Uso da IA na governança do terceiro setor: Pode ajudar, mas depende da integridade

 | 30.10.2024 10:15

Participei neste mês de outubro, na condição de mediador, do webinar "Futuro sustentável: avanços em compliance e governança no terceiro setor". Organizado pela Fundação José Luiz Egydio Setúbal, onde sou Governance Officer,  o encontro foi enriquecedor ao tratar do tema, principalmente dentro da área da saúde. Aliás, um evento deste tipo é importante porque debater sobre a governança no terceiro setor é discutir sobre a gestão privada de recursos destinados a causas de interesse público.

O bloco que mediei teve a participação de Rebecca Raposo, conselheira independente e consultora em ESG, e de Gustavo Pereira, mestre em gestão de saúde, especialista em compliance e Diretor Jurídico e de Compliance do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. E a primeira questão a ser debatida foi sobre como a inteligência artificial pode contribuir ou ameaçar o crescimento e desenvolvimento da governança no terceiro setor. Tema difícil, pois é o futuro, não há dúvidas, mas que está no começo e pode tanto ser usado de forma positiva quanto negativa.

Houve a concordância de que qualquer tecnologia deve ser aplicada com o intuito de ajudar, de favorecer as boas iniciativas. No entanto, a inteligência artificial, ao contrário do que parece, não pensa e não tem sentimentos. Não tem ética. Seu funcionamento depende daqueles que a guiam. Ou seja, a integridade da IA está nos seus criadores. Se essa integridade não for transferida do criador para a criatura, a tecnologia em si, em nada poderá ajudar na melhoria da governança. Ao contrário, teremos problemas.

A IA é uma ferramenta a serviço das pessoas. Um problema que move organizações do terceiro setor – na verdade de todos os ramos – é a necessidade de reduzir custos. Assim, existe o risco de um gestor colocar essa redução de custos como a prioridade zero, em detrimento de outras necessidades em termos de gestão. Ora, adianta reduzir custos e atender mal os pacientes? Em função do menor gasto, não implantar bons equipamentos ou reduzir em demasiado o número de profissionais a ponto de o atendimento se tornar falho?

Não há dúvidas de que a governança envolve finanças no azul. Mas o superávit depende de um bom atendimento que exige um determinado nível de gastos. Bom atendimento, em todos os níveis e departamentos só é possível com treinamento, bons profissionais, boa remuneração para reter talentos e, principalmente uma abordagem humanizada aos pacientes, pois eles são a razão para um estabelecimento de saúde, de qualquer tipo, existir. E quem paga para ser tratado em um hospital desumanizado? Lugares com visão arcaica tendem a falir.

Fechando este ponto, depois de implantada a solução de IA, quem inicia tudo é o próprio homem, o gestor, neste caso. Se este start for realizado de forma ética e íntegra, pensando no bem comum, a inteligência artificial agirá da mesma forma, seguindo a ordem dada. Da mesma forma ela o fará se a intenção não for a mais adequada.

Outra questão importante é a regulamentação. O setor de saúde trabalha com dados sensíveis de seus pacientes. A LGPD está aí para punir quem usa de forma inadequada as informações sobre as pessoas, portanto é preciso também a criação de normas específicas para o uso da IA na sociedade, em todos os setores. A IA é uma ferramenta que, como já comentado, ajuda muito e tem muito a contribuir com a governança do terceiro setor, mas ela também pode auxiliar maus gestores a fazerem um estrago danado, e de uma forma que quando é descoberto já pode ser tarde para reverter.

Enfim, a IA é uma realidade, não tem volta e eu jamais aconselharia alguém a não implantá-la. Até porque, quem não quer ficar para trás tem que inovar sempre. Neste caso, só é preciso ter cautela, certificar-se de que aqueles que estarão por trás da tecnologia são realmente as pessoas certas para assumir o manche do navio, sob o risco de ele ficar à deriva ou mesmo afundar.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações