Xadrez Político

 | 29.08.2017 09:01

O míssil lançado pela Coreia do Norte no mar do Japão eleva a tensão geopolítica nos mercados internacionais, embutindo perdas aceleradas nas bolsas nesta manhã e intensificando a busca por proteção em ativos seguros. Esse sentimento lá fora tende a recrudescer a expectativa pela segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, trazendo também nervosismo aos negócios locais.

A troca de peças em Brasília com a viagem de Temer à China eleva a expectativa de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Enquanto o presidente busca atrair mais investimentos chineses ao Brasil, para onde retorna apenas no dia 6 de setembro, o comando do país fica com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que perde a chance de tocar uma delicada pauta de votações.

Há quem diga que Janot não deve fazer a desfeita de mandar uma nova denúncia contra Temer enquanto o presidente está voando para a China, onde acontece a reunião de cúpula dos Brics. Mas o procurador-geral deixa o cargo no dia 17 do mês que vem e corre contra o tempo para apresentar nova denúncia contra Temer nesta ou na próxima semana. É possível, portanto, que Temer esteja ainda na China quando a denúncia for apresentada.

Ainda mais após a nova denúncia apresentado por Janot contra o líder do governo no Congresso, o senador Romero Jucá. Desta vez, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato. Na semana passada, Jucá foi denunciado em um desdobramento da Operação Zelotes e também por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Transpetro.

Assim, enquanto os investidores aguardam a aprovação final da nova taxa de juros de longo prazo (TLP) e a votação sobre a mudança das metas fiscais, Janot movimenta as peças do tabuleiro de xadrez para avançar novamente contra "rei" Temer, salvo no início deste mês pelos "súditos" na Câmara. A nova denúncia pode atrapalhar a agenda do governo no Congresso, que tem prazo apertado, e pode evidenciar a perda de fidelidade dos aliados.

Hoje, os deputados devem retomar a discussão sobre a reforma política e avançar no programa de parcelamento de dívidas (Refis), com a presidência da Câmara sendo assumida de forma interina pelo deputado André Fufuca (PP-MA). Por ora, o governo concentra esforços na aprovação das novas metas fiscais de 2017 a 2020, hoje, e na criação da nova taxa de juros de longo prazo (TLP), amanhã.

O agora presidente interino da República, Rodrigo Maia, afirmou que seguirá articulando com os parlamentares para aprovar as reformas mesmo distante da Câmara, mas a falta de experiência de Fufuca, deputado de 28 anos e no primeiro mandato, pode ser risco à expectativa de "parceria" do governo com o Congresso nesta semana. Ainda mais diante de votações tão importantes.

Em contraponto à agenda política intensa, o calendário econômico doméstico desta terça-feira segue fraco. Entre os indicadores, saem a sondagem da indústria em agosto (8h), o índice de preços ao produtor em julho (9h) e o resultado das contas públicas (governo central) no mês passado (14h30).

No exterior, as poucas sinalizações dos banqueiros centrais Janet Yellen (Federal Reserve, Fed) e Mario Draghi (Banco Central Europeu, BCE) deixam os mercados internacionais com oscilações menos claras e direcionais, à espera de dados econômicos relevantes nos próximos dias. Hoje, destaque apenas para a confiança do consumidor norte-americano em agosto (11h).

A combinação desastrosa da tempestade tropical Harvey com o novo teste com míssil norte-americano espalha perdas entre as bolsas, com quedas de mais de 1% na Europa e sinalização de um mergulho profundo em Wall Street, em meio aos receios quanto à reação do presidente norte-americano Donald Trump após a nova provocação de Pyonyang. Com isso, o ouro é tido como refúgio, assim como o franco suíço e o iene.

O Japão chamou a última investida de Kim Jong Un de uma "ameaça sem precedentes, grave e séria", o que pode levar a ações mais firmes por parte dos aliados no Ocidente. O novo míssil que sobrevoou o território japonês traz de volta à tona a possibilidade de confronto entre EUA e a Coreia do Norte, reduzindo as chances de negociações diplomáticas. Nesse ambiente, os investidores montam posições defensivas.

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