Investing.com | 20.09.2021 09:45
A última coisa que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, gostaria de ver neste momento, em que se contesta sua reindicação ao cargo, é a controvérsia envolvendo algumas autoridades do banco central americano que lucraram nos mercados, graças à sua política monetária expansionista.
Primeiro, saiu a notícia de que dois presidentes regionais do banco, Robert Kaplan, em Dallas, e Eric Rosengren, em Boston, negociaram ativamente ações no ano passado enquanto o Fed adotava políticas de estímulo emergencial, responsáveis por fazer os mercados acionários atingir sucessivas máximas históricas.
Kaplan, ex-vice presidente do Goldman Sachs, fez operação de mais de US$1 milhão em 22 ações individuais ou fundos de investimento, como Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Alibaba (NYSE:BABA) (SA:BABA34), Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), General Electric (NYSE:GE) (SA:GEOO34) e Chevron (NYSE:CVX) (SA:CHVX34). As operações de Rosengren em fundos de investimento imobiliário foram muito menores.
Ambos prometeram vender suas ações individuais até o fim de setembro e manter o montante em dinheiro ou investimentos passivos para evitar a aparência de conflito de interesse.
h2 Diretrizes de ética sob avaliação. Warren pede regras mais rígidas/h2Powell ordenou uma revisão das diretrizes de ética envolvendo negociação de ações no âmbito do Fed, e a senadora democrata de Massachusetts, Elizabeth Warren, escreveu a cada um dos 12 bancos regionais solicitando que endurecessem as regras para negociação de ações.
Ocorre que o próprio portfólio de investimentos de Powell cresceu bastante no ano passado e agora se aproxima de US$ 100 milhões (sem contar suas propriedades imobiliárias). Powell foi sócio do Carlyle Group por diversos anos e fundou sua própria empresa de investimentos antes de ser nomeado ao conselho de governadores do Fed, em 2012. Ele é conhecido por ser um dos banqueiros centrais mais ricos do planeta.
A maior parte dos investimentos de Powell é administrada por gestores independentes, sobre cujas decisões ele não tem controle. Mas a CNBC revelou que Powell tinha até US$2,5 milhões investidos em títulos municipais, em uma conta conjunta sob seu controle, no ano passado, quando o Fed adquiriu US$5 bilhões em títulos dessa natureza.
O presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, tinha até US$3 milhões alocados em títulos corporativos, enquanto o Fed comprava US$46,5 bilhões dos fundos corporativos. Rosengren mantinha US$800.000 em fundos imobiliários com títulos hipotecários em carteira e negociou suas cotas 37 vezes enquanto o Fed gastava US$700 para comprar esses títulos no mercado.
Powell tem insistido que o Fed precisa continuar suas aquisições mensais de títulos no montante de US$120 bilhões, pois os EUA ainda não atingiram o pleno emprego, e surgiu essa nova controvérsia, no momento em que os investidores esperam que o Fed forneça indicações de quando começará a reduzi-las.
h2 Controvérsia ética pode pressionar cronograma de aperto/h2O Fed pode indicar em que momento se iniciará a retirada de estímulos após a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto nesta semana, e aquela controvérsia ética deve aumentar a pressão para que se defina um cronograma nesse sentido.
Alguns analistas criticaram que as compras de títulos contribuíram para aumentar a desigualdade, na medida em que beneficiam os mais ricos, ao inflar os mercados financeiros. Um grande crítico do Fed é o CEO da Better Markets, Dennis Kelleher, que disse à CNBC que o fato de as autoridades monetárias defenderem suas operações, afirmando que estavam dentro das normas éticas vigentes, nada mais faz do que mostrar “quão deficientes” elas são.
Em breve o presidente americano Joe Biden precisará anunciar sua decisão sobre a manutenção de Powell no Fed. O mandatário já enfrenta uma considerável pressão dos democratas progressistas para que o substitua e indique alguém comprometido a trazer mais diversidade à liderança do Fed e realize uma ação mais incisiva contra a mudança climática e a regulação bancária.
h2 Banco Central Europeu também deve iniciar aperto/h2O Banco Central Europeu (BCE), enquanto isso, encontra-se dividido quanto ao seu próprio estímulo monetário. Diversos membros do conselho dirigente do BCE expressaram, na semana passada, suas preocupações com a inflação, que está superando as expectativas e pode forçar uma retirada de estímulos.
O Financial Times citou a controvérsia em uma matéria informando que o economista-chefe do BCE, Philip Lane, havia dito aos economistas do banco alemão que banco central da zona do euro deve atingir sua meta de inflação de 2% até 2025, uma indicação de que ele pode começar a elevar as taxas de depósito de -0,5% em 2023, um ano antes do esperado.
O BCE negou a informação da matéria, dizendo que ela não está de acordo com a atual projeção da instituição e que os comentários de Lane haviam sido mal interpretados. Mesmo assim, pelo fato de isso ter ocorrido em meio a preocupações com a inflação, a matéria acabou provocando uma alta nos rendimentos dos títulos do governo.
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