Postura dura da China ante EUA em questões climáticas ameaça cúpula de Glasgow

Reuters

Publicado 15.09.2021 10:03

Por David Stanway e Muyu Xu

XANGAI (Reuters) - A recusa chinesa de aceitar pedidos por reduções maiores de emissões de carbono durante visitas recentes dos principais enviados do clima dos Estados Unidos e do Reino Unido pode minar o progresso na cúpula climática global marcada para Glasgow em novembro, disseram especialistas.

A China refutou o apelo do enviado norte-americano John Kerry para intensificar a meta de redução de emissões antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) ao dizer que o clima não pode ser separado de outros temas do relacionamento bilateral entre os dois países.

A mudança de tom da China nas relações climáticas entre os dois maiores emissores de gases de efeito estufa mina o ímpeto das conversas de Glasgow e contrasta com a cooperação dos dois países em 2015, que abriu caminho para o histórico Acordo de Paris sobre o Clima.

A China não se sente mais obrigada a cogitar pedidos de cortes maiores de emissões desde que o ex-presidente Donald Trump rejeitou os compromissos climáticos dos EUA --sobretudo ao retirar seu país do pacto de Paris--, especialmente depois que as relações entre as duas potências se deterioraram nos campos do comércio, direitos humanos e questões geopolíticas durante o mandato de Trump, segundo especialistas.

Pequim e Washington ainda têm um entendimento nas questões do clima, mas "o maior problema agora é a diferença nas posições políticas dos dois lados", disse Zou Ji, presidente da Energy Foundation China que integrou a delegação chinesa nas conversas de Paris em 2015.

"O equilíbrio de poder e influência dos dois lados mudou", disse.

Os EUA dizem que a China, a maior emissora mundial de gases de efeito estufa, não faz o suficiente, apesar de prometer zerar as emissões até 2060. Washington quer que os chineses se comprometam a atingir um pico de emissões mais cedo e que façam mais para cortar o consumo de carvão, uma das maiores fontes de gases de efeito estufa.

Mas a China argumenta que seus compromissos atuais são robustos.