Real Não se Valoriza Com Aumento da Selic

 | 06.08.2021 07:20

E ontem o dólar não respondeu aos fundamentos do carry trade após aumento da taxa Selic no after market de quarta-feira. Na contra mão dos fundamentos, o que se viu foi o câmbio reagindo à possibilidade de subida de juros nos EUA antes do previsto, variante delta do coronavírus ameaçando a retomada das economias mundo a fora e, principalmente riscos fiscais e tensões políticas entre o STF e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por aqui.

Dólar até abriu em queda devido à alta da taxa de juros por aqui e ontem e chegou a mínima de R$ 5,1112. Nada de chegar a R$ 5,00 que muitos consideram “justo”, mas, com tantas variáveis e ruídos, já era esperado que esse patamar não fosse mesmo alcançado. Ao contrário disso, a baixa reverteu e o dólar se comportou mesmo como ativo forte de proteção a riscos. O dólar à vista subiu 0,53% fechando em R$ 5,2163 reais na venda. O real saiu do melhor desempenho global entre as principais moedas na sessão para figurar entre os piores.

Na reunião do Copom decidiu-se, por unanimidade, pela elevação da taxa Selic a 5,25%, maior alta desde 2003. Isso já era o esperado e não surpreendeu. Para a próxima reunião, a previsão é de mais um ajuste de 1 ponto percentual, a 6,25%. Esse próximo aumento de 1 ponto foi a surpresa da decisão. Segundo o comunicado, “o cenário básico e o balanço de riscos indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa Selic para o patamar acima do neutro”. Isso demonstra uma piora da inflação por aqui, assim como tem ocorrido mundo a fora.

Na política, a preocupação principal agora é em formular o “Auxílio Brasil” e outros benefícios sociais, visando à eleição de 2022. Falando de precatórios, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para parcelamento irá prever a constituição de um fundo alimentado com receitas de privatizações, venda de imóveis e dividendos de estatais, recursos que terão destinação carimbada e ficarão fora do teto de gastos. Essa proposta representa uma maneira criativa de o governo aumentar substancialmente os gastos em ano eleitoral ao adotar uma espécie de calote para o pagamento de dívidas.

Nos EUA, a preocupação com os impactos da variante delta na retomada econômica e do pleno emprego colocam dúvidas quanto ao timing da retirada dos estímulos e aumento dos juros por lá. O diretor do Federal Reserve, James Bullard, disse que a inflação está mais persistente do que temporária e, na sua visão, o tapering deveria ser antecipado para 2022 para conter a inflação. Hoje é dia do tão esperado payroll, mas os dados de geração de vagas de emprego do setor privado que veio em menos da metade do que o esperado jogou um “balde de água fria” no otimismo.

Ontem, Waller, que é um membro votante do FOMC pelo fato de ser governador, disse em evento sobre moeda digital, que, diga-se de passagem, ele não crê que melhoraria o sistema de pagamentos americano, algumas considerações sobre a retomada da economia. Foram elas: que está otimista quanto às perspectivas da economia americana sair bem da pandemia, que o mercado de trabalho está melhorando e que o Fed. pode ser capaz de puxar de volta a política monetária acomodatícia mais cedo do que alguns pensam. Após esse discurso e durante as escaladas das tensões entre Luis Roberto Barroso, presidente do TSE, e Bolsonaro pelo Twitter, o dólar comercial chegou a R$ 5,1782 e daí foi subindo atingindo a máxima de R$ 5,2262.

O déficit comercial dos Estados Unidos atingiu uma máxima recorde em junho, uma vez que os esforços das empresas em recompor os estoques para atender à demanda robusta de gastos do consumidor atraíram mais importações. O déficit comercial aumentou 6,7%, para 75,7 bilhões de dólares em junho, um recorde histórico. Já os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA caíram e as demissões são as mais baixas em mais de 21 anos.

Na Europa, ontem vimos que a economia alemã voltou a crescer no segundo trimestre, mas se recuperou menos do que o esperado, à medida que as indústrias lutam para obter bens intermediários e materiais de construção para aumentar sua produção.

Para fechar a semana teremos o Payroll, que é o relatório de emprego dos EUA hoje. Esse relatório é muito importante para dar o timing do tapering. E já que o real não se valorizou pelo aumento da Selic ontem, para os próximos dias a previsão é de pouco alívio para nossa moeda, a menos que nos EUA tudo fique como está (juros quase zero e estímulos contínuos) e Brasília silencie. O que está falando mais alto são os temores de descumprimento do teto de gastos e de pressões por despesas conforme o país caminha para o ano eleitoral de 2022. Ou seja, poucas chances do dólar chegar a R$ 5,00, né?

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