Via Varejo: Quer Pagar Quanto?

 | 21.05.2019 11:11

Hoje irei falar sobre a Via Varejo (SA:VVAR3), pois muitos investidores têm me perguntado sobre a empresa e se vale a pena investir nas ações.

Indo direto ao ponto: a minha resposta é negativa. Não vale a pena investir na Via Varejo neste momento e pretendo explicar os meus motivos.

Perfil das ações da Via Varejo (VVAR3)

As ações da Via Varejo (VVAR3) estão listadas no Novo Mercado, representam 0,142 por cento do Ibovespa, com valor de mercado de 5,3 bilhões de reais e volume médio negociado de 35 milhões de reais

Os principais acionistas são: Grupo Pão de Açúcar (SA:PCAR4) (GPA), com 36,27 por cento de participação, a família Klein, com 25,25 por cento e fundos da XP Investimento com 1,8 por cento do capital da Via Varejo. As ações em livre circulação no mercado (free float) representam 38,46 por cento do total das ações.

Call de evento

O mercado financeiro gosta bastante de uma fofoca e de um evento societário nas empresas da bolsa de valores. Os jornalistas adoram antecipar os eventos societários e dar o furo na notícia. O tal “senhor Fontes” é muito famoso no mercado nesses momentos: “de acordo com fontes do mercado tal empresa estaria à venda”.

Eventos, por definição, são sempre binários, ou seja, podem acontecer ou não. É muito difícil precisar quando eles irão ocorrer.

No caso de Via Varejo, o evento é a venda da participação do Grupo Pão de Açúcar (GPA) no capital da empresa. Quem comprar assume o controle da empresa e poderá mudar a estratégia da Via Varejo, que ficou um pouco para trás na concorrência. A participação do GPA na Via Varejo está à venda desde 2016.

Caminho livre: mudança na “pílula de veneno”

O Conselho de Administração da Via Varejo alterou a “pílula de veneno” do seu estatuto social, o que facilita o processo de venda de participação do GPA, pois qualquer acionista que atingir 20 por cento do capital social da Via Varejo não precisa mais fazer uma oferta pública de aquisição (OPA).

Assim, o caminho está livre para o GPA vender a sua participação na Via Varejo. O caminho está livre para o “casamento”. Os bancos de investimentos já foram contratados para “arrumar a noiva”. Resta saber se o pretendente vai mesmo fazer a proposta de casamento com a Via Varejo.

O fundador da Casas Bahia pode estar voltando

O empresário Michael Klein (fundador das Casas Bahia) e a XP Investimentos estudam a aquisição das ações que o Grupo Pão de Açúcar (GPA) detém na Via Varejo, informação que foi confirmada pela empresa.

Via Varejo ficou para trás no varejo eletrônico

A Via Varejo é uma das maiores varejistas de produtos eletrônicos, dona das marcas Pontofrio e Casas Bahia.

As vendas brutas (GMV) da Via Varejo totalizaram 1,7 bilhão de reais no primeiro trimestre de 2019, crescimento de apenas 1,7 por cento, abaixo das suas principais concorrentes (B2W (SA:BTOW3) com crescimento de 15 por cento e Magazine Luiza (SA:MGLU3) com aumento de 28 por cento).

Na Via Varejo as vendas por meio do marketplace representam 21 por cento do GMV (62 por cento para a B2W e 41 por cento para a Magazine Luiza).

A Via Varejo apresentou fraco desempenho nas vendas mesmas lojas, com queda de 1,9 por cento no primeiro trimestre.

Sob nova direção

O atual presidente (CEO) da Via Varejo é também o presidente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Peter Esterman.

A Via Varejo precisa crescer pelas suas próprias pernas, com um controlador que defina muito bem a estratégia de crescimento no varejo eletrônico.

Eu não tenho bola de cristal

Sendo bem direto, eu não tenho a menor ideia quem será o comprador da participação do GPA na Via Varejo e quando este evento irá ocorrer.

Tudo indica que o novo controlador da Via Varejo pode ser o antigo fundador das Casas Bahia, mas podem aparecer outros investidores interessados através de fundos de investimento.

Em todo caso, esse evento deve destravar valor na ação, pois a empresa sob nova direção vai focar no crescimento do varejo eletrônico.

Conclusão

Eu acredito que a relação entre o retorno e o risco do investimento nas ações da Via Varejo não está favorável no momento. Eu não compraria as ações da Via Varejo apenas com base no evento societário de troca de controle.

A empresa ainda precisa arrumar a casa, fazer os investimentos necessários para melhorar a experiência do usuário e diminuir a diferença para os concorrentes em termos de tecnologia, especialmente B2W e Magazine Luiza.

O novo controlador, quando definido, terá muito trabalho a fazer, pois a Via Varejo enfrentou muitos problemas de tecnologia na última Black Friday, uma data importante para o varejo eletrônico.

Eu gosto muito do setor de varejo eletrônico, que tem enorme potencial de crescimento, mas que precisa de muito investimento e prazo para obter o retorno esperado, num cenário de intensa competição e movimentos disruptivos.

Se as ações da Via Varejo estivessem numa corrida de Fórmula 1, o seu carro estaria largando do box, com o piloto reserva e sem saber qual é o chefe da equipe.

A Via Varejo pode ganhar até a corrida, mas existem outras equipes mais preparadas e favoritas (ex: B2W e Magazine Luiza) para chegar ao pódio.

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