Semana Dominada Pela Nova Cepa

 | 06.12.2021 09:19

A nova cepa Ômicron deve direcionar o humor dos mercados nesta semana. As primeiras impressões são de que esta é mais transmissível do que as anteriores, “escapa” um pouco das vacinas, mas muitos a consideram mais “leve”. Aguardemos os próximos dias para uma opinião mais balizada.

Em paralelo, nos EUA espera-se um Fed se mais agressivo no combate à inflação, já considerando uma antecipação no fim do ciclo de retirada de estímulos, pelo tapering, e o início da elevação do juro mais cedo.

Na agenda, o Reino Unido deve divulgar os dados do PIB do terceiro trimestre, antes da reunião do Bank of England. No Brasil, toda atenção para a última reunião do Copom no ano, por enquanto, em consenso, uma elevação da Selic em 1,5 ponto percentual, a 9,25%. Espera-se, depois, mais uma (ou duas), para a taxa estar em torno de 11% a 11,5% em março do ano que vem. O horizonte de política monetária deve se ampliar à 2023 e 2024 (além de 2022).

Na geopolítica global, preocupam as tensões crescentes de que a Rússia possa invadir a Ucrânia, na entrada de 2022, e também o “estresse” entre China e Taiwan.

Sobre esta nova variante

Segue se alastrando a nova variante Ômicron pelo mundo, havendo dúvidas, no entanto, sobre sua gravidade, se mais infecciosa do que outras cepas, e se as vacinas proporcionam proteção. Mais algumas semanas são necessárias.

O fato é que esta variante parece se alastrar mais rapidamente do que as outras. Segundo um estudo preliminar na África do Sul, a taxa de reinfecção é três vezes mais agressiva do que a variante Delta. Além disso, esta cepa tem maior capacidade de infectar pessoas que já tiveram Covid19. Importante destacar o inverno no Hemisfério Norte como um agravante. Por outro lado, embora “escape” das vacinas, ao que parece, a cepa não deve provocar casos graves.

O FMI deve revisar suas previsões de crescimento da economia global para este ano e o próximo.

Nos EUA

Semana de PPI e CPI de novembro, a serem divulgados na quinta e sexta-feira, respectivamente. Em outubro, o CPI registrou 6,2% pela taxa anualizada, maior em 30 anos, reflexo da crise nas várias cadeias produtivas globais. Faltam variados insumos nos setores da economia, o que gera uma pressão de alta nos custos e preços finais das empresas. Para novembro, pela taxa anual, as previsões de CPI apontam 6,7%.

Nos bastidores, o que se tem é que ao final deste mês, na reunião do FOMC, o debate deve girar em torno do ciclo de tapering, a ser apressado, e a taxa Fed Funds a ser elevada. Dizem que a redução dos estímulos deve ser acelerada a partir de janeiro, ir até março, quando teremos o início do ciclo de juro. A precificação desta taxa de juros varia entre 0,25 ponto percentual nas reuniões do FOMC de março e de junho e 0,50 ponto percentual em novembro ou dezembro.

No relatório Payroll de emprego de novembro, na sexta-feira, o menor crescimento na geração de vagas, nada deve alterar sobre esta estratégia do Fed.

Foram 210 mil empregos gerados, com a taxa de desemprego a 4,2%, contra 4,6% em outubro, menor nível desde fevereiro de 2020, além de incremento nos salários. Esperavam-se mais 510 mil vagas, contra 531 mil em outubro.

No Brasil

Numa semana pesada de negociações em torno da PEC dos precatórios, mais impasses nos esperam.

Agora, a PEC deve retornar à Câmara, devido ao Senado ter alterado as principais medidas. A dúvida é saber se deve haver um parcelamento, com as medidas a serem alteradas separadas das consensuais. Mesmo assim, o prazo das que devem ser alteradas é bem apertado, lembrando que devem passar de novo pela CCJ, atravessar dez sessões, passar por dois turnos em plenário, etc. Com isso, inevitável que estas alterações fiquem para o ano que vem.

Nesta semana, também, a reunião do Copom, com a inflação no centro das atenções. Vejamos o que sai da pesquisa Focus. Na terça-feira, temos o IGP-DI de novembro, na quarta-feira os dados de varejo (PMC) e o fluxo cambial e na sexta-feira o IPCA. Em outubro fechou com a taxa anualizada a 10,89%. Na reunião do Copom da semana, parece consenso a elevação de 1,5 ponto percentual, a 9,25%.

Na Zona do Euro

Segundo Christine Lagarde, presidente do BCE, “a inflação é uma preocupação para muitos cidadãos da área do euro no momento, mas estamos confiantes que deve perder força em 2022”. Disse que não sabe a extensão da Ômicron e acrescentou que o BCE precisa orientar os mercados da região.

Sua expectativa é de que os preços da energia cedam em 2022. Por lá, a expectativa é de que os estímulos monetários (PEPP) cessem em março. No entanto, pouco provável que haja elevação de juro em 2022.

Os estoques de gás natural na Europa se mantem em patamares preocupantes. A Rússia vem escoando sua produção excedente para a região, mas em ritmo muito lento e errático, o que vem gerando certa volatilidade nos preços do gás natural (ver ao fim).