Soja: Cotações do farelo de soja iniciaram o mês de setembro em queda no Brasil

 | 11.10.2022 17:20

As cotações do farelo de soja iniciaram o mês de setembro em queda no Brasil, pressionados pela menor demanda, sobretudo para exportação. Esse cenário refletia a maior disponibilidade de farelo de soja da Argentina, o principal país exportador de derivados de soja. Isso porque, no dia 5 de setembro, o governo argentino anunciou incentivos aos produtores, como maior taxa de câmbio oficial, para que eles liquidassem parte do produto que estava em estoque – vale ressaltar que esse incentivo durou até o dia 30 de setembro. No entanto, na segunda quinzena de setembro, os preços do farelo de soja começaram a subir, impulsionados pelo aumento das demandas doméstica e externa. Parte dos consumidores brasileiros indicava estoques baixos e dificuldades nas aquisições. Quanto às exportações, de acordo com dados da Secex, o Brasil embarcou 1,917 milhão de toneladas de farelo de soja em setembro, volume 5,79% superior ao escoado no mês anterior e 47,64% maior que o exportado em set/21. O principal destino do farelo de soja brasileiro no último mês foi a Indonésia, que importou do Brasil a maior quantidade deste ano. Vale ressaltar que, em julho, a China abriu seu mercado para recebimento do farelo de soja brasileiro, visando a recompor e expandir o rebanho de suínos. Assim, tradings indicam possibilidade de embarques já a partir deste mês de outubro.

Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja subiram 1,5% entre as médias de agosto e setembro. Vale ressaltar que o preço médio mensal do farelo de soja registrou consecutivos recordes nominais desde abril deste ano em Campinas (SP), Mogiana (SP), Norte do Paraná e Chapecó (SC). Nas regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, Ponta Grossa (PR), Rio Verde (GO), Rondonópolis (MT) e Triângulo Mineiro (MG), as médias de setembro foram as maiores desde março deste ano. Vale lembrar que, no final do primeiro trimestre de 2022, a quebra da safra de soja na América do Sul estava sendo confirmada, e as exportações argentinas estavam interrompidas. Considerando-se os preços da soja em grão, do farelo e do óleo negociados no estado de São Paulo, a participação do farelo na margem de lucro das indústrias passou de 65% na última semana de setembro, o maior percentual desde março de 2021. Ainda assim, a “crush margin” recuou 10,92% entre as médias de agosto e setembro, influenciada pela forte queda no preço do óleo de soja.

ÓLEO DE SOJA – Com a menor participação na margem da indústria dos últimos 18 meses, as negociações de óleo de soja registraram quedas no Brasil. Algumas fábricas, inclusive, anteciparam as manutenções, no intuito de reduzir a oferta do derivado e limitar o movimento de queda dos preços, que, por sua vez, é influenciado pela menor demanda doméstica (sobretudo para biodiesel). Com isso, o prêmio de exportação do óleo de soja no Brasil registrou em setembro o menor valor da série do Cepea, iniciada em junho de 2004, quando considerado o contrato de primeiro vencimento. No mercado interno, o preço do óleo de soja negociado na região de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) registrou expressiva queda de 5,3% entre agosto e setembro, com preço médio a R$ 7.357,03/tonelada, o menor desde julho/21. A queda nos preços foi limitada pela firme demanda externa. Conforme dados da Secex, o Brasil escoou 225,2 mil toneladas de óleo de soja em setembro, a maior quantidade desde 2002 quando comparada a setembro de anos anteriores. O volume embarcado no último mês representa aumentos de 15,1% em relação a ago/22 e de 94,1%, a set/21. A Índia recebeu 70% dos embarques do Brasil no último mês.

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SOJA EM GRÃO – A colheita da soja se iniciou nos Estados Unidos, resultando em queda nos preços externos. O contrato de primeiro vencimento da soja negociado na CME Group (Bolsa de Chicago) registrou em setembro a menor média mensal desde jan/21, a US$ 14,6071/bushel (US$ 32,20/sc de 60 kg). As chuvas na América do Sul geraram otimismo para a safra 2022/23. No Brasil, a semeadura da soja teve início, somando 4,6% da área até o dia 1º de outubro, de acordo com a Conab. Esse cenário afastou compradores do mercado, resultando em baixa liquidez no mercado da soja. Segundo a Secex, o Brasil embarcou em setembro 4,29 milhões de toneladas do grão, o menor volume desde janeiro deste ano. Do lado vendedor, muitos evitaram negociar grandes volumes, o que, atrelado à valorização do dólar frente a Real (de 1,7% entre agosto e setembro), limitou o movimento de baixa no Brasil. Com isso, os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ – Paraná da oleaginosa registraram respectivos fechamentos de R$ 187,26/sc e de R$ 181,72/sc de 60 kg em setembro, praticamente estáveis em relação a agosto. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, houve ligeira queda de 0,4% no mercado de balcão (pago ao produtor) e de 0,1% no de lotes (negociações entre empresas).