Rodrigo Lima | 17.05.2022 15:44
O Google foi responsável por extinguir as enciclopédias das bibliotecas de pessoas comuns e fazer com que qualquer um pudesse ter acesso gratuito de informação de qualquer lugar do mundo. Hoje analisamos a Alphabet (SA:GOGL35)(NASDAQ:GOOGL), holding por trás da big tech.
Nome: Alphabet Inc.
Ticker: GOOG
Fundada em: 1998, por Larry Page e Sergey Brin
Preço: US$ 2.330,31
Valor de mercado: US$ 1,5 trilhões
Atualmente, o Google é praticamente sinônimo para buscador na internet. Nos Estados Unidos, ele detém quase 80% de todo o mercado de buscadores online. No Brasil, ele tem 92,5%, sendo superado somente na Índia, com 94,2% do mercado local. Se hoje a hegemonia do Google é praticamente incontestável, quando os estudantes de doutorado Larry Page e Sergey Brin fundaram a empresa em 1998, isso não parecia nem de longe ser uma realidade viável.
À época, o principal serviço de buscas online era o Yahoo!, dominando a esmagadora maioria do mercado. Brin e Page originalmente não pretendiam competir com o líder de mercado, muito pelo contrário: o objetivo dos dois estudantes era vender o Google ao Yahoo! por US$ 1 milhão e poderem voltar a focar em concluir seus doutorados em Stanford. O plano inicial da dupla de doutorandos não deu certo, o que mostra que mesmo que você seja brilhante, às vezes as coisas simplesmente não dão certo para você.
No caso, não deram certo para o Yahoo!, que não apenas negou a compra naquele momento, como também negou novamente a possibilidade de adquirir o Google em 2002 a um valuation de US$ 5 bilhões. Vinte anos depois, o valor de mercado da Alphabet, holding que controla o Google, subiu mais de 300x, enquanto o market share do Yahoo! encolheu a proporções ínfimas.
h2 Uma Berkshire tech?/h2Se o Yahoo! não quis abrir a carteira para realizar aquisições-chave, o Google foi em uma direção completamente diferente. Em seus 24 anos de existência, a companhia executou mais de 250 fusões e aquisições em diversos ramos de atuação dentro do setor de tecnologia. Guardadas as devidas proporções, não seria absurdo afirmar que a Alphabet pretende se tornar uma grande Berkshire Hathaway (SA:BERK34) (NYSE:BRKa) de tecnologia: uma holding diversificada e de altíssima performance.
As aquisições mais notórias realizadas pela empresa foram o YouTube, Android, Waze, Boston Dynamics e Waymo. Adquirido em 2006 por US$ 1,65 bilhões, apenas no primeiro trimestre de 2022 o YouTube gerou mais de US$ 6,8 bilhões em receita através de anúncios. Se hoje a aquisição da plataforma de vídeos parece uma pechincha, é importante lembrar que à época isso não era assim tão claro: o YouTube ainda não tinha um modelo de negócios estabelecido e havia muitos concorrentes disputando a liderança no segmento.
Na realidade, assim como qualquer empresa que detenha um grande portfólio de investimentos, boa parte deles não têm sucesso. Um dos exemplos mais famosos foi o Google Glass, óculos de realidade aumentada que é capaz de tirar fotos e gravar vídeos, lançado em 2013 e descontinuado em 2016. No entanto, alguns projetos importantes como a desenvolvedora de robôs Boston Dynamics e a companhia de carros autônomos Waymo também ainda não têm um modelo de negócios testado e validado.
h2 A vaca leiteira/h2Apesar do grande leque de aquisições realizadas pela Alphabet, a esmagadora maioria da receita da companhia segue sendo gerada pelos anúncios do Google. Dos mais de US$ 68 bilhões da receita gerada no primeiro trimestre de 2022, cerca de US$ 40 bi vinham dos anúncios no serviço de buscas. No total, anúncios eram responsáveis por US$ 54 bi, com US$ 6,8 bi vindo de outros serviços do Google e US$ 5,8 bi vindo de seus serviços de computação em nuvem, com “outras apostas” (nomenclatura usada pela própria empresa) respondendo por apenas US$ 400 milhões.
Inquestionavelmente o Google é o buscador online top of mind em boa parte do mundo, mas ainda há espaço para crescimento e ganho de market share. Não apenas em países como Rússia e China, nos quais a companhia detém 45% e 8% do mercado de serviços de busca, mas também no segmento mobile. O grande número de iPhones vendidos acaba prejudicando a dominância da companhia no segmento de smartphones, mas o quadro vem mudando a passos largos: se em 2013 menos de 30% das buscas feitas através de celulares eram realizadas pelo Google, hoje já são mais de 60%. O número de apps baixados na Google Play Store também vem crescendo consistentemente, somando mais de 111 bilhões de downloads apenas em 2021.
h2 Crescendo com os pequenos/h2Uma grande avenida de crescimento para a companhia e, sobretudo, para o YouTube, está nas gerações mais novas. Não apenas o vídeo mais visto na história da plataforma é a canção infantil Baby Shark (pedimos desculpas por fazer a melodia voltar à sua cabeça), com mais de 10 bilhões de visualizações, mas também o youtuber mais bem pago, MrBeast, que recebeu US$ 54 milhões em 2021 apenas via monetização direta da plataforma, foca na produção de conteúdo infanto-juvenil.
O crescimento no setor infanto-juvenil nunca vem sozinho, porém: ele naturalmente atrai a atenção de reguladores, preocupados com o tipo de conteúdo ao qual crianças possam estar sendo expostas. Essa atenção não é nada nova para o Google, que frequentemente passa por escrutínios regulatórios por se tratar de uma empresa praticamente monopolista. No entanto, graças a fortes investimentos em moderação de conteúdo, a ligação com os reguladores vem melhorando visivelmente: desde seu ápice em 2017, quando o Google gastou US$ 5,9 milhões em lobbistas, o valor gasto anualmente veio caindo, sendo hoje de apenas cerca de US$ 2 milhões.
h2 Nuvem de chuva/h2Com um ROE de 30%, receita crescendo em média 22,5% nos últimos cinco anos e uma margem de lucro líquido de 27,5%, a Alphabet veio consistentemente fazendo a alegria de investidores em todo o mundo: nos últimos dois anos, somente no primeiro trimestre de 2022 a companhia decepcionou as expectativas dos analistas de mercado. Um dos principais culpados para isso foi o baixo crescimento do segmento de cloud.
O segmento de computação em nuvem é conhecido por ter grandes margens de lucro, mas a Alphabet detém somente 9% de market share nele, tendo que competir com gigantes bem capitalizadas como AWS e Azure, respectivamente da Amazon (SA:AMZO34)(NASDAQ:AMZN) e Microsoft (SA:MSFT34) (NASDAQ:MSFT) e que em conjunto têm mais de 50% do mercado de cloud, um mercado que movimenta US$ 1,3 trilhões por ano.
As estimativas para a receita da companhia no ano fiscal de 2022 são de US$ 299 bi, mas o cenário macroeconômico global pode diminuir a demanda por anúncios caso caminhemos para uma recessão mundial e o baixo crescimento do setor de cloud pode novamente pesar sobre as ações da companhia. Ainda é cedo para determinar se essa nuvem de chuva pode causar uma tempestade ou se é apenas uma nuvem passageira, mas é certo que em breve o Google há de saber.
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