Vamos Falar de Valuation? 

 | 05.08.2022 06:05

Olá, pessoal. O meu último artigo por aqui, publicado há duas semanas (clique aqui para ler), foi bastante acessado e até chegou à posição de artigo mais lido do Investing.com. Isso, claro, me deixa feliz e aumenta o meu compromisso em escrever artigos com conteúdos diferenciados e sempre com muita responsabilidade. No artigo, fiz um exercício didático de como é feito um Valuation na prática, tendo utilizado a empresa PETZ (BVMF:PETZ3) como exemplo.

Como Valuation é um assunto muito importante e de grande interesse para investidores, resolvi no texto de hoje resgatar a série de 8 artigos que publiquei por aqui sobre este tema há cerca de dois anos. A ideia é realmente chamar a atenção de vocês que não me seguiam na época ou mesmo que acompanharam a série, mas podem achar interessante revisitá-la. Trarei pontos que julgo bastante importantes, principalmente porque a série foi inédita e muito do seu conteúdo não consta em livros didáticos, sendo fruto da minha experiência tanto na literatura acadêmica quanto na prática (pois costumo fazer laudos de Valuation com enorme frequência no mercado). Para aqueles que quiserem se aprofundar e ler integralmente a série original, apontarei os links para todos os artigos na medida em que os revisito neste texto. Vamos lá?

No 1º artigo da série, discuto como identificar um bom relatório de Valuation. Como em quase todas as coisas da vida, há bons relatórios e outros nem tão bons assim. Três condições são fundamentais para atestar a qualidade de um laudo de avaliação:

  1. O ferramental matemático e a boa teoria de finanças devem ser corretamente aplicados;

  2. O modelo precisa incluir todas as fontes de valor para a empresa;

  3. As premissas utilizadas precisam ser consistentes e razoáveis.

Desconfiem de relatórios super otimistas e que pregam crescimentos perpétuos (ou seja, por toda a eternidade) bem acima da inflação. Ah, e lembrem-se sempre: um Valuation não pode chegar a apenas um valor, pois este é extremamente sensível às premissas utilizadas. Um bom relatório de Valuation precisa entregar um intervalo de confiança onde o valor justo da empresa deve ser encontrado ali. Para isso, boas análises de sensibilidade e de cenários precisam ser construídas. Particularmente, não gosto de laudos que apontam veementemente que “o valor justo de determinada ação é X reais e Y centavos”: tal afirmação é bastante rarefeita.

No 2º artigo da série, explico que um Valuation pode ser construído de duas formas diferentes, em que pese a maioria absoluta das pessoas conhecer apenas uma delas. E ambas se diferenciam na maneira com que tratam o risco. Na metodologia tradicional, ajusta-se a taxa de desconto pelo risco do projeto ou da empresa em tela: quanto maior o risco, maior a taxa de desconto utilizada. Mas, outra maneira de lidar com o risco é o que chamamos na literatura acadêmica de “Avaliação Neutra ao Risco”, segundo a qual os fluxos de caixa (e não a taxa de desconto) são ajustados ao risco e, então, descontados pela taxa livre de risco. Trata-se do conceito de “equivalente à certeza”, segundo o qual um fluxo de caixa com incertezas é substituído pelo menor fluxo certo equivalente pelo qual o avaliador trocaria o fluxo original. Por exemplo, se você se sentir indiferente perante a 50% de chances de ganhar R$ 10 milhões ou ganhar R$ 3 milhões sem apostas, o equivalente à certeza do fluxo incerto (50% de chances de ganhar R$ 10 milhões) é R$ 3 milhões. No artigo, além de discutir as metodologias, dou exemplos de aplicações.

No 3º artigo da série, mostro e demonstro que a fórmula tradicional dos livros para o WACC (Custo Médio Ponderado de Capital) não é sempre válida. Em rigor, na maioria das vezes não está correta e pode, ao melhor conceito, ser interpretada como uma aproximação para o mundo real. Em particular, explico que para empresas que pagam juros sobre capital próprio, a fórmula acurada do WACC fica conforme abaixo (leia o artigo para entender o que cada variável da fórmula significa). Esse é um dos meus artigos preferidos dessa série!