China assina protocolo para importação de milho brasileiro

Reuters

Publicado 24.05.2022 10:05

Atualizado 24.05.2022 18:55

Por Dominique Patton e Ana Mano e Tom Polansek

PEQUIM/SÃO PAULO/CHICAGO (Reuters) - A autoridade alfandegária da China assinou um acordo com o Brasil para permitir a importação de milho brasileiro, informou o Ministério do Comércio nesta terça-feira, colocando uma possível ameaça a embarques do produto dos Estados Unidos.

O acordo entre os dois países, que buscam estreitar ainda mais os laços comerciais, ocorre com a China buscando substituir o milho que normalmente buscaria na Ucrânia, um importante exportador global, disseram analistas.

A guerra na Ucrânia interrompeu embarques do país do Mar Negro e afetou o comércio global, com importadores lutando por origens alternativas.

O acordo como Brasil pode reduzir as exportações dos EUA para a China e criar um novo competidor para importadores de milho brasileiro, que tem na União Europeia um cliente.

O acordo ajudou a pressionar os contratos futuros do milho negociados em Chicago.

"É um grande movimento", disse Terry Reilly, analista da Futures International. "É uma mudança no fluxo de comércio."

O acordo sobre os requisitos de quarentena para a importação do milho foi assinado durante as negociações entre as nações nesta semana e segue as compras recordes do cereal pela China no ano passado, depois que o mau tempo e a oferta apertada elevaram os preços domésticos.

O Brasil deverá ter uma produção recorde de milho em 2021/22, apesar de algumas intempéries, podendo voltar à posição de segundo maior exportador global do cereal, se não houver grandes alterações nas projeções da segunda safra, cuja colheita acaba de começar em Mato Grosso.

A associação de exportadores de cereais do Brasil, a Anec, prevê que levará cerca de três meses para o governo brasileiro revisar os requisitos fitossanitários para exportar milho para a China antes que os embarques possam começar, disse Sergio Mendes, diretor-geral do grupo.

As duas nações também concordaram com um protocolo para a exportação de amendoim brasileiro para a China, disse o ministério, e também avançaram em um acordo sobre proteína e farelo de soja.