Saiba como superar os índices de mercado

 | 23.06.2023 06:05

No meu último artigo aqui no Investing, prometi verificar se a estratégia smart beta com base em indicadores fundamentalistas tem apresentado bons resultados. Apenas para relembrar o leitor, uma estratégia smart beta visa a combinação entre a gestão ativa (de forma que a carteira formada seja baseada em pelo menos um fundamento e não pelo valor de mercado das empresas) e a passiva (caracterizada pela realocação pontual dos ativos dentro do portfólio do investidor). O intuito dessa estratégia é mostrar que até mesmo o investidor não profissional consegue gerir sua carteira sem muito trabalho e que é possível diversificar seu portfólio, reduzindo, assim, o risco e otimizando o retorno.

A fim de tornar o estudo o mais prático possível para o investidor, analisei o histórico de retornos dos últimos 12 meses. Sendo mais detalhista, no período compreendido entre 01/06/2022 e 15/06/2022. Para isso, tive que me basear nos resultados financeiros do ano de 2021 das empresas. Caso a análise fosse do exercício de 2022 e considerando o tempo de divulgação dos resultados das companhias, teríamos no máximo dois meses de análise da performance das ações, ou seja, um período muito curto para qualquer tipo de análise. Aqui vale uma observação: para uma análise mais completa e acurada, é necessário analisar o desempenho das carteiras smart beta ao longo de alguns anos, como mencionado em meu último artigo, porém a análise de um único ano serve para mostrar que é possível sim adotarmos essa estratégia.

Após a definição da janela de análise, foram selecionados os seguintes indicadores fundamentalistas: receita líquida, EBIT e caixa líquido das atividades operacionais. Além desses indicadores, foi realizado um filtro de acordo com a volatilidade das ações e ordenadas de forma crescente. Todos os dados foram extraídos da Quantum Finance, plataforma de informações financeiras e gestão de investimentos. Vale (BVMF:VALE3) salientar que as empresas analisadas foram apenas as pertencentes ao índice IBrX 100 a fim de evitarmos análises distorcidas por falta de liquidez de alguma ação. Além disso, quando uma empresa selecionada possui mais de um tipo de ação negociada, foi selecionada a de maior liquidez. Por fim, estabeleceu-se o limite de 10 ações na carteira, por dois motivos: i) há na literatura de diversos artigos acadêmicos (Alexeev e Dungey, 2015; Stotz e Lu, 2014; Zhou, 2014; entre outros) que mostram que carteiras com 8-10 ações já tem o máximo benefício da diversificação, isto é, há eliminação do risco único (também chamado de risco específico ou risco não sistemático) das ações e o risco da carteira é proveniente apenas do risco sistemático (risco de mercado). Na figura 1, podemos observar como ocorre o processo de diversificação; ii) facilidade do investidor em rebalancear ou realocar sua carteira de acordo com a atualização ano após ano dos indicadores fundamentalistas.

Figura 1: Diversificação do risco único