Bolsonaro Pode Aprender com Jânio: Amadorismo Derruba Governos

 | 12.03.2019 08:05

O carnaval deste ano me fez lembrar de Jânio Quadros, 22º presidente do Brasil. O político foi eleito em 1960 com aproximadamente 41% dos votos, desbancando o sucessor de Juscelino Kubitschek, Henrique Teixeira Lott (PSD).

Jânio foi uma surpresa à época. Juscelino era querido por uma grande massa e acelerou muitos investimentos no país. O custo dos “50 anos em 5”, no entanto, foi o fim de mandato com alto endividamento e inflação no país. Nesse contexto, o PSD não conseguiu emplacar seu candidato.

A carreira meteórica

Correndo “por fora”, Jânio Quadros vinha de um cargo público atrás do outro. Foi primeiro vereador, se elegeu deputado estadual, prefeito, governador e, por fim, deputado federal. Não era um político “tradicional”. Fazia oposição à tradição getulista, ao PSD de JK, mas também não era 100% identificado à UDN e Lacerda.

Em sua campanha pelo tímido PTN, focou em atacar a corrupção e moralizar novamente o Brasil. Seu símbolo de campanha: uma vassoura, para varrer a bandalheira.

Era a cara do antipolítico, antissistema e, claro, usava da teatralidade para conquistar o eleitor. Sentava na calçada e comia sanduíche de mortadela com o povo – incorporando o sujeito “gente como a gente”.

Não é estranho concluir que o nosso atual presidente, Jair Bolsonaro, tem um certo quê de Jânio Quadros: ascensão meteórica, candidatura por um partido de pouco peso, campanha fundada na figura antissistema, entre outras características nos remetem ao presidente da década de 60.

Como presidente, no entanto, Jânio foi uma aberração. Após sete meses no cargo, renunciou – buscando, em vão, aplicar um golpe de estado para manter seu já restrito poder.

Na estante de Jânio, medidas como o veto à comercialização do lança perfume nos bailes de carnaval, controle do tamanho dos maiôs e proibição do uso de biquínis.

Tentou valorizar a tradição e costumes conservadores atirando para todos os lados. Sem habilidade de negociação política no Congresso, não durou nem um ano. Ficou marcado pelo clique de um fotógrafo em visita à Uruguaiana. Metaforicamente, o andar torto de Jânio resumia a falta de rumo do governo.