Paulo Guedes Salvou Viagem a Davos

 | 28.01.2019 09:03

Sempre quando chegamos a janeiro acontece nos confins dos Alpes suíços, em Davos, o Fórum Econômico Mundial (FEM). É o momento em que grandes agentes econômicos, formadores de opinião, artistas, intelectuais, se encontram para debater algum tema de relevância sobre a economia mundial, meio ambiente, sustentabilidade, etc.

Instituição sem fins lucrativos, criada em 1971 por Klaus Shwab, o FEM ganhou a dimensão que tem hoje, nos anos 90, com a participação de grandes líderes políticos, além de empresários, acadêmicos, jornalistas, etc. É um dos mais importantes think tanks globais, uma verdadeira “fábrica de ideias”. É nele que os grandes líderes emergentes se mostram ao mundo, dão seu “cartão de visita” aos grandes investidores, mostram a que vieram.

Neste ano, com a ausência de vários líderes (Donald Trump, Emmanuel Macron, Thereza May, Angela Merkel, etc), o principal foi Jair Bolsonaro, presidente do Brasil. Foi dele o discurso inaugural, muito criticado pela sua curta duração e inócuo conteúdo. Bolsonaro, aliás, teve uma participação bem tímida no evento. Quem aproveitou para passar seu recado, e o fez com maestria, foi Paulo Guedes. Muito contundente nas suas explanações, se encontrou com os principais atores globais e não parou quieto um instante. Na verdade, foram dele as principais intervenções sobre a pesada agenda econômica a ser enfrentada pelo País neste ciclo de poder de Bolsonaro.

Dentre as tantas intervenções, defendeu um novo rearranjo tributário para o País, pela redução da carga fiscal nas empresas, de 34% para 15%, compensada pelo aumento da taxação sobre ganhos de capital (JCP) e dividendos. Falou também sobre desoneração da folha de pagamentos, revisão de impostos patronais e possível elevação de alíquota do IOF.

No tema “reforma da Previdência”, disse que era prioridade número um e defendeu a unificação do regime, entre setor privado, servidores públicos e militares. Estes, aliás, acabaram como o “ponto fora da curva”, por serem o principal foco de desequilíbrio do setor público. Vários pontos de fricção vêm acontecendo entre o ministro, o presidente e vários militares de alta patente.

Os militares consideram esta corporação “especial”, não passível de participar da reforma. Achamos sim que eles devem participar. Uma hipótese colocada foi elevar o tempo para aposentaria, de 30 anos para 35, como defendido pelo vice-presidente General Mourão. Outros acham que o governo tem que anunciar a reforma dos servidores e do setor privado numa primeira etapa, para depois preparar a segunda, dos militares. Ressaltemos que esta primeira etapa deve começar a ser discutida quando divulgada no Plenário da Câmara, talvez a partir do dia 7 de fevereiro, depois da cirurgia do presidente.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

A impressão que se tem é que os militares, e até o presidente, querem ganhar tempo para tentar “refluir” esta segunda etapa, “empurrando-a com a barriga” até cair no esquecimento. Na primeira deve vir a idade mínima, o tempo de transição (para a idade e a mudança de regime, de repartição para capitalização), dentre outras medidas.

Paulo Guedes também foi muito direto ao prometer “zerar o déficit público ainda neste ano”, usando recursos das privatizações, calculados em R$ 75 bilhões, retorno de recursos do BNDES para o Tesouro, forte contingenciamento de despesas e alguma alteração na carga fiscal. Não descartou lutar para tirar a estabilidade dos servidores públicos e até um “plano B”, para caso a reforma da Previdência empaque no Congresso. Sobre esta hipótese, um fato negativo vem sendo a repercussão das investigações do Coaf em torno das transações e operações financeiras do senador Flavio Bolsonaro. Sobre isso, Bolsonaro já disse usarem o filho para atingir a ele, presidente.

No geral, é opinião nossa que foi Guedes quem salvou esta viagem a Davos, nutrindo de boas notícias empresários e possíveis interessados em investir no Brasil.

Em paralelo, no FEM o que se viu foi o mundo mais cauteloso, diante do impasse comercial entre Trump e os chineses, o Brexit também sob impasse e o FMI colocando suas “barbas de molho” sobre o crescimento global. Para Christine Lagarde, chairman da instituição e seu economista-chefe (saindo Maurice Obsfield, entrando Githa Gobinath) o mundo deve ingressar numa fase de incertezas, perdendo um pouco da “tração”.

O crescimento, antes previsto em 3,7% para este ano, deve desacelerar a 3,5% e 3,6% no ano que vem. Sobre o Brasil, um “voto de confiança” foi dado, com a revisão do crescimento de 2,4% a 2,5% neste ano, devendo desacelerar a 2,2% no ano que vem. A China deve seguir esta toada, crescendo menos, 6,2%, ao contrário da Índia, 7,5%.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações