Taxa de juros: Até pouco tempo atrás, a crítica era "coisa de comunista"

 | 08.03.2023 18:12

Não é só a Gleisi falando que a Selic está alta demais.

Nos últimos dias, acumulamos declarações embasadas de empresários e financistas - de Rubens Menin a Luis Stuhlberger - alertando para os efeitos colaterais dos juros salgados.

Relembrando: o juro básico no Brasil disparou em tempo recorde: de 2,00% em 17 de março de 2021 para 13,75% em 4 de agosto de 2022, sem cair desde então.

Esse aperto intenso e instantâneo comprovou a iniciativa do Bacen em um primeiro momento, mas acabou também escancarando os desequilíbrios naturais entre a economia real e a economia financeira - enquanto a primeira se move devagar, sujeita aos ciclos de negócio das cadeias de oferta, a segunda se move rapidamente.

Em termos práticos, isso significa que conquistamos uma desejada desinflação de 2021 para cá, mas aquém da (impossível) meta de IPCA e às custas de uma dura realavancagem financeira para as empresas e famílias brasileiras.

Em especial, dívidas corporativas até então gerenciáveis foram se tornando impagáveis, e o episódio da Americanas só complicou ainda mais as coisas.

Embora o mandato do Copom seja focado em "uma ferramenta para um objetivo" - no caso, o uso da taxa básica de juros para controlar a inflação - não há mais como ignorar as ameaças de recessão e credit crunch.

Se Roberto Campos Neto for lembrado como aquele cidadão que foi absolutamente fiel ao regime de metas canônico, mas promoveu uma quebradeira geral e machucou o PIB, não será uma lembrança agradável para a posteridade.

Mais do que isso: RCN, assim como os futuros presidentes do BC, é responsável pela cristalização da independência do Banco Central do Brasil. 

Erros graves na gestão da política monetária e financeira serão usados como subterfúgios perfeitos da extrema esquerda para criticar a independência, sob o risco de voltarmos atrás em um importante avanço institucional.

Por isso, falamos da arte da política econômica - uma ciência aplicada só pode ser exercida em plenitude se combinada à arte.

As principais decisões dos formuladores de política econômica precisam ser tomadas sobre o improviso do palco, em contextos que escapam ao script do livro-texto.

Com a ajuda de Haddad e da sociedade civil, RCN tem dois meses para solidificar uma narrativa técnica que abra espaço para um primeiro corte da Selic, ainda que simbólico.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Em grande medida, o (relativo) sucesso de 2023 depende disso.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações