Investing.com | 09.05.2022 11:06
O comércio eletrônico, que até agora era uma das áreas mais seguras da economia digital, está começando a mostrar sinais de fraqueza após dois anos de avanços notáveis.
A receita da maior varejista online do mundo, a Amazon.com (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), subiu apenas 7% no primeiro trimestre de 2022, em comparação com a expansão de 44% durante o mesmo período do ano passado. Essa foi a mais lenta taxa de crescimento trimestral da empresa sediada em Seattle desde o estouro da bolha das empresas “ponto com” em 2001 e o segundo período consecutivo de crescimento de um dígito.
Uma semana depois, os resultados da Shopify, sediada em Ottawa (NYSE:SHOP) (SA:S2HO34), também decepcionaram os investidores. A plataforma focada em comerciantes reportou um lucro por ação menor do que a expectativa dos analistas. A companhia também forneceu projeções mais fracas de adição de novos clientes empresariais em 2022, dizendo que o crescimento do número de fornecedores em sua plataforma seria "comparável" ao de 2021.
Esses balanços aquém do esperado desencadearam uma enorme liquidação de papéis desse setor e também de outros, sugerindo que os investidores não consideram que o segmento irá mostrar força no futuro próximo.
Desde que a Amazon divulgou seus resultados, em 28 de abril, suas ações já despencaram mais de 14%. Elas fecharam o pregão de sexta-feira a US$ 2295,45, nível mais baixo para a ação em cerca de dois anos. Em 2022, sua queda é de mais de 30%.
O poderoso rali nas ações de e-commerce, que atingiu seu auge durante os bloqueios sanitários da Covid-19 em 2020, está se revertendo rapidamente, à medida que essas varejistas eletrônicas enfrentam um conjunto de desafios, como a inflação nas máximas de quatro décadas; a disparada dos custos de mão de obra; os gargalos na cadeia global de fornecimento; e a atual pandemia.
h2 Sem recuperação rápida/h2Para compensar essas perdas, no início deste mês, a Amazon elevou em 5% as tarifas para alguns de seus revendedores nos EUA, pela primeira vez na história da companhia. E, no último trimestre, a Amazon elevou o preço da assinatura do serviço Prime nos EUA, pela primeira vez em quatro anos, de US$ 119 para US$ 139.
Apesar dessas medidas, a gerência da Amazon não vê uma rápida recuperação. O CEO Andy Jassy declarou o seguinte no último balanço:
“Pode levar algum tempo, principalmente porque estamos enfrentando pressões inflacionárias e na cadeia de suprimentos, mas vemos um bom progresso em várias dimensões da experiência do cliente, como a velocidade das entregas, pois agora estamos nos aproximando de níveis que não eram vistos desde os meses imediatamente anteriores à pandemia, no início de 2020.”
Apesar de alguns reveses nos resultados, a maioria dos analistas de Wall Street continua otimista com as perspectivas de longo prazo da companhia e sua posição de liderança no e-commerce. Embora alguns tenham ajustado seus preços-alvo na ação diante da desaceleração das vendas, muitos acreditam que qualquer fraqueza prolongada represente uma oportunidade de compra.
Dos 56 analistas pesquisados pelo Investing.com , 52 recomendavam compra na AMZN, classificando-a como acima da média.
Fonte: Investing.com
Entre esses pesquisados, o preço-alvo médio das ações em 12 meses era de US$ 3.676,75, para um potencial de alta de 60,18%.
Uma área na qual a empresa continua impressionando é em sua divisão Amazon Web Services, unidade de serviços na nuvem da companhia. Ela atualmente gera a maior parte do seu lucro. A AWS registrou um crescimento de 37% em receita para US$ 18,4 bilhões. De fato, o número de compromissos que os clientes firmaram para aquisições futuras do serviço AWS disparou 68% desde o ano anterior, para US$ 88,9 bilhões.
O Bank of America reduziu seu preço-alvo de US$ 4225 para US$ 3770 em uma nota após o balanço, dizendo que as pressões de custo deveriam ser “manejáveis” e que a Amazon registrará uma "significativa” expansão nas margens de lucro de 2023 a 2025, graças às suas unidades de serviços na nuvem, publicidade e marketplace.
Os analistas da Cowen & Co. acreditam que a Amazon tenha bastante poder de precificação em relação ao Prime. A empresa ressaltou que uma elevação maior em suas assinaturas poderia compensar as perdas da AMZN no segmento de comércio eletrônico.
Conclusão
A Amazon enfrentará dificuldades para expandir seus negócios de e-commerce no atual ambiente inflacionário, criando obstáculos significativos para os preços das suas ações no curto prazo. Dito isso, os analistas são praticamente unânimes em suas visões de que a posição dominante da empresa em várias áreas da economia digital não está sob ameaça, e os investidores deveriam considerar a atual fraqueza como uma oportunidade de compra.
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