Soja: Liquidez esteve lenta no mercado interno em grande parte de outubro

 | 11.11.2022 13:50

A liquidez esteve lenta no mercado interno de soja em grande parte do mês de outubro, e os preços do grão recuaram, pressionados pela desvalorização externa. Além disso, os produtores brasileiros mantiveram as atenções voltadas à semeadura da temporada 2022/23 e evitaram negociar o excedente da safra 2021/22. Por outro lado, a demanda externa pelo produto brasileiro esteve firme em outubro, visto que problemas logísticos nos Estados Unidos – em decorrência do baixo nível do Rio Mississipi – levaram demandantes internacionais ao Brasil. Assim, conforme dados da Secex, o Brasil enviou à China 3,23 milhões de toneladas de soja em outubro, volume 25% acima do escoado em setembro e 22,7% superior ao do mesmo período de 2021. A todos os destinos, o Brasil embarcou em outubro 4,06 milhões de toneladas de soja, 23,41% a mais que em outubro/21. Ainda assim, os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ – Paraná da oleaginosa recuaram 1,9% e 1,1% em relação a setembro, fechando o mês de outubro com médias de R$ 183,73/sc e de R$ 179,71/sc de 60 kg, respectivamente. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, houve quedas de 0,5% no mercado de balcão (pago ao produtor) e de 1,1% no de lotes (negociações entre empresas).

DERIVADOS – Os preços do óleo de soja também caíram entre as médias de setembro e outubro. A pressão esteve atrelada à ausência de compradores no mercado, principalmente na primeira quinzena de outubro. Com isso, entre as médias de setembro e de outubro, o preço do óleo de soja negociado na região de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) recuou 1,9%, a R$ 7.218,43/tonelada no último mês. A queda foi limitada pelo reaquecimento da demanda doméstica a partir da segunda quinzena, sobretudo para produção de biodiesel. Além disso, a demanda externa também esteve aquecida em outubro – vale lembrar que as exportações de óleo na parcial deste ano são recordes. Esse cenário elevou a disputa pelo derivado nacional e dificultou as aquisições das indústrias alimentícias. Os embarques de óleo de soja totalizaram 200,28 mil toneladas em outubro, o maior volume para o mês desde 2003. Na parcial deste ano, saíram dos portos brasileiros 1,99 milhão de toneladas de óleo de soja. Quanto ao farelo de soja, a demanda esteve elevada no Brasil. Isso porque os consumidores domésticos intensificaram as compras. As exportações de farelo de soja também estiveram aquecidas em outubro, com os embarques somando 1,79 milhão de toneladas no último mês, o maior volume para um mês de outubro. Na parcial de 2022 (de janeiro a outubro), o Brasil escoou quantidade recorde de 17,75 milhões de toneladas de farelo de soja, segundo a Secex. Diante disso, na média das praças acompanhadas pelo Cepea, o farelo de soja se valorizou 4,1% de setembro a outubro. Entre as médias de outubro/21 e outubro/22, a alta é de 22%, em termos nominais. As indústrias foram estimuladas a elevar as aquisições do grão pelo aumento no “crush margin”. Considerando-se os preços FOB da soja, do farelo e do óleo de soja, a margem das indústrias cresceu 26% para o contrato março/23, 31% para o abril/23, e 26% para o maio/23.

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CAMPO – A ocorrência de chuvas em grande parte do mês de outubro impediu o avanço da semeadura de soja, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. No Centro-Oeste do Brasil, as precipitações foram irregulares. Na região Matopiba, houve choveu nas últimas semanas de outubro, permitindo o início da semeadura da soja na região. Com isso, as atividades se intensificaram a partir da segunda quinzena do mês. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), 47,6% da área destinada à soja foi semeada no Brasil até o dia 29 de outubro, abaixo dos 53,5% em igual período da temporada anterior. Dentre os estados, 87,6% da área foi semeada em Mato Grosso; 73%, em Mato Grosso do Sul; 46%, no Paraná; 41%, em Goiás; 65%, em São Paulo; 21,3%, em Santa Catarina; 27,5%, em Minas Gerais; 10%, na Bahia; 20%, em Tocantins; 3%, no Maranhão e 1% no Piauí.

FRONT EXTERNO – Problemas logísticos dificultaram as comercializações da oleaginosa nos Estados Unidos, resultando em queda nos preços futuros. A desvalorização esteve atrelada também à alta do dólar no mercado internacional e ao avanço da colheita de soja no país. De acordo com o USDA, 88% da área de soja havia sido colhida nos Estados Unidos até o dia 30 de outubro, acima dos 78% no mesmo período do ano passado e da média dos últimos cinco anos. Na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato Nov/22 da soja se desvalorizou 5,4% de de setembro a outubro, a US$ 31,8131/bushel (US$ 30,45/sc de 60 kg) em outubro. O contrato Dez/22 do farelo de soja caiu expressivos 6,3%, no mesmo comparativo, a US$ 411,47/tonelada curta (US$ 453,56/t) no último mês. A queda do preço do farelo se deve à valorização do óleo de soja, que foi influenciada pelo fortalecimento do petróleo. Esse cenário incentiva as refinarias a misturar biodiesel ao óleo diesel, e o óleo de soja é a principal matéria-prima na fabricação de biodiesel. Com isso, o contrato Dez/22 do óleo avançou 2,8% de setembro a outubro, a US$ 0,7022/lp (US$ 1.548,71/tonelada) na média de outubro. Neste contexto, considerando-se o contrato de primeiro vencimento da soja, do farelo e do óleo de soja, todos negociados na Bolsa de Chicago, a participação do óleo de soja na “crush margin” foi a maior desde a primeira quinzena de junho deste ano.