Serra Pelada, Howard Marks, bull market e os ciclos de mercado

 | 15.03.2023 10:05

De 1980 a 1992, milhares de homens se mudaram para Serra Pelada, no Pará, em busca de ouro. O local foi o maior garimpo a céu aberto do mundo e se estima que pelo menos 42 toneladas de ouro tenham sido retiradas do local.

Tudo começou em plena floresta amazônica, na Fazenda de Três Barras, no sudoeste do Pará. A primeira pepita foi encontrada por uma criança, em 1979, na beira de um riacho, dentro da fazenda de Genésio Ferreira da Silva. O pai da criança levou a pedra até Genésio, que a mandou para averiguação em Marabá, pra confirmar se era ouro mesmo. Dizem que junto com a confirmação da pepita, já chegaram alguns garimpeiros, que Genésio permitiu que tentassem encontrar mais ouro dentro de sua propriedade. E eles encontraram muito!

O ouro de aluvião, aquele que aparece nos vales dos rios, em camadas superficiais da terra, era abundante. Não precisou de muito pra que a notícia se espalhasse pela região, depois pelo estado do Pará e logo pelo país todo. No final, 10% da arrecadação ficava com Genésio. Ou pelo menos foi isso que ele tentou fazer, atribuindo a alguns homens a exclusividade da exploração. Mas os 30 que chegaram antes viraram milhares em meses, e dezenas de milhares em um ano. 

Já no primeiro semestre de 1981, o garimpo manual contava com 20 mil pessoas, todos com uma única intenção: bamburrar (palavra usada pelos garimpeiros que significa enriquecer)! Já nos primeiros meses da exploração, a vegetação foi toda retirada e a terra dividida em barrancos individuais, na colina que pertencia à Vale (BVMF:VALE3). Afinal, aquele ouro de aluvião da fazenda de Genésio acabou rapidinho.

A colina tinha uns 150 metros de altura e foi dividida em lotes de 2 x 3 metros, entre os pioneiros na exploração. Os donos desses lotes contratavam 5 tipos de trabalhadores. O primeiro deles era o “meia-praça”, que era basicamente o gerente e ficava com 5% do ouro encontrado no lote. O segundo era o “cavador”, que rompia o solo com a picareta atrás do metal. O “formiga” era o terceiro tipo, responsável por levar os sacos de terra de 40 kg pra fora do lote. O quarto tipo era o “apontador”, que contava os sacos retirados do lote e, por último, existia o “apurador”, que lavava a terra e fazia a separação do ouro usando mercúrio. Todos esses últimos eram assalariados e não tinham exatamente uma participação no lucro, como o meia-praça.