Eneva fará proposta de R$7,5 bi por AES Tietê se tiver apoio do BNDESPar

Reuters

Publicado 23.07.2020 18:36

Atualizado 23.07.2020 21:15

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Eneva (SA:ENEV3) informou nesta quinta-feira que fará nova proposta em torno de 7,5 bilhões de reais para incorporar a AES Tietê, em uma operação envolvendo ações e dinheiro, desde que tenha apoio do BNDESPar, maior acionista da geradora que também tem como sócio o grupo norte-americano AES.

A oferta ocorre após o braço de participações do BNDES, dono de 28,4% da AES Tietê, ter contratado assessor financeiro para buscar interessados na aquisição de sua fatia na geradora. Mas a Eneva quer levar a empresa toda.

"Acreditamos que a nossa proposta seja a melhor. Sendo a melhor proposta que o BNDES recebe, aí colocaremos para a administração da AES", disse o diretor financeiro da Eneva, Marcelo Habibe, à Reuters.

Segundo ele, o banco ficaria com 8,3% da nova companhia. "Ele vai botar um pedaço de dinheiro no bolso, e uma quantidade de ações da Eneva."

A Eneva prevê pagar a transação com 130.498.292 novas ações ordinárias e uma parcela em dinheiro, no valor de 727,89 milhões de reais.

A nova oferta da Eneva, que tem como maiores acionistas o BTG Pactual (SA:BPAC11) e a Cambuhy Investimentos, representa um aumento de quase 1 bilhão de reais na comparação com a proposta anterior, rejeitada pela AES Tietê em abril. Mas a oferta prévia tinha uma parcela maior em dinheiro, de 2,75 bilhões de reais.

Procurada na noite de quinta-feira, a AES Tietê disse que no momento não vai se manifestar sobre o tema.

Se for aceita a proposta, os acionistas atuais da Eneva passariam a ter 70% da nova empresa, enquanto os acionistas da companhia hoje controlada pela AES passariam a ter 30%, comentou Habibe.

"A proposta da Eneva foi o evento de maior criação de valor para a AES Tietê. Se a nossa proposta sai ou não é aceita, esse valor todo deveria sumir, seria o evento de maior destruição de valor da AES Tietê", disse o executivo.

Ele argumentou que, se for bem sucedida, a Eneva continuará forte na exploração de gás nas bacias do Parnaíba, Amazonas, na geração de energia térmica, mas terá também um grande apetite em renováveis, ponto forte da AES Tietê.

A empresa disse ainda em fato relevante que relação de troca a ser proposta contemplaria a atribuição de um prêmio de 10% sobre o valor de mercado das duas companhias na data de 23 de julho, segundo a Eneva.

O papel da Eneva fechou esta quinta-feira com alta de 1,3%, a 52,17 reais, enquanto a ação da AES Tietê terminou praticamente estável, a 17,11 reais.