Rodolfo Amstalden | 11.04.2024 10:00
Entre uma e outra divulgação de inflação nos EUA, sentimo-nos à deriva.
A despeito de alguns momentos pontuais de refresco, o mercado brasileiro vai mal neste início de 2024.
Não terrivelmente mal, mas pior do que os pares emergentes, e pior do que se poderia esperar dele.
Parte disso tem a ver com uma certa ressaca após o rali de fim de ano, outra parte tem a ver com declarações infelizes do Governo Lula, mas a parte que nos interessa aqui diz respeito à China.
Seria o Brasil um quintal da China?
Ou seja, se a economia chinesa sofre, nós necessariamente compartilhamos dessa desgraça?
De fato, a intimidade entre as partes aumentou exponencialmente desde os anos 2000.
Expandimos as nossas exportações de um nível de USD 20 bi para outro próximo a USD 170 bi em 25 anos, e boa parte disso se deve ao grande salto chinês.
Ainda assim, desconfio que os downsides associados à China nos são limitados.
Primeiro porque o contexto por lá parece remeter menos ao estouro catastrófico de uma bolha e mais à transição gradual para um estado estacionário.
Nessa nova normal, ainda que o crescimento chinês desacelere para a banda de 3% a 5% ao ano, seu metabolismo basal continuaria sendo gigantesco.
Em paralelo, temos a ascensão da Índia.
É difícil imaginar um cenário no qual o crescimento indiano não vá beneficiar o quantum e os termos de troca brasileiros, mesmo que por vias indiretas.
Estamos falando de um catch-up do PIB da Índia em relação à China da ordem de USD 4 tri para USD 18 tri - o que é simplesmente brutal.
Por fim, e a despeito de taxas de fertilidade em queda no mundo todo, ainda temos diante de nós a perspectiva adicional de 2 bilhões de população nos próximos 50 anos.
Dois bilhões de bocas que consomem commodities agrícolas, petróleo, minério de ferro e jatos da Embraer (BVMF:EMBR3).
A ideia de ser um quintal da China pode soar pejorativa quando o momentum chinês não colabora, mas a ideia de ser um quintal do mundo não me parece tão ruim.
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