Governo envia Força Nacional de Segurança para área indígena com cultivo de soja no RS

Reuters

Publicado 20.10.2021 21:03

Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério da Justiça autorizou o envio da Força Nacional de Segurança Pública para a Terra Indígena Serrinha, no Rio Grande do Sul, onde duas pessoas foram mortas em uma disputa relacionada ao arrendamento de áreas para a produção de soja.

A Polícia Federal diz que está investigando as mortes, ocorridas no último sábado, no mais recente episódio de violência alimentado pela dissidência na comunidade relacionada à distribuição da renda oriunda dos arrendamentos.

Iuri de Oliveira, o delegado da Polícia Federal de Passo Fundo a cargo da investigação, disse à Reuters que Rosenildo Batista e Lucas Caetano, que moravam em Serrinha, foram mortos após serem expulsos da reserva por desentendimentos com o cacique local. Ele disse que a polícia identificou alguns suspeitos das mortes, mas ainda não fez nenhuma prisão.

Grupos de direitos humanos e membros da comunidade Kaingang, que habitam a Terra Indígena Serrinha, dizem que os assassinatos estão relacionados aos arrendamentos de terras para não indígenas. Na reserva, com área de 12 mil hectares, planta-se soja e também milho, trigo e feijão.

Com a oferta global de soja escassa e o Brasil vendendo grandes volumes para a China, a pressão é imensa para expandir as áreas com cultivo de grãos. O presidente Jair Bolsonaro, que tem apoio do agronegócio, é um incentivador da agricultura comercial em terras indígenas.

Em despacho publicado no Diário Oficial da União de terça-feira, o ministro da Justiça, Anderson Torres, autorizou o emprego da Força Nacional de Segurança Pública na Terra Indígena Serrinha, por 30 dias.

A Funai, órgão do governo para assuntos indígenas, disse que está monitorando a situação.

Embora alegadamente inconstitucional, o arrendamento de terras em Serrinha é permitido por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta, assinado em maio de 2019, entre a Funai, o Ministério Público Federal e a Cotriserra, uma cooperativa de trabalhadores rurais em Serrinha. O TAC tem por objetivo "promover a transição do modelo de utilização da Terra Indígena Serrinha, para que os contratos de arrendamento ou parcerias agrícolas dêem lugar à produção autônoma pela comunidade indígena".

Em nota, a regional Sul do Conselho Indigenista Missionário condenou os arrendamentos, dizendo que são "gatilho das violências" em função dos conflitos gerados pela falta de fiscalização pelas autoridades competentes.

"É indispensável que os órgãos públicos, federais e estaduais dediquem esforços para colocar fim às práticas criminosas de arrendamento das terras indígenas", afirmou.

Em uma carta pública no mês passado, um grupo de anciãos Kaingang acusou o chefe da tribo, Marciano Inacio Claudino, de não repartir o dinheiro pago pelos agricultores não índios pelo aluguel das terras, que monta a três sacas de soja por hectare arrendado.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Claudino disse à Reuters por telefone que não fez nada de errado e tem o apoio de 90% dos membros da comunidade da Serrinha.

Reportagem adicional de Anthony Boadle

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações