das commodities nos próximos anos.

h2 Relação histórica entre o dólar e as commodities/h2

A posição do dólar como moeda de reserva mundial faz com que ele seja o mecanismo de referência de preços para a maioria das matérias-primas. Os mercados de câmbio e os preços das commodities estão correlacionados, na medida em que a alta do dólar torna as commodities mais caras em outras moedas. Em condições normais, quando os preços locais sobem, os consumidores tendem a reduzir as compras ou procurar substitutos, pressionando os preços para baixo. Por outro lado, quando os preços caem em outras moedas, os consumidores geralmente aumentam suas compras. Por isso, a alta da moeda americana tende a pesar sobre a cotação das matérias-primas, ao passo que sua desvalorização geralmente faz com que os preços desses produtos se movam para cima.

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Se o dólar perder sua posição como moeda de reserva mundial, enfraquecerá a relação com os preços das commodities, já que países de todo o mundo procuram outras moedas para precificar suas necessidades de matérias-primas.

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h2 China se mexe, Arábia Saudita e Nigéria seguem seus passos/h2

A China está na fase final de teste do seu iuane digital, o que pode fazer com que a moeda chinesa se torne o primeiro grande instrumento de câmbio a adotar a tecnologia blockchain. Em 4 de fevereiro, China e Rússia fecharam um acordo comercial de US$ 117 bilhões. As sanções à Rússia impedirão a fixação de preços em dólar para o fluxo de commodities entre os dois países. Além disso, a Rússia disse recentemente à Europa que o bloco precisaria comprar energia em rublos, trocando euros pela moeda russa. As compras de energia europeia em rublo estabilizariam a moeda da Rússia, apesar das sanções.

Além da Rússia, a Arábia Saudita, maior produtor de petróleo do mundo, pretende vender o produto à China mediante pagamento em iuanes, em vez de dólares. Os sauditas têm mantido a neutralidade nas tensões entre EUA e Rússia. Além disso, o acordo de não proliferação nuclear em negociação com o Irã e as críticas dos EUA ao príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman causaram a deterioração das relações EUA e Arábia Saudita. A cooperação da Rússia com a Opep fortaleceu os laços entre Moscou e Riad.

A Nigéria, outro grande produtor de petróleo e país com o maior PIB da África, incentiva as empresas locais que importam mercadorias da China a usar o iuane, em vez do dólar, para sustentar sua moeda naira e aumentar as reservas.

h2 Rússia não precificará suas commodities em dólares/h2

Embora os EUA e a Rússia não estejam envolvidos em um conflito militar direto, as sanções e medidas retaliativas equivalem a uma guerra econômica entre essas duas potências nucleares. Os EUA chamaram o presidente russo Vladimir Putin de criminoso de guerra, ao passo que a Rússia acusa os EUA de mover as tropas da Otan para cada vez mais perto do seu território soberano nos últimos anos.

Enquanto a Rússia se preparava para a invasão da Ucrânia, seu banco central reduziu suas reservas em dólares em favor de ouro e euros. A insistência do governo russo de que a Europa pague em rublos pelo gás natural e petróleo importados é uma rejeição ao dólar. A Rússia provavelmente continuará se afastando do preço do dólar em muitas exportações, como trigo, metais e energia, nos próximos meses e anos. Mesmo que a guerra na Ucrânia termine com um acordo, as relações russo-americanas permanecerão mais do que desafiadoras no futuro.

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h2 Status de moeda de reserva em risco/h2

A guerra na Ucrânia e o acordo de apoio “sem limites” entre China e Rússia acabaram com a tendência do globalismo na economia mundial. Uma bifurcação ideológica coloca a China, a Rússia e seus aliados, de um lado, e os EUA e a Europa, de outro. Embora nenhum dos lados queira uma terceira guerra mundial, as tensões continuarão aumentando, provocando mudanças dramáticas no comércio e na economia mundial.

O dólar americano atua como moeda de reserva mundial desde o final da Segunda Guerra Mundial. A mudança no cenário geopolítico ameaça a posição do dólar, o que impacta significativamente os preços das commodities e a relação histórica das matéria-primas com a moeda americana.

h2 Queda do dólar fortalece preços das matérias-primas/h2

Diversos participantes do mercado medem a força ou fraqueza da moeda americana com base no Índice Dólar.