Agrotoken estreia no Brasil pelo MT com foco no potencial do "barter" agrícola

Reuters

Publicado 19.10.2022 18:46

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A argentina Agrotoken, especializada na "tokenização" de commodities agrícolas, estreou operações no Brasil com a digitalização de 8 mil toneladas de grãos de Mato Grosso, e quer crescer em um primeiro momento aproveitando o grande mercado de "barter" do país, com a criptomoeda permitindo um aprimoramento das negociações de "trocas" de insumos por safras.

A companhia, que já "tokenizou" 250 mil toneladas de grãos na Argentina, projeta 1 milhão de toneladas para o Brasil em 2023, disseram executivos nesta quarta-feira, ao anunciar os planos que incluem uma parceria firmada com a Visa (BVMF:VISA34)(NYSE:V)para impulsionar os negócios com a utilização de cartão.

Neste início da operação brasileira, foram estabelecidos cinco polos de atuação em Mato Grosso para fomentar negociações envolvendo os ativos digitais, preliminarmente entre produtores, revendas de insumos e compradores de soja e milho.

"O token vai melhorar o 'barter', o produtor vai fazer o mesmo negócio, de forma mais barata, com menos burocracia e de fora mais eficiente", disse o CEO e cofundador da Agrotoken Eduardo Novillo Astrada, à Reuters.

Nessas operações de "barter", muito usadas para o produtor garantir os insumos para o plantio, com o compromisso de venda de parte da colheita futura, o produtor já usa sacas de soja ou milho como moeda, as quais, digitalizadas, podem dinamizar e otimizar os negócios, aposta a Agrotoken.

"O produtor já pensa em grãos, 40% das negociações são em 'barter', quando o produtor arrenda uma área, ele usa sacas de soja, o grão já atua como uma moeda, o token formaliza isso", exemplificou Astrada.

Nessa linha, ele acredita ser possível forte adesão à plataforma da Agrotoken nos próximos anos.

"Em dez anos, queremos ter 50% dos produtores com 40% de sua produção tokenizada", afirmou ele sobre planos para o Brasil.

Os executivos da companhia destacaram que os ativos da Agrotoken têm vantagens sobre outras criptomoedas, pois são fungíveis e inteiramente lastreados em produtos físicos.

Além disso, para o token ser emitido, não basta que o produto agrícola esteja armazenado, por exemplo. Ele precisa ter sido negociado, o que mantém compradores de grãos, como tradings, no processo.

"Queremos ajudar o mercado a evoluir", destacou o diretor da Agrotoken no Brasil, Anderson Nacaxe.

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"Não queremos vir chocando com o mercado, queremos vir junto, queremos obter a confiança do produtor", acrescentou ele, salientando que houve boa aceitação neste início.

Na primeira fase, a companhia, que cobra uma taxa pelo gerenciamento das negociações, vai ofertar tokens de soja, milho e trigo, e no futuro projeta de carnes e etanol.

Nacaxe comentou que em um primeiro momento as transações estarão restritas a produtores agrícolas, mas no futuro a ideia é que as pessoas na cidade ou empresas de serviços e comércio possam negociar utilizando os tokens, uma forma de se proteger, por exemplo, de oscilações de preços.

"Só vamos abrir a base para pessoas físicas quando o produtor rural estiver bem atendido", disse o executivo, que vislumbra, no futuro, um consumidor realizando compras cotidianas, como o pagamento por etanol nos postos com token.