Um Ano Perdido

 | 01.09.2015 10:59

Este parece ser um diagnóstico consensual entre os vários agentes da economia. Este ano já está perdido. Desafio maior será encontrar meios para que no ano que vem este caos não continue. Não será uma tarefa fácil. A impressão que se tem é que o governo já perdeu a capacidade de coordenar ações e daí, expectativas. Não está mais no controle da situação, mas a reboque dos fatos. Não tem mais governabilidade, perdido numa crise política sem fim e numa recessão econômica, que já se mostra pelos indicadores mais recentes de atividade divulgados.

Na “seara política”, a incapacidade da presidente Dilma em articular com seu “arco de aliança” é algo crescente e o preocupante. A saída do vice-presidente Michel Temer, pelas suas palavras, do “varejo das articulações”, pode ter sido um indício de que, aparentemente, o PMDB esteja de saída do governo. Em verdade, na prática deve continuar pressionando, barganhando, por cargos políticos, ministérios, esferas de influência.

Recentemente, a presidente, tentando abafar a crise, anunciou uma “ampla” reforma administrativa, com corte de até dez ministérios, incluindo aqui o BACEN. Ou seja, na verdade, seriam apenas nove ministérios a serem extintos, pois o BACEN nunca foi ministério, embora o presidente tivesse este status para fugir das pressões políticas. Nestas reformas, antigas secretarias seriam recriadas e fundidas com seus ministérios de direito.

Na verdade, esta reforma, anunciada com pompa, mas com pouquíssima repercussão, mais se pareceu um rearranjo administrativo para tentar equacionar o caos gerencial existente. Estudos, inclusive, indicam que o impacto desta reforma no ajuste fiscal seria muito pequeno. Além disto, tentaríamos voltar a alguma normalidade gerencial como acontece na maioria dos países civilizados. Nos EUA, por exemplo, são 16 ministérios e o governo funciona muito bem.

Em verdade, estes excessos só retratam no que se transformou a gestão pública por estes anos, um “caos completo”. Desde o início dos anos 90, o número de ministérios só vem aumentando. No final do governo Fernando Collor (1990-1992) eram 17; no “governo tampão” de Itamar Franco (1992-1994) 19; com Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foram a 26 e nos governos Lula e Dilma Rousseff chegaram ao total de 39 ministérios, com pastas poucas expressivas como Ministério da Pesca e de Assuntos Estratégicos. Ambas, por exemplo, devem voltar a ser secretarias, incorporadas por outros ministérios.

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