Trigo: Produtores atentos ao campo e preocupados com o clima adverso em outubro

 | 22.11.2023 15:35

O clima adverso em outubro durante a colheita de trigo deixou produtores atentos ao campo e preocupados com a qualidade das lavouras. Nos dois mais importantes estados produtores, Paraná e Rio Grande do Sul, alguns agentes consultados pelo Cepea já relataram perdas no campo. Diante desse cenário e da demanda mais ativa por parte de moinhos, os preços do cereal reagiram em outubro nas regiões acompanhadas pelo Cepea – vale lembrar que os valores vinham registrando movimento de queda há praticamente um ano. Apesar disso, as médias mensais estaduais de outubro ainda ficaram abaixo das de setembro, com exceção de São Paulo. No Rio Grande do Sul, a média de outubro foi de R$ 1.080,50/tonelada, quedas de 6,1% frente à de setembro/23 e de 36,8% em relação à de outubro/22. No Paraná, a média de outubro foi de R$ 1.034,58/t, baixa mensal de 2,9% e anual de expressivos 42,0%. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.211,84/t, diminuições de 1,3% no mês e de 32,7% em um ano. Já em São Paulo, a média foi de R$ 1.124,79 em outubro, com alta de 1,4% na comparação com setembro/23, mas queda de relevantes 39,2% frente a outubro/22.

ESTIMATIVAS – A Conab apontou em outubro redução da produtividade e, consequentemente, da produção nacional. A nova safra de trigo no Brasil – a que está sendo colhida – é estimada em 10,46 milhões de toneladas, queda de 3,3% em comparação com o relatório de setembro e 0,9% abaixo do recorde da temporada passada. A área com trigo no Brasil aumentou 12,1% frente à da temporada anterior, para 3,46 milhões de hectares, mas a produtividade está estimada em 3,02 toneladas/hectare, redução de 3,6% frente à apontada em setembro e 11,6% inferior à registrada em 2022 (3,42 t/ha), segundo a Conab. Quanto às importações, a Conab manteve o volume estimado em cinco milhões de toneladas entre agosto de 2023 e julho de 2024. A disponibilidade interna recuou 2,2% em comparação ao relatório anterior, e está prevista em 16,2 milhões de toneladas entre agosto/23 e julho/24, com alta de 2,6% frente à da safra passada. O consumo está projetado pela Conab em 12,64 milhões de toneladas, 2% maior que a estimativa da safra anterior (de agosto/22 a julho/23).

LEILÕES – No intuito de auxiliar produtores brasileiros, leilões nos mecanismos de PEP (Prêmio para o Escoamento de Produto) e Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) foram realizados no dia 31 de outubro, sendo comercializadas 199,85 mil toneladas das 309,6 mil toneladas ofertadas, representando 64,5% do total.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

MERCADO EXTERNO – Na Bolsa de Chicago (CME Gorup), a queda no preço do contrato de primeiro vencimento do trigo Soft Red Winter foi de 0,5% de setembro/23 para outubro/23, com a média do último mês a US$ 5,7272/bushel (US$ 210,44/t). Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter caiu 7%, a US$ 6,6843/bushel (US$ 245,61/t).

TRANSAÇÕES EXTERNAS – De acordo com dados preliminares da Secex, nos 21 dias úteis de outubro, as importações somaram 283,06 mil toneladas, contra 297,34 mil toneladas em outubro/22. O preço médio de importação em outubro/23 foi de US$ 286,7/t FOB origem, 31,2% abaixo do registrado no mesmo mês de 2022 (de US$ 416,8/t). Quanto às exportações, o Brasil escoou 7,35 mil toneladas em outubro/23, contra apenas 162 toneladas em todo o mesmo mês do ano passado, segundo a Secex.

SAFRA GLOBAL – Em termos mundiais, dados do USDA indicam que a produção, o consumo e os estoques finais da safra 2023/24 devem ser inferiores aos registrados na temporada anterior (2022/23) e também aos apontados no relatório de setembro. A produção mundial foi estimada em 783,43 milhões de toneladas, recuo de 0,5% frente aos dados divulgados em setembro. O USDA prevê o consumo mundial em 792,86 milhões de toneladas em 2023/24, queda de 0,2% em relação a 2022/23 e ainda acima da produção global. Com isso, os estoques finais podem somar 258,13 milhões de toneladas, baixa de 3,5% em relação à temporada anterior, além de serem os menores desde 2015/16.