Semana Terá Reação ao 1º Turno, Varejo, Atividade Chinesa e Inflação nos EUA

 | 07.10.2018 22:57

O foco do mercado e dos investidores na semana — mais curta em função de feriado nos EUA, na segunda-feira (Dia do homenagem a Cristóvão Colombo e do descobrimento da América) e sexta-feira no Brasil (Dia de Nossa Senhora Aparecida) — estará totalmente concentrado na divulgação dos resultados do primeiro turno das eleições. Além dos nomes apontados para presidente e governadores, em primeiro ou segundo turno, os analistas estarão de olho nas definições sobre a formação do Congresso Nacional, que darão ideia do potencial do Executivo para a aprovação das tão esperadas reformas na economia a partir do começo do ano que vem.

Ambiente externo mais benigno favoreceu emergentes e amenizou ‘efeito eleição’ em setembro

Ao longo do mês de setembro, lembram analistas da Franklin Templeton em relatório, o fluxo de notícias no front internacional foi mais positivo, com o arrefecimento das tensões comerciais entre EUA e China e o Fed (Banco Central americano) mantendo uma visão gradualista e serena a respeito das altas futuras nas taxas de juros. “Esse ambiente global mais benigno favoreceu as moedas e bolsas de países emergentes, contrabalanceando, no caso do Brasil, as tensões políticas vindas da eleição”, diz Rodrigo de Rosa Borges, CIO de Renda Fixa.

Desta forma, o real ficou estável em torno de R$ 4,05, enquanto o Ibovespa (índice que reflete o desempenho das principais ações da B3, antiga Bovespa) apresentou alta de 3,50% e o CDS (seguro contra calote do Brasil no exterior) recuou de 302 para 263. Na renda fixa também houve melhora, medida por sinais como queda da taxa de juros prefixada com vencimento em 5 anos, que recuou de 11,63% para 11,40%, ou nas taxas pagas pela NTN-B (vencimento 2022), que caíram de 5,51% para 5,41%.

Já a primeira semana de outubro foi marcada pela alta dos juros de mercado nos EUA, com o juro do título do Tesouro de dez anos passando de 3,2% ao ano pela primeira vez desde 2011. O quadro foi motivado, segundo analistas do Banco Fator, principalmente pela manifestação de Jerome Powell, assim como de outros membros do Fomc (Comitê de Mercado Aberto do Banco Central americano), sobre a política monetária. E também pela divulgação dos fortes resultados do mercado de trabalho dos EUA de setembro — mantendo as dúvidas sobre quantas altas de taxas ainda vão ocorrer. A elevação dos juros causou apreciação do dólar frente às demais moedas fortes do mundo.

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Semana foi positiva para a bolsa

No entanto, apesar da expectativa de que seria tumultuada para os mercados de risco no Brasil, a semana acabou sendo positiva — prevalecendo a motivação política e movimentação no cenário eleitoral. As pesquisas, no conjunto, foram positivas para o candidato Bolsonaro, que viu sua intenção de voto crescer, segundo turno mais favorável e com o nível de rejeição baixando.

Com a pesquisa do Ibope no início da semana mostrando alta do candidato do PSL, ampliando as leituras de que poderia vencer já no primeiro turno, o Ibovespa ultrapassou os 85 mil pontos e o dólar chegou a recuar para R$ 3,84, com ajuda de recursos de curto prazo dos investidores estrangeiros. Mas o otimismo foi esfriado diante da pesquisa mais recente, menos favorável, que voltou a sinalizar maior probabilidade de segundo turno. O dólar, ainda assim, acumulou queda de 4,81%.

Piquenique à beira do vulcão’

Para o sócio e economista-chefe da Moldamais, Alvaro Bandeira, a semana que entra poderá ser algo parecido a ‘um piquenique à beira do vulcão’, uma vez que os agentes do mercado ainda “terão que reajustar rapidamente as expectativas, em função do resultado das urnas”.

Incerteza interna continua; candidatos terão de se posicionar mais claramente

“Diante de tamanha incerteza em relação à linha de comando do país, consideramos que, além do cenário internacional mais favorável (em setembro), boa parte da melhora decorra da expectativa, vazada propositalmente na imprensa, de que, caso eleito, o candidato petista adotará uma postura mais voltada ao centro”, avalia Frederico Sampaio, CIO de Renda Variável da Franklin Templeton, comentando a situação de Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro estarem muito próximos em eventual segundo turno.

Neste caso, avalia Sampaio, a equipe econômica teria um perfil mais moderado e alinhada com as reformas econômicas necessárias para a sustentabilidade do endividamento público e volta do crescimento econômico, limitando o risco de downside. “Embora tal fato possa de fato ocorrer, achamos que ainda é cedo para tomarmos essa hipótese como 100% verdadeira — e mantivemos posicionamento moderadamente defensivo”, escreve o executivo.

Vitória no primeiro turno seria melhor para os mercados

Para Bandeira, da Modalmais, a melhor alternativa para os mercados seria Bolsonaro, assessorado por Paulo Guedes, vencer já no primeiro turno, fazendo discurso mais próximo de reformas e privatização.

“Mesmo assim, ainda vamos ter de esperar por outras definições, de equipe, profundidade e celeridade de implantação das reformas. Mas os mercados vão comemorar, com Bovespa em alta, juros e dólar em queda”, prevê. Por outro lado, diz, se houver segundo turno e Bolsonaro estiver melhor situado, os mercados ainda teriam espaço para ajustar em alta. “Se não, a tendência será de realização de lucros de curto prazo”, analisava o economista na última sexta-feira.

Olhando para o setor externo, Bandeira diz que o cenário é mais promissor, mesmo considerando discursos mais duros de dirigentes do Fed e expansão dos juros dos notes de dez anos com taxa já na casa de 3,21%. “No ambiente comercial, o quadro pode ser mais ameno com negociações com o Japão e também, na volta do feriado, com a China”, analisa.

Volatilidade deve continuar e exige prudência

A conclusão de Bandeira é que a volatilidade dos mercados não terminará com o primeiro turno, podendo ocorrer justamente o contrário. Segundo ele, é necessário agir com prudência na avaliação de comportamento de curto, médio e longo prazo. “Avaliando pela análise técnica, se conseguirmos romper o patamar de 87.500/88.000 pontos (no Ibovespa), o mercado poderia ingressar em zona de recordes sucessivos”, afirma. “Mas é fundamental que fluxos canalizados sejam mantidos”, completa.

Vendas no varejo e IGP-DI: destaques na agenda econômica

Na agenda econômica local, será divulgado na quinta-feira o resultado das vendas no varejo restrito relativas a agosto, que, pelas projeções do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco (SA:BBDC4), devem crescer 0,7% na margem (variação mensal), devolvendo parte das quedas observadas anteriormente — uma expansão compatível com a expectativa do banco de crescimento de 0,3% do PIB no trimestre.

Pela análise do Banco Fator, o resultado da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) apontará alta de 1,6% no mês e de 3,0% no ano. “Para o varejo ampliado, esperamos altas de 4,7% e 6,9%, respectivamente”.

Será conhecido ainda, já na segunda-feira, o IGP-DI de setembro. Pelas estimativas do Bradesco em seu relatório a clientes, o indicador deve continuar em patamar pressionado, refletindo a depreciação da taxa de câmbio e a alta dos preços de petróleo no mercado internacional. Os analistas do Fator estimam que a taxa mensal acelere para 1,61% e que a inflação em 12 meses suba para 10,14%.

Atenção à atividade chinesa e inflação nos EUA

Na agenda internacional, analistas de bancos e corretoras destacam a divulgação, nos EUA, dos índices de inflação relativos ao mês de setembro, entre quarta e quinta-feira, além da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) referente a agosto, e indicadores da atividade chinesa.

Para o Depec-Bradesco, os dados de atividade na China, inclusive sobre crédito e balança comercial, devem trazer informações adicionais sobre a reação interna após estímulos acumulados nos últimos meses. “No caso dos EUA, a importância dos dados de inflação ao consumidor é acentuada pela confirmação de que o mercado de trabalho segue aquecido e pelas declarações do presidente do Fed de que a taxa de juros ainda está um pouco abaixo do nível neutro”, destaca a equipe em relatório. “Se a aceleração da inflação se acentuar, as discussões de elevações adicionais da taxa de juros serão intensificadas”, completam.

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