Tudo Para Cima

 | 03.11.2021 10:34

Novembro se iniciou com bolsa de valores em alta firme, mas também dólar e juro, não pelos mesmos motivos. Na segunda-feira, antes do feriado de Finados, o mercado de ações doméstico se alinhou com o exterior, depois de um mês de outubro de perdas. A alta foi puxada pelos setores financeiro e de commodities, depois do “esvaziamento” da greve dos caminhoneiros, petróleo em alta no mercado global e declaração do presidente Bolsonaro de que novos reajustes de combustível, nos próximos 20 dias, são inevitáveis. Ao fim da segunda-feira, o Ibovespa avançou 1,98%, a 105.550 pontos, superando 106 mil em alguns momentos.

Por outro lado, dólar e juro também operaram “esticados”, o primeiro a R$ 5,6700, batendo R$ 5,68 nas máximas, o segundo, no mercado futuro, com todas as curvas a partir de 2023 em torno de 12%. Ambos os ativos olhavam para esta quarta-feira, quando teremos ata do Copom, reunião do Fed, votação da PEC dos precatórios na Câmara, ou seja, uma agenda carregada. Soma-se a isso, o avanço nos rendimentos dos treasuries americanos e a piora nas projeções do IPCA e da Selic, segundo a Focus. 

Nesta pesquisa do Bacen, as previsões do mercado para o IPCA foram a 9,17% neste ano e 4,55% no ano que vem, bem acima das estimativas de um mês atrás, 8,51% e 4,14%, respectivamente. É a trigésima alta seguida do IPCA para este ano, mas a primeira acima de 9%. Na taxa Selic, a expectativa é de que termine este ano em 9,25% (mais um ajuste de 1,5 ponto no próximo Copom) e em 2022, alcançando 10,25%, talvez outro de 1 ponto na primeira reunião do próximo ano.

Sobre a PEC dos precatórios, para destravar as negociações governo e deputados estudam incluir no texto uma previsão de quitação das dívidas judiciais aos professores até 2024. Atualmente, este é o principal ponto a prejudicar no andamento das negociações, isto é, “a falta de previsibilidade para o pagamento da dívida do Fundef aos profissionais de educação”. Estes alegam que não irão receber os 60% dos valores devidos, cujo valor chega a R$ 16 bi.

No Ministério do Trabalho, numa atitude negacionista, foi proibido que empresas exijam comprovantes de vacinação no ato de contratação ou manutenção de emprego. Uma decisão que, ao nosso ver, não deve pegar, pois as empresas, claro, até pela necessidade de preservação do restante dos trabalhadores, devem endurecer sim sobre este tema. Isso já parece consensual na sociedade. Não se trata de invocar “liberdade de expressão”, não em questão neste tema, mas sim proteger as pessoas que tomaram as vacinas e podem se expor aos que não tomaram. Todos sabemos que as vacinas são eficientes até certo ponto, 90% em alguns casos, ou até menos.    

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Falando da reunião do Fed, a taxa de juros deve se manter estável, mas deve ser anunciado o início do ciclo de redução na compra de ativos (tapering). Aguardemos os dados de mercado de trabalho, ADP nesta quarta e payroll na sexta-feira, para reunir novos elementos. Sobre a taxa de juros há os acreditam no mercado que a primeira elevação deve ocorrer em junho ou julho de 2022.

O fato é que os preços e salários muito pressionados neste momento desafiam os membros do Fed sobre a tese da inflação transitória. Estes tentam EQUILIBRAR uma maior oferta de emprego no mercado de trabalho com os preços das commodities, mas não é uma tarefa fácil. Sobre a renovação do Fed, Joe Biden tem analisado vários nomes. Tudo leva a crer que uma renovação pode estar a caminho. Jerome Powell pode não continuar.

Nesta semana, ainda temos a reunião do Banco Central da Inglaterra (BoE) e espera-se uma elevação da taxa de juros nesta quinta-feira.  

No mundo, os encontros do G20 e da COP 26 ampliam o isolamento do presidente Bolsonaro junto à comunidade internacional, ainda mais depois dos eventos na Itália, em Pádua, quando a polícia reprimiu manifestantes contra o presidente brasileiro. Isso deve barrar possíveis acordos comerciais com o Brasil. Por outro lado, no campo ambiental parece que o Brasil vai se aprumando, em negociações pragmáticas com o governo Biden, ainda mais depois das conversas entre Janet Yellen e Paulo Guedes. A leitura de ambos parece pragmática, já que não é possível se desfazer do uso de combustíveis fósseis, pensando em cumprir a redução de gases em 50% até 2030.  

h2 Indicadores/h2 h2 Nos EUA/h2

PMI Industrial caiu a 60,8 em outubro, contra 61,1 em setembro (previsão 60,5).

Índice ISM de emprego no setor manufatureiro subiu a 52,0 em outubro, contra 50,2 em setembro.

h2 Na Zona do Euro/h2

Na França, o PMI Industrial caiu a 53,6 em outubro antes 55,0 em setembro (previsão 53,5); na Alemanha, o PMI caiu a 57,8 pontos, contra 58,4 em setembro (previsão 58,2); e na Zona do Euro, este indicador foi a 58,3 mantendo o mesmo patamar de setembro (previsão 58,5)

h2 Na China/h2

O PMI Composto IHS Markit Caixin atingindo 51,5 pontos em outubro, contra 51,4 no mês anterior e o PMI Serviços indo a 53,8 pontos, contra consenso de 53,1.

h2 Sobre a COVID/h2