Retorno do Petróleo Iraniano Pode Ser uma Questão de "Quando", e não de "Se"

 | 19.07.2019 09:05

Ambos destruíram os drones um do outro e parecem estar prontos para mais conflito, mesmo dizendo que querem conversar. Embora poucos queiram dar uma chance à diplomacia da canhoneira ao estilo EUA-Irã, os touros do petróleo não devem baixar a guarda demais e achar que nada de novo pode acontecer aqui, pois, no remoto caso de que aconteça, é bem provável que a cotação do petróleo sofra outro colapso.

Na coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira junto à missão iraniana nas Nações Unidas, o Ministro de Relações Exteriores do país, Mohammad Javad Zarif, novamente sugeriu que as sanções do presidente dos EUA, Donald Trump, ao petróleo e aos líderes de Teerã fossem removidas – via Congresso, para dificultar sua reimposição –, somente então os dois lados poderiam conversar.

O The New York Times, ao tratar das exigências de Zarif, afirmou ser quase certo que o governo Trump as rejeitaria. Para que ocorram essas tratativas, não deve haver qualquer pré-condição, declarou Washington, que vê o Irã cada vez mais desesperado para se libertar das sanções.

Zarif foi evasivo ao falar se estaria disposto a se reunir com o senador Rand Paul, de Kentucky, emissário de Trump para avançar nas negociações e resolver a crise das sanções nucleares entre os dois países. Tudo o que o ministro iraniano se limitou a dizer foi que ele “veria pessoas do Congresso”.

Zarif também descartou a ideia de que, havendo conversas, elas acabariam se tornando um espetáculo mundial, como a cúpula entre EUA e Coreia do Norte, com a participação, desta vez, dos presidentes Hassan Rouhani e Donald Trump. O ministro iraniano complementou dizendo que não havia necessidade de “foto oficial” ou “um documento de duas páginas com uma grande assinatura”.

Mas, por trás de todo esse jogo de cena e das constantes ofensivas – um navio de guerra dos EUA no Estreito de Ormuz destruiu um drone de vigilância do Irã na quinta-feira, citando as familiares “razões defensivas” usadas por Teerã no mês passado –, parece haver um genuíno desejo de ambas as partes de pôr um ponto final nesse impasse que já dura mais de um ano.

E isso seria suficiente para colocar medo nos touros do petróleo. Bastante medo, na verdade.

Phil Flynn, analista sênior de mercado de energia da corretora Price Futures Group, em Chicago, dedicou grande parte da sua coluna matinal desta quinta-feira para falar sobre o que poderia acontecer com o mercado se houvesse um retorno do petróleo iraniano.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Touro declarado no petróleo, ele escreveu:

“Os traders de petróleo sabem que esse pode ser um divisor de águas. A possível remoção das sanções ao petróleo iraniano pode fazer com que o mercado saia de uma condição de subabastecimento para um cenário de excesso de oferta."

“Com base na experiência passada, sabemos a expectativa de retorno do petróleo iraniano ao mercado é bastante baixista.”

h2 EUA podem atender parcialmente as demandas iranianas/h2

É pouco provável que Trump concorde em deixar de lado todas as sanções que construiu contra o petróleo e os líderes iranianos para fazer Teerã se sentar à mesa de negociação.

Mas é possível que ele atenda parcialmente as demandas iranianas, suspendendo suas ações e iniciativas econômicas mais controversas contra a República Islâmica por determinado período – digamos, três meses – para dar uma chance ao processo de paz.