Venezuela x Guiana: Quais os riscos para os investidores brasileiros?

 | 08.12.2023 14:38

A América do Sul, historicamente um continente repleto de oportunidades e desafios, pode se tornar palco de um conflito entre Venezuela e Guiana Inglesa. Enquanto o país governado pelo ditador Nicolás Maduro luta contra desafios políticos e econômicos, a Guiana Inglesa emerge como um novo destino promissor para investimentos, especialmente nas áreas de petróleo e mineração. 

Dentro deste cenário, nos últimos dias recebemos a notícia de que o povo venezuelano aprovara, em referendo, a anexação do território da Guiana, conhecido por lá como Essequibo - o resultado, obviamente, é questionável uma vez que o país vive sob uma ditadura há vários anos. 

Contudo, esta é uma discussão antiga ainda que pouca gente tenha ouvido falar disso antes de toda esta repercussão. 

O conflito remonta ao século XIX e envolve uma disputa territorial no qual a Venezuela reivindica uma grande parte do território da Guiana, conhecida como Guiana Essequibo, alegando que o acordo de fronteira de 1899 entre a Grã-Bretanha (que então governava a Guiana) e a Venezuela foi injusto. 

As tensões entre os dois países têm variado ao longo dos anos, com períodos de escalada e apaziguamento. A descoberta de petróleo na região exacerbou o conflito em tempos recentes, aumentando os interesses econômicos em jogo.

E, aparentemente, esse movimento recente pode gerar consequências bem sérias na região, inclusive para o Brasil. 

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reafirmou a posição de que a Guiana tem soberania total sobre a região do Essequibo e entre os dias 6 e 7 de dezembro os norte-americanos iniciaram um exercício militar na Guiana a fim de demonstrar sua “presença” na região. 

Obviamente. A ExxonMobil (NYSE:XOM), uma gigante estadunidense, é uma das principais petroleiras do país e, sem dúvidas, terá o apoio de seu país nesta questão. 

O Brasil, por sua vez, tem adotado uma postura cautelosa até o momento. 

Celso Amorim, durante uma visita a Caracas, expressou as preocupações do governo brasileiro com as tensões e ressaltou a importância do uso da política e não da força para a resolução de conflitos. 

Além disso, o exército brasileiro iniciou um movimento de aumento de presença militar na fronteira com a Venezuela e a Guiana, enviando veículos blindados e tropas para Boa Vista, capital do estado de Roraima. 

Em outras palavras, vamos torcer para que o referendo de Maduro seja apenas um blefe, um movimento político. 

Caso não seja, podemos ter problemas na economia e, em caso de uma escalada para guerra, teremos que enviar tropas para o conflito, o que custaria caro e colocaria o Brasil em uma situação bastante delicada do ponto de vista financeiro. 

Dado este contexto, como ficam os investidores no Brasil?

Sem dúvidas, os riscos aumentam. 

O Arcabouço Fiscal apresentado pelo governo e a situação atual das finanças públicas não colocam o país em uma situação confortável para realizar investimentos em equipamentos militares, por exemplo. 

Seria preciso emitir novas dívidas para que esta conta pudesse ser paga e isso afetaria o cenário de inflação mais benigna fazendo com que o Banco Central precisasse aumentar a Selic ao invés de reduzir.   

Mas este é apenas um dos exemplos hipotéticos que eu poderia citar. 

Um conflito na região, sem dúvidas, não é saudável para a economia e para a estabilidade de nenhum país próximo. 

O Brasil, dada a sua posição de liderança na América Latina, poderia sofrer com efeitos mais duros ainda. 

É esperar para ver. 

Do lado do investidor, a dica é: diversificação internacional. 

Eu mesma já falei sobre este assunto inúmeras vezes neste espaço. Ter uma parcela da sua carteira com exposição a ativos de outros países é uma das maneiras mais eficientes de diversificação. 

Isto porque ter investimentos em países como Estados Unidos e Alemanha, por exemplo, traz uma descorrelação mais acentuada do Brasil e ajuda a manter os recursos protegidos. 

Se você ainda não faz este tipo de investimento, sugiro que comece a buscar informações sobre o assunto e comece o quanto antes. 

Mesmo que o conflito não ganhe escala, gestores de diversas correntes defendem que a internacionalização deveria ser cultural entre os investidores brasileiros, o que infelizmente, ainda não ocorre. 

Caso queira saber mais sobre o tema, no meu perfil aqui no Investing você pode encontrar alguns materiais a respeito disso.  

Até a próxima e bons negócios!

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