Quem Precisa de Ursos no Petróleo Quando se Tem Igor Sechin, CEO da Rosneft?

 | 05.06.2019 10:35

Esqueça os ursos do petróleo na NYMEX e na ICE. Conheça um mais poderoso: Igor Sechin, da Rosneft.

O CEO da gigante produtora de petróleo da Rússia, que também é a maior petrolífera de capital aberto do mundo, é capaz de causar mais danos à Opep neste momento do que qualquer vendedor de petróleo em Nova York ou Londres.

À medida que a Arábia Saudita – que lidera a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) composta por 14 membros – trabalha silenciosamente para convencer os russos a permanecer no acordo de corte de produção pelo terceiro ano consecutivo, Sechin exige que Moscou deixe o acordo ou compense sua empresa.

h2 Poderoso aliado de Putin denuncia acordo da Opep/h2

É uma ousadia e tanto contra o governo de um dos líderes mais temidos do mundo: Vladimir Putin. Mas o próprio Sechin é um aliado próximo do presidente russo, além de ser descrito como seu "vice de fato". Ele está no círculo interno dos conselheiros mais conservadores de Putin e é líder da facção Siloviki , do Kremlin, um grupo que reúne antigos agentes do serviço de segurança. E Sechin deixou claro que não poderia se importar menos com o destino dos outros nove países não membros da Opep, liderados pela Rússia em seu pacto com os sauditas – uma aliança conhecida coletivamente como Opep+10. Seu foco está todo concentrado em proteger os interesses da Mãe Rússia. Nesse sentido, o que ele diz ressoa bem em seu governo e no seu país.

Sechin teria dito o seguinte, de acordo com o serviço de notícia russo Interfax:

“Faz algum sentido [para a Rússia] reduzir [a produção de petróleo] se os EUA imediatamente tomam [nossa] participação de mercado? Temos que defender nosso market share.”

As exportações petrolíferas norte-americanas, que recuaram em abril depois de atingirem o recorde de 3,6 milhões de barris por dia (bpd) no início deste ano, subiram novamente para 3,3 milhões de bpd há duas semanas, segundo dados. Nesse ínterim, os sauditas cortaram a produção em níveis recordes e pressionaram a Rússia, cada vez mais relutante, a restringir mais suas exportações.

Sechin quer que tudo isso acabe, pois está vendo que os EUA estão preenchendo o vácuo deixado no mundo pela Rosneft e outros exportadores russos de petróleo. Ele também não consegue ver qualquer lógica no fato de Moscou concordar em realizar mais cortes com os sauditas quando a produção petrolífera russa já se encontra na mínima de três anos por causa de uma crise de contaminação em um oleoduto, que resultou no bombeamento de apenas 10,87 milhões de bpd de 1 a 3 de junho, em comparação com uma média de maio de 11,11 milhões de bpd.

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Essa não é a primeira vez que Sechin trata com desprezo a Opep+10: ele escreveu a Putin em dezembro para criticar o pacto, em uma carta cujo vazamento ficou famoso.

Caso tenha seu pedido negado novamente, ele quer que a Rosneft seja compensada pelas perdas provocadas pelos cortes de produção.