Separando o Joio do Trigo

 | 20.03.2015 14:06

h2 O mercado de ações e o mercado de títulos públicos nos EUA /h2

Assim como nossas mães nos ensinaram que açúcar espalhado ao chão atrai formigas e baratas, alguns de nossos pais também ensinaram que dinheiro fácil e crédito farto geram finanças irresponsáveis.

O intervencionismo dos bancos centrais, instituições essas lideradas por economistas predominantemente neoclássicos e keynesianos (assim como a maior parte do meio acadêmico), através de suas políticas anticíclicas, vem dando margem a uma série de distorções na economia.

A mais recente delas, sobre a qual escrevi algumas vezes antes de se tornar óbvia, foi no preço do petróleo. Em 30 de agosto de 2014, quando o barril do petróleo West Texas Intermediate era negociado a US$ 97,86 nos EUA e o Brent a US$ 101,12 na Europa, eu publiquei um artigo dedicado a essa commodity. Ali, eu reuni alguns dados do consumo de petróleo e combustíveis (bem como aspectos políticos, históricos e sócio-religiosos de nações produtoras) mostrando uma insalubre e nítida correlação entre as políticas econômicas anticíclicas do Federal Reserve e o preço do petróleo. Houve semelhanças entre a década de 1970 e este início do século XXI. Publicado sob o título "Manchas de Óleo na Fé e as Máculas da Fé no Óleo", sua edição em inglês também foi divulgada posteriormente em outros sites estrangeiros. Hoje, 19/mar/2015, os preços do petróleo já estão em US$ 45,52 (WTI) e US$ 54,44 (Brent), com respectivas perdas de -53% e -46%, em menos de sete meses.

A "mania" do petróleo teria se iniciado quando o FED adotou juros nominais menores que a inflação (juros reais negativos) após o estouro da bolha da informática (em 2000) e o ataque às torres gêmeas (de 11/set/2001). A especulação com a commodity atingiu seu ápice na antecipação de políticas anticíclicas ainda mais extraordinárias em socorro de outra malograda bolha, desta vez mais virulenta e sistêmica, envolvendo os imóveis nos EUA. No auge da crise do subprime, houve até uma efêmera desinflação da bolha do petróleo, que, contudo, durou pouco. A segunda fase maníaca, começando em 2009, logo após o anúncio do QE1, parecia associar alguns fenômenos, dentre eles: (1) a procura por outro destino tangível onde aplicar o dinheiro, (2) o receio de que um abusado afrouxamento monetário causasse um descontrole inflacionário e perdas no poder aquisitivo da moeda fiduciária e na rentabilidade real dos títulos públicos de renda fixa, além de que, (3) a reincidente disponibilidade de crédito farto e barato, graças aos juros irrisórios, diminuiu muito os custos da alavancagem financeira e fomentou uma maior ousadia entre os especuladores. Esse cenário beneficiou não só o petróleo, mas também os metais preciosos.

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