Retrospectiva - Como a Economia e a Política afetaram o Ibovespa em 2018

 | 25.12.2018 18:20

Fala Investidores,

Para você, leitor assíduo do Acorda Mercado, eu, Fabio Louzada, preparei uma retrospectiva completa para você sobre o que aconteceu na economia e na política e como isso afetou o Ibovespa.

Ficou um pouco longo, pois foi um ano cheio de acontecimentos, mas separe esse tempo pois é importante recordar sobre o ano que passamos, para chegar em 2019 ainda mais fortes!

Começamos em janeiro o ano de forma avassaladora, tanto que o Ibovespa subiu nada mais nada mais, nada menos do que 11,14% no mês.

O fato mais relevante que aconteceu, foi a condenação do ex-presidente Lula por unanimidade a 12 de anos de prisão por corrupção pela 8ª Turma do TRF-4, isso aconteceu no dia 24/01, e nesse dia o Ibovespa subiu 3,72%. E como recordar e viver, nesse dia o dólar fechou em R$ 3,13.

Outro fator importante, que aconteceu no mesmo dia, foi o IPO da PagSeguro (NYSE:PAGS) na bolsa de Nova York, sendo o maior IPO desde a oferta da Snap (NYSE:SNAP), dona do Snapchat, que tinha acontecido em março de 2017. A PagSeguro levantou cerca de US$2,7 bilhões, e nesse dia a ação chegou a subir 36%.

Em fevereiro entramos em um mês morno, com o Ibovespa subindo 0,52%. Em 05/02 o Ibovespa caiu 2,59%, após sair o relatório de emprego nos EUA, bem acima do esperado, e acender o alerta de um aumento nas taxas de juros nos EUA, para conter uma possível inflação. Isso abalou os mercados, pois já começaram a se falar de 3 a 4 altas de juros para 2019. Nesse dia também, foi a volta do recesso do Congresso, e o mercado não via a expectativa da reforma da Previdência passar ainda em 2018.

Já no dia 14/02, que foi quarta-feira de cinzas, o Ibovespa se aproveitou de um bom humor no cenário externo nos dias de feriado no Brasil, e subiu 3,26%. As commodities estavam subindo, tanto que o minério de ferro já estava na terceira semana seguida de alta, impulsionando a as ações da Vale (SA:VALE3) para uma alta de 5,98% nesse dia.

Em março, foi outro mês bastante morno no Brasil, tanto que o Ibovespa em nenhum dia subiu ou caiu mais de 2%. O Ibovespa fechou de lado, subindo 0,01%. O mercado estava apreensivo depois da condenação do ex-presidente Lula e quando ele seria preso e se seria preso, pois havia um receio do ex-presidente concorrer nas eleições presidenciais.

Além disso, no dia 08/03, os Estados Unidos deram início a guerra comercial, quando impuseram uma sobretaxa de 25% ao aço e 10% ao alumínio importado, excluindo apenas o Canadá e o México.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Em abril, o Ibovespa subiu pelo 4º mês seguido, com uma alta de 0,88%. O que marcou o mês foi a prisão do ex-presidente Lula, no dia 07/04, em um sábado, porém essa prisão foi possível somente após o STF rejeitar o habeas corpus da defesa de Lula, por 6 votos a 5, no dia 04/04, isso deu abertura para que Sérgio Moro mandasse prender o ex-presidente.

Outro dia importante no mês, aconteceu em 18/04, quando o Banco Central da China, cortou em 1% o compulsório bancário, essa medida liberou cerca de 1,3 trilhão de Yuans, em torno de US$ 207 bilhões, tanto que nesse dia foi a maior alta do mês no Ibovespa, subindo 2,01%.

Em maio o bicho começou a pegar, o Ibovespa fechou com queda de 10,87%! O cenário externo começou a piorar com o avanço da guerra comercial e no Brasil, sofremos com a greve dos caminhoneiros.

No dia 17/05, a guerra comercial se acentuou mais, quando o presidente norte-americano Donald Trump, afirmou que as conversas com a China não teriam sucesso. Nessa altura o dólar já estava em R$ 3,70. Outro fator importante, foi que na reunião do dia 16/05 do Copom, o mercado esperava um corte de 0,25% na taxa de juros, de 6,5% para 6,25%, porém o Banco Central não cortou os juros, derrubando o Ibovespa nesse dia em 3,37%.

Porém o que derrubou de fato o Ibovespa em maio, foi a greve dos caminhoneiros que iniciou no dia 21/05, e pegou o mercado em cheio no dia 23/05, quando a população começou a se dar conta dos prejuízos da greve. Ninguém conseguia abastecer os carros, os produtos não estavam chegando nas prateleiras do mercado, entre outros problemas que afetaram a economia. No dia 23/05 a bolsa caiu 2,26%.

No dia 28/05, a Petrobrás caiu mais 14%, sendo a maior queda desde o famoso Joesley Day’s, no dia 18 de maio de 2017. Aos leigos, esse foi o dia da delação premiada da JBS (SA:JBSS3), que divulgou os áudios de Michel Temer. Nesse dia, o Ibovespa despencou 4,49%, pois a greve continuava avançando, tanto que nesse dia os petroleiros também aderiram à greve. Nesse dia também, o Governo anuncio a redução do preço do diesel para os caminhoneiros, o que não soou tão bem para os acionistas da Petrobrás.

Em junho, tivemos o desfecho dessa greve, em mais um mês forte de queda, com o Ibovespa caindo 5,20%.

A greve acabou de fato, apenas em 01/06, quando Pedro Parente pediu demissão da Petrobrás. Nesse dia, a empresa perdeu mais de R$ 40 bilhões de valor de mercado. No dia 02/06, Ivan Monteiro assumiu o controle da estatal.

No dia 05/06, um fato importante foi a suspensão das privatizações pelo Tribunal Regional do Trabalho, isso fez com que as ações da Eletrobrás desabassem mais de 8%, o que acabou impactando ainda mais a Petrobrás, que já estava fragilizada após a greve, caindo mais 5,36%, derrubando o Ibovespa nesse dia em uma queda de 2,49%.

Em 07/06 o dólar já estava em R$ 3,96, e a Petrobrás continuava sofrendo por conta da perda da autonomia da empresa com a interferência do Estado. Além disso, o cenário eleitoral começava a preocupar. Nesse dia o Ibovespa caiu 2,98%.

No dia 19/06, iniciamos a novela da cessão onerosa da Petrobrás, uma alternativa para cumprir o teto dos gastos em 2019, que poderia ser a redenção da Petrobrás, que nesse dia viu suas ações subirem mais de 6%, causando uma alta de 2,26% no Ibovespa.

Essa notícia boa durou pouco, pois o cenário externo voltava a preocupar, com o aumento da tensão entre EUA e China. Os Estados Unidos ameaçaram a taxação de 10%, sobre US$ 200 bilhões em produtos importados da China. Não bastasse isso, a Petrobrás caiu mais de 5%, pois foi iniciado um processo no Tribunal Superior do Trabalho de cerca de US$ 17 bilhões contra a empresa.

Em julho voltamos a ter um ótimo mês para a bolsa, quando o Ibovespa subiu 8,88%. A subida foi de forma gradual, tanto que em nenhum dia a bolsa subiu ou caiu mais de 2%, acho que os investidores estavam de olho na Copa do Mundo, que se encerrou em 15/07!

Alguns fatores foram importantes para essa alta de julho, o principal deles foi o apoio do Centrão ao candidato Geraldo Alckmin, que tinha o mercado ao seu lado, como principal candidato para realizar a agenda reformista. A temporada de balanço das empresas norte-americanas com os resultados do segundo trimestre, também ajudaram.

Em agosto entramos em campanha eleitoral e nas pesquisas! As campanhas iniciaram oficialmente em 16/08. Nesse mês, o Ibovespa caiu 3,21%.

Já no dia 03/08, o Ibovespa subiu 2,26%, quando Alckmin anunciou Ana Amélia como vice, animando o mercado. Uma semana depois, no dia 10/08, o cenário externo não colaborou, mas precisamente a Turquia, que teve sua moeda desvalorizada em 20%, por conta da preocupação de que as empresas da Turquia e o governo não conseguiriam pagar a dívida em dólar. E nesse dia os EUA autorizaram a duplicação nas tarifas de importação de aço e alumínio da Turquia. Além disso, muitos bancos possuíam títulos do governo turco, bancos como BBVA (MC:BBVA), UniCredit (MI:CRDI) e BNP Paribas (PA:BNPP), causando ainda mais preocupações para o mercado, que derrubou o Ibovespa nesse dia em 2,86%.

Em 22/08, o Ibovespa voltou a subir 2,29%, porém foi apenas uma recuperação da queda dos dias anteriores. Lembrando que a campanha eleitoral se iniciou em 16/08 e a primeira pesquisa Ibope após o início das campanhas apontou Lula com 37% e Bolsonaro com 18%, lembrando que a candidatura de Lula ainda não tinha sido impugnada pelo TSE.
Já no dia 27/08, o Ibovespa voltou a subir mais 2,19%, porém nesse caso motivado pelo cenário externo, pois nesse dia os EUA avançaram com o México em relação ao NAFTA.

Já no dia 30/08, o Ibovespa caiu 2,53%, com o cenário interno e externo, o dólar nessa altura já estava em R$ 4,14 e aversão ao risco estava alta. No cenário interno, Lula estava crescendo nas pesquisas e não tinha sua candidatura impugnada ainda. Já no cenário externo, os EUA cumpriram o prometido e taxaram em US$ 200 bilhões os produtos importados da China.
Para fechar o mês de agosto, no dia 31/08, em uma noite de sexta-feira, o TSE julgou e impugnou a candidatura de Lula, logo depois, o PT oficializou Haddad como candidato.

Chegamos em Setembro, com uma nova alta do Ibovespa, que subiu 3,48%, em um mês focado exclusivamente em pesquisas eleitorais, sendo um mês chato!

Um dia importante, foi o dia 03/09, quando iniciamos o Acorda Mercado, mudando a sua rotina de se informar sobre o mercado financeiro!

Peixe já vendido, voltamos a retrospectiva no dia 06/09, onde houve um fato bastante relevante para a história, que foi o atentado de Adélio Bispo ao candidato Jair Bolsonaro, o que colocou mais fogo no cenário eleitoral.

Em 11/09, foi a primeira pesquisa eleitoral após a facada em Bolsonaro. O mercado se decepcionou, pois não viu o Bolsonaro crescer nas pesquisas. Nesse dia o Ibovespa caiu 2,33% e o dólar já estava em R$ 4,15.

Chegamos a outubro, quando a volatilidade chegou de fato ao Ibovespa, em 9 pregões o Ibovespa subiu ou caiu mais de 2%! Nesse mês, o Ibovespa subiu 10,19%, mesmo com o cenário externo derretendo. Nesse mesmo mês, o S&P500 caiu 7,31%, o Dow Jones 6,38% e o Nasdaq perdeu 8,96%.

As eleições aconteceram em 07/10 e Bolsonaro e Haddad foram para o segundo turno, Bolsonaro com 46,03% dos votos válidos e Haddad com 29,28%. Na semana das eleições, a expectativa de vitória do Bolsonaro era alta, com isso o Ibovespa subiu 3,8% em 02/10 e 2,04% em 03/10. O mercado financeiro nessa altura do campeonato, dava confiança ao Bolsonaro, por conta da figura de Paulo Guedes, que seria o Ministro da Fazenda no governo dele. Outro fator importante, foi a expressiva votação de membros do PSL para a Câmara, que poderia dar governabilidade ao Bolsonaro.

Como Bolsonaro quase levou no primeiro turno, a confiança para ele ganhar no segundo turno era alta, tanto que o Ibovespa, no dia seguinte as eleições, em 08/10, subiu 4,57%. Porém, no dia 10/10, uma fala de Bolsonaro causou preocupação no mercado, falando que a reforma da previdência teria que ser de forma gradual e que não tinha como arrumar a proposta de Temer para passar ainda em 2018, isso derrubou o Ibovespa em 2,80%.

Em 16/10, a pesquisa eleitoral do Ibope, mostrou uma distância de 18 pontos de Bolsonaro para a Haddad, que não conseguia diminuir a distância, com isso o Ibovespa subiu 2,83%. Em 18/10, a bolsa voltou a sentir o cenário externo pior e para piorar, Ilan Goldfajn demonstrou que não seguiria no comando do Banco Central, derrubando o Ibovespa em 2,24%. No dia 24/10, com mais uma piora no cenário externo, o Ibovespa caiu 2,62%.

Em 28/10, Jair Bolsonaro foi eleito o 38º Presidente do Brasil, com 55,13% dos votos válidos. Como o resultado já era esperado, os investidores aproveitaram para realizar os ganhos, e o Ibovespa caiu 2,24% no dia 29/10. Porém, um dia depois, os investidores retomaram as compras, após Bolsonaro falar que a reforma da Previdência seria prioridade nesse Governo e que poderia até rever a proposta de Temer. Com isso o Ibovespa subiu 3,69% em 30/10.

Em novembro, o Ibovespa voltou a subir, com 2,38% de alta, com a expectativa pelo Governo Bolsonaro.

Em 06/11, tivemos eleições nos Estados Unidos, e os Democratas retomaram a maioria da Câmara e os Republicanos se mantiveram com a maioria no Senado. Em 08/11, o Ibovespa caiu 2,39%, com o aumento da aversão ao risco no cenário externo e um início de preocupação com a habilidade do governo Bolsonaro em negociar com a Câmara e com o Senado.

Em 16/11, o Ibovespa subiu forte por conta de MPs que autorizaram venda das distribuidoras da Eletrobrás, além disso acendeu a possibilidade da cessão onerosa ser votada ainda em 2018, isso fez com que o Ibovespa subisse 2,96%. Em 27/11, novamente veio à tona a possibilidade da votação da cessão onerosa ainda esse ano, e o Ibovespa subiu mais 2,74%.

Chegamos em dezembro, onde a baixa acumulada até a gravação desse vídeo, 24/12, estava em 4,30%, porém em 2018, o acumulado está em uma alta de 12,17%.

Em 03/12 o Ibovespa subiu pouco, apenas 0,35%, porém o suficiente para cravar um novo recorde, em 89.820 pontos, que deve ser o recorde histórico. No dia 10/12, as brigas entre membros do PSL preocuparam mercado, além disso o cenário externo preocupa, com guerra comercial entre EUA e China, crise fiscal na Itália, crise econômica e social na França e desconfiança com o Brexit, deixando o mercado bastante preocupado com o que vai acontecer em 2019.

O balanço do ano foi bastante positivo, o cenário externo preocupa mais do que o cenário interno.
Aqui no Brasil, Bolsonaro terá dificuldades com a Câmara e o Senado, e isso pode impactar as decisões sobre reformas, porém está claro que a equipe forte, encabeçada por Paulo Guedes, está preocupada com a questão fiscal. Já no cenário externo, que preocupa mais, está nítido que haverá uma desaceleração na economia global, com os Estados Unidos até diminuindo a intensidade da alta dos juros para 2019, a China com dados cada vez mais fracos e com a Europa cheia de problemas.

Esses desafios vocês poderão acompanhar aqui na página do investing, com o seu Acorda Mercado de cada dia.

Ah, se eu esqueci de alguma coisa que você acha que foi relevante para nossa economia em 2018, comenta aqui, comentários são sempre bem-vindos!

Forte abraço, e um feliz 2019 para todos!!

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações