Seis Razões Para Você NÃO Investir no IPO do Uber

 | 17.04.2019 13:23

Direto ao ponto

A minha recomendação é NÃO participar do IPO da Uber (NYSE:UBER), pois os riscos associados ao crescimento da empresa são altos.

Na coluna eu irei falar sobre os principais motivos para questionar o investimento no IPO da Uber

  1. IPO da concorrente Lyft (NASDAQ:LYFT) surpreendeu negativamente;

  2. Alto consumo de caixa para fazer a operação rodar;

  3. Desaceleração do crescimento futuro;

  4. Viés no Brasil e nos EUA de que o Uber é maior do que ele realmente é devido à forte presença nestes dois países;

  5. A Uber terá dificuldade em fazer novas rodadas de investimento no futuro pelo valuation atual; e

  6. A empresa pode nunca se tornar lucrativa.

Perfil da empresa

Fundada em 2009, a Uber é uma empresa multinacional americana que presta serviços na área do transporte urbano, através de um aplicativo mobile que permite a busca por motoristas baseada na localização do usuário.

Tamanho da oferta

Com a operação, a Uber planeja captar em torno de US$ 10 bilhões. O número ficaria entre as maiores captações da história dos EUA. A empresa será avaliada entre US$ 90 e US$ 100 bilhões. O valor veio menor do que os dados preliminares, que indicavam que esse valor seria algo em torno de US$ 120 bilhões.

1. Uber x Lyft

A cifra foi muito superestimada pelos bancos coordenadores da oferta, que recuaram com o susto em decorrência do que aconteceu com a Lyft, concorrente da Uber, semanas atrás em seu IPO na Nasdaq.

2. Consumo de caixa

No ano de 2018, a companhia obteve um Ebitda ajustado positivo, o que pode levar a uma análise mais positiva em um primeiro momento, no entanto, ao desconsiderar a venda de ativos e participações que a companhia detinha, principalmente na Ásia, esse valor ainda é bem negativo.

O Ebitda (sem os ajustes) foi negativo em US$ 3 bilhões, o que significa que a Uber ainda gasta muito caixa para fazer sua operação funcionar.

3. Desaceleração do crescimento

Fato é que para uma empresa como a Uber (praticamente uma startup) os resultados e número recentes dizem muito mais do que do ano anterior, afinal é um business que muda e cresce muito. A receita no ano de 2018 somou US$ 11,27 bilhões, um forte crescimento de 42,1% sobre os US$ 7,93 bilhões obtidos em 2017, no entanto, como já estava acontecendo, ocorreu uma desaceleração no crescimento.

A receita líquida ajustada, utilizada para observar o resultado da atividade core, obteve um ano de 2018 fraco, com destaque negativo para quarto trimestre que obteve uma retração na receita na comparação com o terceiro. Resultado de uma alta competição com os concorrentes com redução de preços e aumento de incentivos aos usuários e motoristas, um dos pontos negativos de um negócio com baixas barreiras de entradas.

O crescimento do Gross Bookings – que é o valor total das viagens antes que o Uber faça o pagamento aos motoristas, uma forma de medir demanda geral para os vários serviços da Uber – também mostra uma desaceleração em 2018, o que levanta mais uma luz amarela em conjunto com a desaceleração da receita (terceira).

4. Tamanho da Uber no Brasil

O Brasil é o segundo maior mercado do Brasil no mundo, fato que nos faz ter visão enviesada do que a Uber de fato é no mundo, pois achamos que o que temos aqui é da mesma forma no restante do mundo, e não é bem assim a história. Nos EUA (principal mercado), existe este mesmo tipo de viés com a Uber, o que acaba gerando uma expectativa diferente da realidade, mais uma bandeira amarela (quarta).

5. Próximas rodadas de investimento

O alto consumo de caixa é algo que é comum em startups e em companhias onde a principal tese é o de crescimento. No caso da Uber, o consumo de caixa foi financiado com as rodadas de investimentos que já somam 22.

No entanto, as dimensões da Uber são grandes. Muito provavelmente a companhia não conseguirá se tornar lucrativa com a rodada de investimentos atual (IPO) e precisará de novos aportes. Bom, quando se é uma empresa pequena, isso é plausível, no entanto quando se é uma empresa de proporções astronômicas e de capital aberto a situação se agrava e muito.

Afinal, dificilmente algum Venture Capital (gestoras de investimentos que investem em empresas em desenvolvimento), irá fazer tal rodada por três motivos principais:

  1. Eles já estão pensando no momento desinvestimento;

  2. O valuation já está extremamente alto; e

  3. Alto volume da rodada

Para mim não sobram muitas dúvidas que a Uber precisará de mais rodadas de investimentos para se tornar lucrativa (se isso de fato acontecer), e esse aumento de capitais se dará via follow-on (ofertas subsequentes) em Bolsa – o que nunca se mostra positivo para os acionistas atuais.

Se tivermos algum problema de liquidez no mundo nos próximos anos – o que pode ocorrer, as empresas que dependem de novas rodadas de investimentos podem encontrar grandes problemas para realizar captações/ofertas por valuations similares.

6. A empresa pode nunca se tornar lucrativa

Em suma, é tudo muito lindo: uma linda história, um crescimento lindo, um modelo de negócios incrível, um business disruptivo, socialmente sustentável e que ajuda a qualidade do trânsito. Só esqueceram de um ponto principal: não é lucrativo! Inclusive a própria empresa admitiu que pode nunca se tornar lucrativa.

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