Abiove considera alta no consumo de diesel do país em projeções sobre biodiesel

Reuters

Publicado 07.03.2023 12:29

Atualizado 07.03.2023 13:02

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O consumo de diesel do Brasil deverá crescer em 2023, dando sustentação para a produção de biodiesel, utilizado na mistura do combustível fóssil vendido nos postos brasileiros, segundo avaliação da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Em sua previsão inicial, a Abiove considerava em projeções de demanda de soja --principal matéria-prima do biodiesel no Brasil-- uma mistura do biocombustível de 15% no diesel a partir de março, conforme cronograma previsto em resolução anterior do governo.

Mas a perspectiva é de uma decisão sobre a mistura em março, para valer somente a partir de abril. E mesmo o setor produtivo rebaixou suas expectativa sobre o aumento do percentual de biodiesel. A proposta é de uma alta gradual ante o patamar atual de 10%, com o B15 se tornando possível somente em 2024.

Em fevereiro deste ano, a Abiove junto com a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) enviaram ao Ministério de Minas e Energia proposta de aumento da mistura até o B15 ocorrendo de forma gradual: 12% em abril, 13% em maio e junho, e 14% de julho de 2023 a fevereiro de 2024, com o B15 sendo então atingido em março do ano que vem.

Questionada se a adoção dessa proposta pelo governo eventualmente mudaria os números de demanda de soja no Brasil, visto que a previsão anterior considerava B15 em março, a Abiove indicou que os dados em processo de revisão não devem sofrer tantas mudanças em relação aos atuais, e um consumo mais forte de diesel foi apontado como fator.

Isso porque a Abiove também "considera um cenário de aumento do consumo de diesel", destacou o economista-chefe da associação, Daniel Amaral.

Uma decisão sobre a mistura de biodiesel é esperada para a próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no dia 17 de março.

O aumento gradual na mistura proposto pela indústria visa dar a previsibilidade necessária para que todos os setores se ajustem, acrescentou a Abiove.

O óleo de soja respondeu por mais de 65% da produção de biodiesel no Brasil em 2022.