Semana Fundamental Para a Economia

 | 25.08.2020 08:46

A semana contém vários itens na agenda com capacidade de mexer com a precificação dos ativos no mundo, e principalmente no Brasil.

Antes disso, no exterior, teremos a reunião anual de bancos centrais de Jackson Hole, com fala prevista do presidente do FED, Jerome Powell na quinta-feira. Também teremos indicadores bem importantes como o PIB da Alemanha no segundo trimestre, atividade industrial de Richmond, e encomendas de bens duráveis nos EUA, lucro da indústria na China e o deflator de preços no consumo (PCE), que o FED olha com lupa.

Mas, certamente, o mais importante será a fala de Jerome Powell, pois pode mudar um pouco o direcionamento da política monetária americana, deixando mais clara qual será a abordagem da inflação nos próximos tempos. A ideia central é que a inflação possa ficar um grande período acima da meta de 2%, depois de ter passado alguns anos abaixo disso. Ou seja, trabalhar com média ao redor da meta. Isso claramente mexerá com juros e câmbio diretamente.

Aqui, as expetativas estarão voltadas para a divulgação da prévia de inflação medida pelo IPCA-15, mas assim como nos EUA, o vetor mais importante (além de outros indicadores que serão apresentados) será o pacote de medidas que a equipe de Paulo Guedes chamou de “Big Bang” que deve ser mostrado no dia 25/8. Segundo o noticiário dele, consta a antecipação do programa Renda Brasil para ainda esse ano, cortes de despesas selecionadas, obras públicas prioritárias, estímulo ao emprego, atração de investimentos privados e o processo de privatização.

Isso soa para os economistas e investidores como música de boa qualidade, mas teremos que aguardar para ver como tudo isso se incorpora à necessidade de reordenação de nossas contas públicas no pós-crise. Além disso, as dificuldades que teremos em atrair investidores, notadamente os estrangeiros, muitos dos quais estão fazendo o movimento inverso, por conta das incertezas globais e do próprio Brasil. Basta citar que o fundo soberano da Noruega com ativos da ordem de US$ 1,1 trilhão, tem reduzido posição de ações no Brasil para US$ 5,2 bilhões (no final do ano de 2019 era de US$ 7,6 bilhões), enquanto na renda fixa detinham US$ 2 bilhões e hoje não consta de demonstrativo.

Nesse aspecto surge como crucial saber como o governo endereçará o orçamento de 2021. Se não for bem estudado pelo Congresso, os cortes de despesas, auxílio emergencial, BPC e outros, pode ocorrer um estouro já nesse ano, e não dá para aceitar maquiagens em contas públicas. Algumas coisas poderiam andar mais rápidas como marcos regulatórios (destaque para gás), ou ainda a independência do Banco Central, situações já razoavelmente aceitas pelo Congresso e de interesse do Executivo. Mas seria bom colocar também o Judiciário nessa mesma “vibe”, para evitar recorrências e atrasos.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Outra situação que não agrada muito se refere a reforma tributária e eventual aumento da carga, num país que já não suporta mais pagar impostos sem a correspondente prestação de serviços públicos. Um ponto contra é que depois da pandemia, o Congresso ficou mais benevolente com aumentos de tributos e reforma.

Vamos ter que torcer bastante pela clarividência do presidente Bolsonaro em domar a atitude “fura teto de gastos” de uma ala do seu governo, ao mesmo tempo, em que Guedes, seu “posto Ipiranga” permanece prestigiado. Vamos ter que torcer para que o projeto liberal seja mantido minimamente e que o presidente não seja completamente seduzido pelo populismo, visando a reeleição de 2022.

O Brasil precisa disso, do ajuste das contas públicas e fiscais, além de uma boa reforma administrativa.

Alvaro Bandeira é sócio e Economista-chefe do banco digital modalmais

Publicação Original

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações