Breno Bonani | 20.12.2021 13:49
O último resultado da JBS (SA:JBSS3) mostrou que a companhia está cada vez mais em um momento favorável. Não só por conta do segmento dela, mas por conta dela. É uma companhia muito melhor que há 2 anos atrás.
Sendo assim, achei bacana revisitar esse case. Outro case que eu já venho acompanhando desde 2019. Sem mais delongas, vamos ao case!
h2 Chegando ao ponto!/h2
Vamos começar com os destaques operacionais e financeiros:
Fonte: Release JBS 3T21
Antes de entrar no resultado de cada uma. Vale (SA:VALE3) comentar que a companhia recebeu o título de Investment Grade, cancelou 137 milhões de ações em tesouraria e aprovou uma recompra de ações de até 10% das ações em circulação.
Além disso, aprovou a distribuição de dividendos intercalares de R$2,4 bilhões correspondente a R$1 por ação (resultado assim em um yield de 8% em 2021, que se somarmos com os buybacks, já estaríamos falando de 15% em 2021.). Concluiu a aquisição da Kerry Consumer Foods, líder na produção de refeições prontas e congeladas e resfriadas no Reino Unido e na Irlanda.
Aprovação final para aquisição da Huons (KQ:243070), a segunda maior empresa de aquicultura de salmão da Austrália com conclusão da aquisição prevista para 17 de novembro e anúncio de acordo para aquisição da SunnyValley, empresa produtora de bacon, presunto, peito de peru e outros alimentos preparados nos Estados Unidos.
Para encerrar esse raciocínio das aquisições, a mais recente que não entrou no 3T21, foi a aquisição da Kings, uma empresa centenária italiana, que inclui quatro fábricas na Itália e toda a operação de outra marca do grupo, a Principe, nos EUA. Foi vendida por $92,5 milhões, mas a transação ainda está sujeita pelas autoridades antitruste.
Voltando ao resultado, a companhia entregou uma receita de R$92,6 bilhões, uma alta de 32,2% frente ao mesmo período anterior. Um crescimento, que se estendeu em todos os segmentos: Seara (+38,2%), JBS Brasil (+35,3%), JBS USA Bovinos (+34,2%), JBS USA Suínos (+42,2%), e PPC (+21%).
Fonte: Release JBS 3T21
Sendo que, cerca de 73% das vendas globais da JBS foram realizadas nos mercados domésticos em que a companhia atua e 27% por meio de exportações. Como o CPV cresceu menos que a receita, isso resultado em um Lucro Bruto de R$19,3 bilhões, alta de 63,3% frente ao 3T20.
Como a companhia vendeu mais no período, era de se esperar que o SG&A tivesse um aumento. Houve um aumento de 34,1% frente ao 3T21. O resultado financeiro foi negativo em R$1,1 bilhão, muito por conta da dívida líquida atrelada ao dólar, que gerou juros passivos de R$1,3 bilhões no trimestre. Mas até aí tudo bem. Afinal de conta, a maior parte da receita da companhia continua sendo em dólar. Logo, isso não impactou o EBTIDA da empresa, que encerrou em R$13,9 bilhões, alta de 74,2% em relação ao mesmo período anterior (com destaque para a JBS USA Beef).
Fonte: Release JBS 3T21
Mesmo assim, ainda vale olhar o FCO, que ficou em R$10,8 bilhões, aumento de 40% em função da melhora operacional. Para se ter ideia, 76% da geração operacional veio do próprio operacional da companhia, o que é muito bom.
Entrando no Fluxo de Caixa de Investimentos, o valor total de atividades de investimentos da JBS foi de R$7,7 bilhões. A linha de adição de ativos imobilizados (CAPEX) totalizou R$2,6 bilhões no trimestre e a linha de aquisição de controladas, líquido do caixa obtido na aquisição totalizou R$5,1 bilhões, devido à conclusão da aquisição dos negócios de carnes e refeições da Kerry Consumer Foods no final de setembro de 2021.
Por fim, o caixa da companhia encerrou o trimestre com R$23,3 bilhões. Adicionalmente, a JBS USA possui US$2,2 bilhões disponíveis em linhas de crédito rotativas e garantidas, equivalentes a R$11,9 bilhões ao câmbio de fechamento do trimestre, o que confere à JBS uma disponibilidade total de R$35,2 bilhões, mais de três vezes superior à sua dívida de curto prazo.
Já em dólares, a dívida líquida passou de US$9,1 bilhões no 3T20 para US$11,2 bilhões no 3T21 e a alavancagem reduziu de 1,60x para 1,49x neste mesmo período. A dívida líquida em reais aumentou de R$51,5 bilhões no 3T21, com a alavancagem reduzindo de 1,83x para 1,52x no período. Ambos bem saudáveis e bem abaixo das médias históricas.
Fonte: Release JBS 3T21
h2 Atualizações Por Segmento/h2
Seara: As vendas no mercado doméstico, que responderam por 51% da receita da unidade no período, totalizaram R$4,9 bilhões, 44% maior que no 3T20. A categoria de produtos preparados manteve a tendência de crescimento e registrou um aumento de 4,0% no volume e de 19,9% no preço médio de venda.
A companhia seguiu o foco em inovação e mantendo o ritmo de lançamentos. Só neste último trimestre, eles lançaram através da Incrível Seara, a primeira linha completa de cortes 100% à base de proteína vegetal do Brasil, tais como, cubos de frango, filé de frango, carne moída, bife bovino e tiras bovinas.
Também entraram no segmento de pimentas e criaram a linha Seara Super Picante, uma linha completa, exclusiva e limitada de produtos congelados. Além disso, lançaram o Frango de Padaria Seara e expandiram o portfólio de pescados.
No segmento de congelados, a marca Seara completou 28 meses consecutivos na liderança e alcançou 29,3% de market share valor, ampliando sua vantagem para 9,3 p.p. em relação à segunda colocada. No segmento de pizzas, a Seara alcançou a liderança como marca, com 34% de market share valor.
JBS Brasil: Esse segmento cresceu a receita em 35,3% frente ao 3T20. No mercado doméstico brasileiro, que representou 49% dessa unidade, a receita líquida apresentou um crescimento de 22,6% na comparação anual, principalmente devido ao aumento de 44,3% no preço médio de venda na categoria de carne bovina in natura, apesar de volumes 17% menores em meio a um cenário econômico mais desafiador.
Em outubro, a marca Friboi foi certificada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) como uma marca de Alto Renome, selo que garante a exclusividade do uso do seu nome em qualquer segmento de atuação. Além disso, a Friboi alcançou uma importante conquista ao ser eleita a marca de carnes mais lembrada do Brasil, segundo pesquisa do Top of Mind 2021.
JBS USA BEEF: Outro segmento que cresceu a receita acima de 30% no período. Nos EUA, a disponibilidade de gado permaneceu estável, mas o preço apresentou aumento de cerca de 20-22% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. A demanda por carne bovina continua crescendo nos mercados da América do Norte.
O progresso nas vacinações de Covid-19 acelerou a reabertura e reconstrução do canal de foodservice enquanto as vendas no varejo permaneceram fortes, impactando os preços da carne.
Por outro lado, os custos operacionais também foram maiores devido principalmente a aumentos nos custos de mão de obra e benefícios, bem como, frete e armazenamento.
A demanda global por carne bovina também continua muito forte, principalmente na Ásia, atualmente responsável por mais de 75% do total das exportações de carne bovina dos Estados Unidos.
A China continua aumentando sua participação mês após mês, e já se tornou o 3º maior destino das exportações americanas desta proteína. As exportações são um importante canal de venda para a carne bovina norte-americana.
A companhia está investindo mais de US$130 milhões na indústria de carne bovina dos EUA para aumentar a sua capacidade de produção e mais de US$150 milhões em aumentos salariais anualizados para colaboradores em suas nove fábricas.
Os investimentos são parte do compromisso estratégico de longo prazo da empresa com o sucesso e o crescimento futuro da indústria de carne bovina dos EUA.
JBS USA PORK: Essa é a quarta maior receita da companhia e teve crescimento de 42,2% a receita em relação ao mesmo período anterior. Mesmo incluindo o impacto da apreciação de 2,8% do câmbio médio (BRL vs. USD), que passou de R$5,38 no 3T20 para R$5,23 no 3T21, o resultado ainda foi bom.
Todavia, a escassez de mão de obra e de logística rodoviária continuam a limitar o crescimento da produção e de um mix melhor de produtos. De acordo com o USDA, o volume de produção da indústria de carne suína no terceiro trimestre de 2021 apresentou redução de 7,3% em comparação com o terceiro trimestre de 2020.
No acumulado do ano, os volumes de exportação de carne suína dos EUA caíram 1% em relação ao mesmo período do ano passado (fonte USDA). As exportações para a China diminuíram significativamente desde o início de 2021 (-37,1%), à medida que a produção doméstica de carne suína da China se recuperou após o surto de ASF, que afetou severamente o setor em 2018/2019.
No entanto, os volumes exportados para a China este ano ainda permanecem bem altos em comparação com os níveis históricos pré-ASF. Além disso, outros mercados tradicionais aumentaram seus volumes no acumulado do ano, como o México, o Japão e a Coreia do Sul, em 29,8%, 6,5% e 5,0%, respectivamente, o que aliado à capacidade dos produtores norte-americanos de expandir as suas vendas para diversos destinos internacionais, sustentou em bons patamares os volumes de exportação dos EUA.
Seguindo a estratégia de longo prazo de aumentar o portfólio de valor agregado e produtos de marca, e oferecer produtos ainda mais diversificados para clientes e consumidores, a companhia anunciou a compra da Sunnyvalley Smoked Meats, Inc., por US$90 milhões.
A Sunnyvalley produz uma variedade de produtos, como bacon defumado, presunto e peito de peru, para venda ao consumidor no varejo e no atacado sob a marca Sunnyvalley. A aquisição inclui uma unidade de produção em Manteca, na Califórnia, e a receita bruta anual da Sunnyvalley é de US$150 milhões.
Pilgrim’s Pride: Com um portfólio forte e equilibrado, a Pilgrim’s performou de maneira positiva no trimestre, com um EBITDA ajustado substancialmente superior aos resultados do 3T20 (R$2,4 bilhões, alta de 12,7%), bem como aos resultados mais normalizados do 3T19, superando os contínuos desafios trazidos pela pandemia do COVID-19.
Nos Estados Unidos, demanda e preços têm se mantido em patamares robustos. O negócio de foodservice avançou quando comparado ao mesmo período do ano anterior, atingindo níveis mais altos do que os pré-pandêmicos, enquanto os volumes de varejo permaneceram fortes.
O volume de produtos preparados aumentou 7% no geral e 16% no canal direto ao consumidor, à medida que a PPC aumentou a exposição de suas marcas Pilgrim’s e Just Bare no varejo em resposta ao crescimento contínuo do interesse em marcas nesse segmento.
As margens continuaram a melhorar também na operação de Big Bird, apesar de maiores custos de matéria prima e de operação, além de um mix de produtos abaixo do ideal devido à significativa escassez de mão de obra.
No México, os negócios mantiveram a boa performance, e o preço dos grãos se tornou mais moderado à medida que o negócio migra de um verão sazonalmente forte e se aproximava do outono.
Já na Europa, a Moy Park e a Pilgrim’s UK enfrentaram escassez de mão de obra e tiveram que lidar com a falta de caminhoneiros que deixarem o Reino Unido após o Brexit. Além disso, o aumento dos custos e a inflação dos preços dos grãos pressionaram as margens. Porém, apesar disso tudo, a PPC ainda foi capaz de atender os principais clientes no Reino Unido com um nível de serviço superior
h2 Conclusão e Valuation/h2
Chegamos à conclusão e aqui temos muitos pontos interessantes. O primeiro é que a companhia continua apresentando um resultado forte, com boa geração de caixa e receitas ainda crescendo.
Além disso, continua fazendo boas aquisições (foram mais 7 só em 2021), procurando aumentar o seu portfólio e diversificando em novos produtos (só para se ter noção, 55% da receita da companhia vem da parte doméstica dos EUA, o restante é entre exportação do Brasil e dos EUA também).
A demanda por US Beef continua forte, tanto na parte doméstica quanto na parte de exportação. As margens de Beef também estão normalizando e devem ser o “main driver” para isso acontecer.
Soma-se ao fato de a companhia ainda ter interesse de listar a parte de US nos EUA. Um processo que começou em 2019, mas que ficou “parado” devido a diversos eventos (pandemia, ESG, falta de clareza na estrutura, dentre outras).
Porém, a companhia já comentou que ainda é de interesse dela e que espera retomar o processo em 2022, vendo um desfecho até o final do ano. A companhia já começou a correr atrás de vários projetos ESG (como zero carbono e iniciativas contra o desmatamento). Entretanto, ainda temos o desafio de entender a estrutura, se a parte de Beef Brazil vai estar entro, como que fica as questões de taxas/impostos. Isso, só ano que vem ou mais.
Não tomaria a listagem como um cenário base, mas é algo que a própria companhia já comentou que vai retomar no próximo ano. Outro fator positivo, é a saída do BNDS, que já começou a vender metade da sua participação e daqui 90 dias retorna para finalizar.
Grande parte da venda foi absorvida pela própria companhia, o que indica que ela considera os preços em níveis bem atraentes. Além disso, vai de encontro ao programa de BuyBack (recompra) da JBS, que permite ela comprar até 10% do free-float (ações livres em circulação).
Falando em programa de recompra, só de recompra mais dividendos, a companhia pagou um yield de 15% (excluindo BuyBacks, é 8% de yield). Isso tende a se manter para os próximos anos, um pagamento bom de dividendos, dado a forte geração de caixa.
O que nos leva ao fator final, a companhia ainda negocia a um valuation atrativo. Várias de suas subsidiárias estão negociando a um desconto de 20% em relação a holding. Além disso, olhando o EV/EBITDA Forward para 2022, temos uma empresa negociando a 4,2x (abaixo de alguns peers globais e abaixo dos níveis históricos).
Fonte: Bugg & Economatica
Logo, considerando tudo que foi dito anteriormente, eu considero que a companhia deveria negociar a um fair value de R$51.
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