Andre Perfeito | 20.05.2021 07:34
Este é o quinto texto da Série Especial "Inflação nos EUA: a Batalha entre Fed e Mercado"
Sabemos muito bem que de pouco adianta ter os juros no lugar certo, mas a economia no lugar errado. A taxa monetária em baixa pode ser antes o sintoma da doença e menos o remédio contra a mesma. Dúvidas se avolumam entre economistas e investidores sobre se seis é diferente de meia dúzia neste caso, e o mercado olha com apreensão a dinâmica dos energéticas tendem a se acomodar num futuro próximo. Minha preocupação é outra.
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Se de fato os 3 trilhões de Biden chegarem ao chão da fábrica, isto implica dizer que a economia dos EUA devem experimentar um rápido crescimento e, assim, o dinheiro que estava debaixo da saia do Tesouro norte-americano com medo das trovoadas da economia em pandemia e ainda na ressaca de 2008 devem procurar o que fazer no mundo “real”. Ao se desfazerem de títulos, o preço destes caem, fazendo assim que os juros subam. Isto é o esperado para acontecer em uma situação de efetiva melhora econômica, criando uma inflação de ativos (entre eles bolsa, mas não só).
O fato dos juros não terem retornado ao patamar pré pandemia indica que algo ainda mais sinistro pode estar ocorrendo no mundo das altas finanças. A emissão monetária nos EUA ano passado deixou as de anos anteriores com cara de marolinha e isto pode ter jogado de vez para o chão a estrutura a termos dos juros por lá. Se isto é verdade, o único efeito esperado é inflação de ativos, incluindo aí de commodities a bitcoins, e isto pode ter efeitos permanentes nas taxas de retorno esperadas na economia, afinal se o preço de um ativo sobe, mas o retorno deste mesmo ativo permanece estável, isto implica dizer que as taxas de lucro irão colapsar em algum momento.
Como eu disse, não adianta ter os juros no lugar certo e a economia no lugar errado. O Fed precisa desinflar os títulos longos alterando a taxa curta para fazer este dinheiro correr para a economia de fato. Algo parecido é necessário ser feito pelo nosso Banco Central: um presente que vale tão caro faz do futuro um lugar menos interessante.
Confira abaixo os três textos anteriores da Série:
Texto 1: O Debate Global Sobre Inflação, por Roberto Padovani
Texto 2: Reflação e Taxas de Juros Americanas, por Julia Braga
Texto 3: Gradualismo na Política Monetária dos EUA, Com Inflação Mais Alta, por Rodrigo Octavio Marques de Almeida
Texto 4: Inflação Americana e Estímulos Monetários e Fiscais, por Jason Vieira
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